Portuguese Bible – BÍBLIA ON-LINE – Antigo Testamento

[Gênesis 1]
I. ORIGEM DO MUNDO E DA HUMANIDADE

1. A CRIAÇÃO

Gênesis 1

A HUMANIDADE, PONTO ALTO DA CRIAÇÃO
1. No princípio, Deus criou o céu e a terra.
2. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um
vento impetuoso soprava sobre as águas.
3. Deus disse: “Que exista a luz!” E a luz começou a existir.
4. Deus viu que a luz era boa. E Deus separou a luz das trevas:
5. à luz Deus chamou “dia”, e às trevas chamou “noite”. Houve uma tarde e
uma manhã: foi o primeiro dia.
6. Deus disse: “Que exista um firmamento no meio das águas para separar
águas de águas!”
7. Deus fez o firmamento para separar as águas que estão acima do
firmamento das águas que estão abaixo do firmamento. E assim se fez.
8. E Deus chamou ao firmamento “céu”. Houve uma tarde e uma manhã: foi o
segundo dia.
9. Deus disse: “Que as águas que estão debaixo do céu se ajuntem num só
lugar, e apareça o chão seco”. E assim se fez.
10. E Deus chamou ao chão seco “terra”, e ao conjunto das águas “mar”. E
Deus viu que era bom.
11. Deus disse: “Que a terra produza relva, ervas que produzam semente, e
árvores que dêem frutos sobre a terra, frutos que contenham semente, cada uma
segundo a sua espécie”. E assim se fez.
12. E a terra produziu relva, ervas que produzem semente, cada uma
segundo a sua espécie, e árvores que dão fruto com a semente, cada uma segundo a
sua espécie. E Deus viu que era bom.
13. Houve uma tarde e uma manhã: foi o terceiro dia.
14. Deus disse: “Que existam luzeiros no firmamento do céu, para separar
o dia da noite e para marcar festas, dias e anos;
15. e sirvam de luzeiros no firmamento do céu para iluminar a terra”. E
assim se fez.
16. E Deus fez os dois grandes luzeiros: o luzeiro maior para regular o
dia, o luzeiro menor para regular a noite, e as estrelas.
17. Deus os colocou no firmamento do céu para iluminar a terra,
18. para regular o dia e a noite e para separar a luz das trevas. E Deus
viu que era bom.
19. Houve uma tarde e uma manhã: foi o quarto dia.
20. Deus disse: “Que as águas fiquem cheias de seres vivos e os pássaros
voem sobre a terra, sob o firmamento do céu”.
21. E Deus criou as baleias e os seres vivos que deslizam e vivem na
água, conforme a espécie de cada um, e as aves de asas conforme a espécie de
cada uma. E Deus viu que era bom.
22. E Deus os abençoou e disse: “Sejam fecundos, multipliquem-se e encham
as águas do mar; e que as aves se multipliquem sobre a terra”.
23. Houve uma tarde e uma manhã: foi o quinto dia.
24. Deus disse: “Que a terra produza seres vivos conforme a espécie de
cada um: animais domésticos, répteis e feras, cada um conforme a sua espécie”. E
assim se fez.
25. E Deus fez as feras da terra, cada uma conforme a sua espécie; os
animais domésticos, cada um conforme a sua espécie; e os répteis do solo, cada
um conforme a sua espécie. E Deus viu que era bom.
26. Então Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que
ele domine os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as
feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra”.
27. E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os
criou homem e mulher.
28. E Deus os abençoou e lhes disse: “Sejam fecundos, multipliquem-se,
encham e submetam a terra; dominem os peixes do mar, as aves do céu e todos os
seres vivos que rastejam sobre a terra”.
29. E Deus disse: “Vejam! Eu entrego a vocês todas as ervas que produzem
semente e estão sobre toda a terra, e todas as árvores em que há frutos que dão
semente: tudo isso será alimento para vocês.
30. E para todas as feras, para todas as aves do céu e para todos os
seres que rastejam sobre a terra e nos quais há respiração de vida, eu dou a
relva como alimento”. E assim se fez.
31. E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo era muito bom. Houve uma
tarde e uma manhã: foi o sexto dia.

[Gênesis 2]Gênesis 2

1. Assim foram concluídos o céu e a terra com todo o seu exército.
2. No sétimo dia, Deus terminou todo o seu trabalho; e no sétimo dia, ele
descansou de todo o seu trabalho.
3. Deus então abençoou e santificou o sétimo dia, porque foi nesse dia
que Deus descansou de todo o seu trabalho como criador.
4a. Essa é a história da criação do céu e da terra.

A HUMANIDADE É O CENTRO DA CRIAÇÃO
4b. Quando Javé Deus fez a terra e o céu,
5. ainda não havia na terra nenhuma planta do campo, pois no campo ainda
não havia brotado nenhuma erva: Javé Deus não tinha feito chover sobre a terra e
não havia homem que cultivasse o solo
6. e fizesse subir da terra a água para regar a superfície do solo.
7. Então Javé Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou-lhe nas
narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivente.
8. Javé Deus plantou um jardim em Éden, no Oriente, e aí colocou o homem
que havia modelado.
9. Javé Deus fez brotar do solo todas as espécies de árvores formosas de
ver e boas de comer. Além disso, colocou a árvore da vida no meio do jardim, e
também a árvore do conhecimento do bem e do mal.
10. Um rio saía de Éden para regar o jardim, e de lá se dividia em quatro
braços.
11. O primeiro chama-se Fison: é aquele que rodeia toda a terra de
Hévila, onde existe ouro;
12. e o ouro dessa terra é puro, e nela se encontram também o bdélio e a
pedra de ônix.
13. O segundo rio chama-se Geon: ele rodeia toda a terra de Cuch.
14. O terceiro rio chama-se Tigre e corre pelo oriente da Assíria. O
quarto rio é o Eufrates.
15. Javé Deus tomou o homem e o colocou no jardim de Éden, para que o
cultivasse e guardasse.
16. E Javé Deus ordenou ao homem: “Você pode comer de todas as árvores do
jardim.
17. Mas não pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque
no dia em que dela comer, com certeza você morrerá”.
18. Javé Deus disse: “Não é bom que o homem esteja sozinho. Vou fazer
para ele uma auxiliar que lhe seja semelhante”.
19. Então Javé Deus formou do solo todas as feras e todas as aves do céu.
E as apresentou ao homem para ver com que nome ele as chamaria: cada ser vivo
levaria o nome que o homem lhe desse.
20. O homem deu então nome a todos os animais, às aves do céu e a todas
as feras. Mas o homem não encontrou uma auxiliar que lhe fosse semelhante.
21. Então Javé Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu. Tomou
então uma costela do homem e no lugar fez crescer carne.
22. Depois, da costela que tinha tirado do homem, Javé Deus modelou uma
mulher, e apresentou-a para o homem.
23. Então o homem exclamou: “Esta sim é osso dos meus ossos e carne da
minha carne! Ela será chamada mulher, porque foi tirada do homem!”
24. Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e
eles dois se tornam uma só carne.
25. Ora, o homem e sua mulher estavam nus, porém, não sentiam vergonha.

[Gênesis 3]2. AMBIGÜIDADE HUMANA E
GRAÇA DE DEUS

Gênesis 3

A ORIGEM DO MAL
1. A serpente era o mais astuto de todos os animais do campo que Javé
Deus havia feito. Ela disse para a mulher: “É verdade que Deus disse que vocês
não devem comer de nenhuma árvore do jardim?”
2. A mulher respondeu para a serpente: “Nós podemos comer dos frutos das
árvores do jardim.
3. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Vocês
não comerão dele, nem o tocarão, do contrário vocês vão morrer’ “.
4. Então a serpente disse para a mulher: “De modo nenhum vocês morrerão.

5. Mas Deus sabe que, no dia em que vocês comerem o fruto, os olhos de
vocês vão se abrir, e vocês se tornarão como deuses, conhecedores do bem e do
mal”.
6. Então a mulher viu que a árvore tentava o apetite, era uma delícia
para os olhos e desejável para adquirir discernimento. Pegou o fruto e o comeu;
depois o deu também ao marido que estava com ela, e também ele comeu.
7. Então abriram-se os olhos dos dois, e eles perceberam que estavam nus.
Entrelaçaram folhas de figueira e fizeram tangas.
8. Em seguida, eles ouviram Javé Deus passeando no jardim à brisa do dia.
Então o homem e a mulher se esconderam da presença de Javé Deus, entre as
árvores do jardim.
9. Javé Deus chamou o homem: “Onde está você?”
10. O homem respondeu: “Ouvi teus passos no jardim: tive medo, porque
estou nu, e me escondi”.
11. Javé Deus continuou: “E quem lhe disse que você estava nu? Por acaso
você comeu da árvore da qual eu lhe tinha proibido comer?”
12. O homem respondeu: “A mulher que me deste por companheira deu-me o
fruto, e eu comi”.
13. Javé Deus disse para a mulher: “O que foi que você fez?” A mulher
respondeu: “A serpente me enganou, e eu comi”.
14. Então Javé Deus disse para a serpente: “Por ter feito isso, você é
maldita entre todos os animais domésticos e entre todas as feras. Você se
arrastará sobre o ventre e comerá pó todos os dias de sua vida.
15. Eu porei inimizade entre você e a mulher, entre a descendência de
você e os descendentes dela. Estes vão lhe esmagar a cabeça, e você ferirá o
calcanhar deles”.
16. Javé Deus disse então para a mulher: “Vou fazê-la sofrer muito em sua
gravidez: entre dores, você dará à luz seus filhos; a paixão vai arrastar você
para o marido, e ele a dominará”.
17. Javé Deus disse para o homem: “Já que você deu ouvidos à sua mulher e
comeu da árvore cujo fruto eu lhe tinha proibido comer, maldita seja a terra por
sua causa. Enquanto você viver, você dela se alimentará com fadiga.
18. A terra produzirá para você espinhos e ervas daninhas, e você comerá
a erva dos campos.
19. Você comerá seu pão com o suor do seu rosto, até que volte para a
terra, pois dela foi tirado. Você é pó, e ao pó voltará”.
20. O homem deu à sua mulher o nome de Eva, por ser ela a mãe de todos os
que vivem.
21. Javé Deus fez túnicas de pele para o homem e sua mulher, e os vestiu.

22. Depois Javé Deus disse: “O homem se tornou como um de nós, conhecedor
do bem e do mal. Que ele, agora, não estenda a mão e colha também da árvore da
vida, e coma, e viva para sempre”.
23. Então Javé Deus expulsou o homem do jardim de Éden para cultivar o
solo de onde fora tirado.
24. Ele expulsou o homem e colocou diante do jardim de Éden os querubins
e a espada chamejante, para guardar o caminho da árvore da vida.

[Gênesis 4]Gênesis 4

O ROMPIMENTO DA FRATERNIDADE
1. O homem se uniu a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz Caim. E
disse: “Adquiri um homem com a ajuda de Javé”.
2. Depois ela também deu à luz Abel, irmão de Caim. Abel tornou-se pastor
de ovelhas e Caim cultivava o solo.
3. Depois de algum tempo, Caim apresentou produtos do solo como oferta a
Javé.
4. Abel, por sua vez, ofereceu os primogênitos e a gordura do seu
rebanho. Javé gostou de Abel e de sua oferta,
5. e não gostou de Caim e da oferta dele. Caim ficou então muito
enfurecido e andava de cabeça baixa.
6. E Javé disse a Caim: “Por que você está enfurecido e anda de cabeça
baixa?
7. Se você agisse bem, andaria com a cabeça erguida; mas, se você não age
bem, o pecado está junto à porta, como fera acuada, espreitando você. Por acaso,
será que você pode dominá-la?”
8. Entretanto, Caim disse a seu irmão Abel: “Vamos sair”. E quando
estavam no campo, Caim se lançou contra o seu irmão Abel e o matou.
9. Então Javé perguntou a Caim: “Onde está o seu irmão Abel?” Caim
respondeu: “Não sei. Por acaso eu sou o guarda do meu irmão?”
10. Javé disse: “O que foi que você fez? Ouço o sangue do seu irmão,
clamando da terra para mim.
11. Por isso você é amaldiçoado por essa terra que abriu a boca para
receber de suas mãos o sangue do seu irmão.
12. Ainda que você cultive o solo, ele não lhe dará mais o seu produto.
Você andará errante e perdido pelo mundo”.
13. Caim disse a Javé: “Minha culpa é grave e me atormenta.
14. Se hoje me expulsas do solo fértil, terei de esconder-me de ti,
andando errante e perdido pelo mundo; o primeiro que me encontrar, me matará”.

15. Javé lhe respondeu: “Quem matar Caim será vingado sete vezes”. E Javé
colocou um sinal sobre Caim, a fim de que ele não fosse morto por quem o
encontrasse.
16. Caim saiu da presença de Javé, e habitou na terra de Nod, a leste de
Éden.

PROGRESSO E VIOLÊNCIA
17. Caim se uniu à sua mulher, que concebeu e deu à luz Henoc. Caim
construiu uma cidade, e deu à cidade o nome de seu filho Henoc.
18. Henoc gerou Irad, e Irad gerou Maviael; Maviael gerou Matusael, e
Matusael gerou Lamec.
19. Lamec tomou para si duas mulheres: a primeira se chamava Ada e a
segunda se chamava Sela.
20. Ada deu à luz Jabel, que foi o antepassado dos pastores nômades.
21. Seu irmão se chamava Jubal, que foi o antepassado de todos os
tocadores de lira e flauta.
22. Sela, por sua vez, deu à luz Tubalcaim, que foi o antepassado de
todos os que forjam ferramentas de bronze e ferro. A irmã de Tubalcaim era
Noema.
23. Lamec disse para as suas mulheres: “Ada e Sela, ouçam minha voz;
mulheres de Lamec, escutem minha palavra: Por uma ferida, eu matarei um homem, e
por uma cicatriz matarei um jovem.
24. Se a vingança de Caim valia por sete, a de Lamec valerá por setenta e
sete”.
25. Adão se uniu à sua mulher; ela deu então à luz um filho, e lhe deu o
nome de Set, dizendo: “Deus me concedeu outro descendente no lugar de Abel, que
Caim matou”.
26. Set também teve um filho, a quem deu o nome de Enós. Este foi o
primeiro a invocar o nome de Javé.

[Gênesis 5]Gênesis 5

A SALVAÇÃO PRESENTE NA HISTÓRIA
1. Lista dos descendentes de Adão: Quando Deus criou Adão, ele o fez à
semelhança de Deus.
2. Homem e mulher ele os criou, os abençoou e lhes deu o nome de “Homem”,
no mesmo dia em que foram criados.
3. Quando Adão completou cento e trinta anos, gerou um filho à sua
semelhança e imagem, e lhe deu o nome de Set.
4. O tempo que Adão viveu, depois do nascimento de Set, foi de oitocentos
anos, e gerou filhos e filhas.
5. Ao todo, Adão viveu novecentos e trinta anos. E morreu.
6. Quando Set completou cento e cinco anos, gerou Enós.
7. Depois do nascimento de Enós, Set viveu oitocentos e sete anos, e
gerou filhos e filhas.
8. Ao todo, Set viveu novecentos e doze anos. E morreu.
9. Quando Enós completou noventa anos, gerou Cainã.
10. Depois do nascimento de Cainã, Enós viveu oitocentos e quinze anos, e
gerou filhos e filhas.
11. Ao todo, Enós viveu novecentos e cinco anos. E morreu.
12. Quando Cainã completou setenta anos, gerou Malaleel.
13. Depois do nascimento de Malaleel, Cainã viveu oitocentos e quarenta
anos, e gerou filhos e filhas.
14. Ao todo, Cainã viveu novecentos e dez anos. E morreu.
15. Quando Malaleel completou sessenta e cinco anos, gerou Jared.
16. Depois do nascimento de Jared, Malaleel viveu oitocentos e trinta
anos, e gerou filhos e filhas.
17. Ao todo, Malaleel viveu oitocentos e noventa e cinco anos. E morreu.

18. Quando Jared completou cento e sessenta e dois anos, gerou Henoc.
19. Depois do nascimento de Henoc, Jared viveu oitocentos anos, e gerou
filhos e filhas.
20. Ao todo, Jared viveu novecentos e sessenta e dois anos. E morreu.
21. Quando Henoc completou sessenta e cinco anos, gerou Matusalém.
22. Henoc andou com Deus. Depois do nascimento de Matusalém, Henoc viveu
trezentos anos, e gerou filhos e filhas.
23. Ao todo, Henoc viveu trezentos e sessenta e cinco anos.
24. Henoc andou com Deus e desapareceu, porque Deus o arrebatou.
25. Quando Matusalém completou cento e oitenta e sete anos, gerou Lamec.

26. Depois do nascimento de Lamec, Matusalém viveu setecentos e oitenta e
dois anos, e gerou filhos e filhas.
27. Ao todo, Matusalém viveu novecentos e sessenta e nove anos. E morreu.

28. Quando Lamec completou cento e oitenta e dois anos, gerou um filho.

29. Deu-lhe o nome de Noé, dizendo: “Este nos consolará do trabalho e do
cansaço de nossas mãos, causados pela terra que Javé amaldiçoou”.
30. Depois do nascimento de Noé, Lamec viveu quinhentos e noventa e cinco
anos, e gerou filhos e filhas.
31. Ao todo, Lamec viveu setecentos e setenta e sete anos. E morreu.
32. Quando Noé completou quinhentos anos, gerou Sem, Cam e Jafé.

[Gênesis 6]Gênesis 6

O AUGE DA CORRUPÇÃO
1. Quando os homens se multiplicaram sobre a terra e geraram filhas,
2. os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas, e
escolheram como esposas todas aquelas que lhes agradaram.
3. Javé disse: “Meu sopro de vida não permanecerá para sempre no homem,
pois ele é carne, e não viverá mais do que cento e vinte anos”.
4. Nesse tempo – isto é, quando os filhos de Deus se uniram com as filhas
dos homens e geraram filhos – os gigantes habitavam a terra. Esses foram os
heróis famosos dos tempos antigos.
5. Javé viu que a maldade do homem crescia na terra e que todo projeto do
coração humano era sempre mau.
6. Então Javé se arrependeu de ter feito o homem sobre a terra, e seu
coração ficou magoado.
7. E Javé disse: “Vou exterminar da face da terra os homens que criei, e
junto também os animais, os répteis e as aves do céu, porque me arrependo de os
ter feito”.
8. Noé, porém, encontrou graça aos olhos de Javé.

O JUSTO PRESERVA A VIDA
9. Eis a história de Noé. Noé era um homem justo, íntegro entre seus
contemporâneos, e andava com Deus.
10. Noé gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé.
11. A terra se corrompera diante de Deus e estava cheia de violência.
12. Deus viu a terra corrompida, porque todo homem da terra tinha se
corrompido em seu comportamento.
13. Então Deus disse a Noé: “Para mim, chegou o fim de todos os homens,
porque a terra está cheia de violência por causa deles. Vou destruí-los junto
com a terra.
14. Faça para você uma arca de madeira resinosa; divida em compartimentos
e calafete com piche, por dentro e por fora.
15. A arca deverá ter as seguintes dimensões: cento e cinqüenta metros de
comprimento, vinte e cinco de largura e quinze de altura.
16. No alto da arca, faça uma clarabóia de meio metro, como arremate.
Faça a entrada da arca pelo lado; e faça a arca em três andares superpostos.
17. Eu vou mandar o dilúvio sobre a terra, para exterminar todo ser vivo
que respira debaixo do céu: tudo o que há na terra vai perecer.
18. Mas com você eu vou estabelecer a minha aliança, e você entrará na
arca com sua mulher, seus filhos e as mulheres de seus filhos.
19. Tome um casal de cada ser vivo, isto é, macho e fêmea, e coloque-os
na arca, para que conservem a vida juntamente com você.
20. De cada espécie de aves, de cada espécie de animais, de cada espécie
de todos os répteis da terra, tome com você um casal, para os conservar vivos.

21. Quanto a você, ajunte e armazene todo tipo de alimento; isso vai
servir de alimento para você e para eles”.
22. E Noé fez tudo como Deus havia mandado.

[Gênesis 7]Gênesis 7

1. Javé disse a Noé: “Entre na arca com toda a sua família, porque você é
o único justo que encontrei nesta geração.
2. Tome sete pares, o macho e a fêmea, de todos os animais puros; tome um
casal, o macho e a fêmea, dos animais que não são puros;
3. e tome também sete pares, macho e fêmea, das aves do céu, para
perpetuarem a espécie sobre toda a terra.
4. Porque eu, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra durante
quarenta dias e quarenta noites, e eliminarei da face da terra todos os seres
que eu fiz”.
5. E Noé fez tudo como Javé havia mandado.

O RETORNO AO CAOS
6. Noé tinha seiscentos anos quando o dilúvio veio sobre a terra.
7. Noé, com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, entrou
na arca para escapar das águas do dilúvio.
8. Dos animais puros e impuros, das aves e dos répteis,
9. entrou um casal, macho e fêmea, na arca de Noé, conforme Deus havia
ordenado a Noé.
10. Depois de sete dias, veio o dilúvio sobre a terra.
11. Noé tinha seiscentos anos quando se arrebentaram as fontes do oceano
e se abriram as comportas do céu. Era exatamente o décimo sétimo dia do segundo
mês.
12. E a chuva caiu sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites.

13. Nesse mesmo dia, entraram na arca Noé e seus filhos Sem, Cam e Jafé,
com a mulher de Noé e as três mulheres de seus filhos;
14. e, com eles, as feras de toda espécie, animais domésticos de toda
espécie, répteis de toda espécie, pássaros de toda espécie, todas as aves, tudo
o que tem asas.
15. Com Noé entrou na arca um casal de tudo o que é criatura que tem
sopro de vida;
16. e os que entraram, eram um macho e uma fêmea de cada ser vivo,
conforme Deus havia ordenado. E Javé fechou a porta por fora.
17. Durante quarenta dias caiu o dilúvio sobre a terra. As águas subiram
e ergueram a arca, que ficou acima da terra.
18. As águas subiram e cresceram muito sobre a terra. E a arca flutuava
sobre as águas.
19. As águas subiam cada vez mais sobre a terra, até cobrirem as
montanhas mais altas que há debaixo do céu.
20. A água alcançou a altura de sete metros e meio acima das montanhas.

21. Pereceram todos os seres vivos que se movem sobre a terra: aves,
animais domésticos, feras, tudo o que vive sobre a terra e todos os homens.
22. Morreu então tudo o que tinha sopro de vida nas narinas, isto é, tudo
o que estava em terra firme.
23. Desapareceram todos os seres que estavam no solo, desde o homem até
os animais, os répteis e as aves do céu. Foram todos extintos da terra. Ficou
somente Noé e os que com ele estavam na arca.
24. E a enchente encobriu a terra durante cento e cinqüenta dias.

[Gênesis 8]Gênesis 8

A NOVA CRIAÇÃO
1. Então Deus se lembrou de Noé e de todas as feras e animais domésticos
que estavam com ele na arca. Deus fez soprar um vento sobre a terra, e as águas
baixaram.
2. As fontes do oceano e as comportas do céu se fecharam, a chuva parou
de cair,
3. e as águas, pouco a pouco, se retiraram da terra. As águas se
retiraram depois de cento e cinqüenta dias.
4. No décimo sétimo dia do sétimo mês, a arca encalhou sobre os montes de
Ararat.
5. E as águas continuaram escoando até o décimo mês, e no primeiro dia do
décimo mês apareceram os picos das montanhas.
6. No fim de quarenta dias, Noé abriu a clarabóia que tinha feito na
arca,
7. e soltou o corvo, que ia e vinha, esperando que as águas secassem
sobre a terra.
8. Então Noé soltou a pomba que estava com ele, para ver se as águas
tinham secado sobre a terra.
9. Ora, a pomba, não encontrando lugar para pousar, voltou para Noé na
arca, porque havia água sobre toda a superfície da terra. Noé estendeu a mão,
pegou-a e a fez entrar junto dele na arca.
10. Esperou mais sete dias, e soltou de novo a pomba fora da arca.
11. Ao entardecer, a pomba voltou para Noé, trazendo no bico um ramo novo
de oliveira. Desse modo, Noé ficou sabendo que as águas tinham escoado da
superfície da terra.
12. Noé esperou mais sete dias; e soltou novamente a pomba, que não
voltou mais.
13. Foi no ano seiscentos e um da vida de Noé, no primeiro dia do
primeiro mês, que as águas secaram sobre a terra. Noé abriu então a clarabóia da
arca, olhou e viu que a superfície do solo estava seca.
14. No vigésimo sétimo dia do segundo mês, a terra estava seca.
15. Então Deus disse a Noé:
16. “Saia da arca com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus
filhos.
17. Todos os seres vivos que estão com você, todos os animais, aves e
répteis, faça-os sair com você: que encham a terra, sejam fecundos e se
multipliquem na terra”.
18. Então Noé saiu com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus
filhos;
19. e todas as feras, animais domésticos, aves e répteis saíram da arca,
uma espécie depois da outra.
20. Noé construiu um altar para Javé, tomou animais e aves de toda
espécie pura e ofereceu holocaustos sobre o altar.
21. Javé aspirou o perfume, e disse consigo: “Nunca mais amaldiçoarei a
terra por causa do homem, porque os projetos do coração do homem são maus desde
a sua juventude. Nunca mais destruirei todos os seres vivos, como fiz.
22. Enquanto durar a terra, jamais faltarão semeadura e colheita, frio e
calor, verão e inverno, dia e noite”.

[Gênesis 9]Gênesis 9

1. Deus abençoou Noé e seus filhos, dizendo: “Sejam fecundos,
multipliquem-se e encham a terra.
2. Todos os animais da terra temerão e respeitarão vocês: as aves do céu,
os répteis do solo e os peixes do mar estão no poder de vocês.
3. Tudo o que vive e se move servirá de alimento para vocês. E a vocês eu
entrego tudo, como já lhes havia entregue os vegetais.
4. Mas não comam carne com o sangue, que é a vida dela.
5. Vou pedir contas do sangue, que é a vida de vocês; vou pedir contas a
qualquer animal; e ao homem vou pedir contas da vida do seu irmão.
6. Quem derrama o sangue do homem, terá o seu próprio sangue derramado
por outro homem. Porque o homem foi feito à imagem de Deus.
7. Quanto a vocês, sejam fecundos e se multipliquem, povoem e dominem a
terra”.

DEUS GARANTE A VIDA
8. Deus disse a Noé e a seus filhos:
9. “Eu estabeleço a minha aliança com vocês e com seus descendentes,
10. e com todos os animais que os acompanham: aves, animais domésticos e
feras, com todos os que saíram da arca e agora vivem sobre a terra.
11. Estabeleço minha aliança com vocês: de tudo o que existe, nada mais
será destruído pelas águas do dilúvio, e nunca mais haverá dilúvio para devastar
a terra”.
12. Deus disse: “Este é o sinal da aliança que coloco entre mim e vocês e
todos os seres vivos que estão com vocês, para todas as gerações futuras:
13. Colocarei o meu arco nas nuvens, e ele se tornará um sinal da minha
aliança com a terra.
14. Quando eu reunir as nuvens sobre a terra e o arco-íris aparecer nas
nuvens,
15. eu me lembrarei da minha aliança com vocês e com todos os seres
vivos. E o dilúvio não voltará a destruir os seres vivos.
16. Quando o arco-íris estiver nas nuvens, eu o verei e me lembrarei da
aliança eterna: aliança de Deus com todos os seres vivos, com tudo o que vive
sobre a terra”.
17. E Deus disse a Noé: “Este é o sinal da aliança que estabeleço com
tudo o que vive sobre a terra”.

BÊNÇÃO E MALDIÇÃO
18. Os filhos de Noé, que saíram da arca, foram estes: Sem, Cam e Jafé; e
Cam é o antepassado de Canaã.
19. Esses três foram os filhos de Noé, e a partir deles foi povoada a
terra inteira.
20. Noé, que era lavrador, plantou a primeira vinha.
21. Bebeu o vinho, embriagou-se e ficou nu dentro da tenda.
22. Cam, o antepassado de Canaã, viu seu pai nu e saiu para contar a seus
dois irmãos.
23. Sem e Jafé, porém, tomaram o manto, puseram-no sobre seus próprios
ombros e, andando de costas, cobriram a nudez do pai; como estavam de costas,
não viram a nudez do pai.
24. Quando Noé acordou da embriaguez, ficou sabendo o que seu filho mais
jovem tinha feito.
25. E disse: “Maldito seja Canaã. Que ele seja o último dos escravos para
seus irmãos”.
26. E continuou: “Seja bendito Javé, o Deus de Sem, e que Canaã seja
escravo de Sem.
27. Que Deus faça Jafé prosperar, que ele more nas tendas de Sem, e Canaã
seja seu escravo”.
28. Depois do dilúvio, Noé viveu trezentos e cinqüenta anos.
29. Ao todo, Noé viveu novecentos e cinqüenta anos. E morreu.

[Gênesis 10]Gênesis 10

A FAMÍLIA HUMANA
1. Esta é a descendência dos filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé, que tiveram
filhos depois do dilúvio.
2. Filhos de Jafé: Gomer, Magog, Madai, Javã, Tubal, Mosoc e Tiras.
3. Filhos de Gomer: Asquenez, Rifat e Togorma.
4. Filhos de Javã: Elisa, Társis, Cetim e Dodanim.
5. Foi destes que se separaram as populações das ilhas, cada qual segundo
o seu país, língua, família e nação.
6. Filhos de Cam: Cuch, Mesraim, Fut e Canaã.
7. Filhos de Cuch: Saba, Hévila, Sabata, Regma e Sabataca. Filhos de
Regma: Sabá e Dadã.
8. Cuch gerou Nemrod, que foi o primeiro valente na terra.
9. Foi um valente caçador diante de Javé, e é por isso que se diz: “Como
Nemrod, valente caçador diante de Javé”.
10. As capitais do seu reino foram Babel, Arac e Acad, cidades que estão
todas na terra de Senaar.
11. Dessa terra saiu Assur, que construiu Nínive, Reobot-Ir, Cale
12. e Resen, entre Nínive e Cale. Esta última é a maior.
13. Mesraim gerou os de Lud, de Anam, de Laab, de Naftu,
14. de Patros, de Caslu e de Cáftor; deste último surgiram os filisteus.

15. Canaã gerou Sídon, seu primogênito, depois Het,
16. e também o jebuseu, o amorreu, o gergeseu,
17. o heveu, o araceu, o sineu,
18. o arádio, o samareu e o emateu. Em seguida, as famílias dos cananeus
se dispersaram.
19. A fronteira dos cananeus ia de Sidônia, em direção a Gerara, até
Gaza; depois, em direção a Sodoma, Gomorra, Adama e Seboim, até Lesa.
20. Esses foram os filhos de Cam, segundo suas famílias e línguas, terras
e nações.
21. Sem, antepassado de todos os filhos de Héber e irmão mais velho de
Jafé, também teve descendência.
22. Filhos de Sem: Elam, Assur, Arfaxad, Lud e Aram.
23. Filhos de Aram: Hus, Hul, Geter e Mes.
24. Arfaxad gerou Salé, e Salé gerou Héber.
25. Héber teve dois filhos: o primeiro chamava-se Faleg, porque em seus
dias a terra foi dividida; o seu irmão chamava-se Jectã.
26. Jectã gerou Elmodad, Salef, Asarmot, Jaré,
27. Aduram, Uzal, Decla,
28. Ebal, Abimael, Sabá,
29. Ofir, Hévila e Jobab; todos esses são filhos de Jectã.
30. Eles habitavam desde Mesa até Sefar, a montanha do oriente.
31. Foram esses os filhos de Sem, conforme suas famílias e línguas, suas
terras e nações.
32. Foram essas as famílias dos descendentes de Noé, conforme suas
linhagens e nações. Foi a partir deles que as nações se dispersaram pela terra
depois do dilúvio.

[Gênesis 11]Gênesis 11

A PRETENSÃO DA CIDADE
1. O mundo inteiro falava a mesma língua, com as mesmas palavras.
2. Ao emigrar do oriente, os homens encontraram uma planície no país de
Senaar, e aí se estabeleceram.
3. E disseram uns aos outros: “Vamos fazer tijolos e cozê-los no fogo!”
Utilizaram tijolos em vez de pedras, e piche no lugar de argamassa.
4. Disseram: “Vamos construir uma cidade e uma torre que chegue até o
céu, para ficarmos famosos e não nos dispersarmos pela superfície da terra”.
5. Então Javé desceu para ver a cidade e a torre que os homens estavam
construindo.
6. E Javé disse: “Eles são um povo só e falam uma só língua. Isso é
apenas o começo de seus empreendimentos. Agora, nenhum projeto será irrealizável
para eles.
7. Vamos descer e confundir a língua deles, para que um não entenda a
língua do outro”.
8. Javé os espalhou daí por toda a superfície da terra, e eles pararam de
construir a cidade.
9. Por isso, a cidade recebeu o nome de Babel, pois foi aí que Javé
confundiu a língua de todos os habitantes da terra, e foi daí que ele os
espalhou por toda a superfície da terra.

ALVORADA DE UMA NOVA HISTÓRIA
10. Esta é a descendência de Sem: Quando Sem completou cem anos, gerou
Arfaxad, dois anos depois do dilúvio.
11. Depois do nascimento de Arfaxad, Sem viveu quinhentos anos, e gerou
filhos e filhas.
12. Quando Arfaxad completou trinta e cinco anos, gerou Salé.
13. Depois do nascimento de Salé, Arfaxad viveu quatrocentos e três anos,
e gerou filhos e filhas.
14. Quando Salé completou trinta anos, gerou Héber.
15. Depois do nascimento de Héber, Salé viveu quatrocentos e três anos, e
gerou filhos e filhas.
16. Quando Héber completou trinta e quatro anos, gerou Faleg.
17. Depois do nascimento de Faleg, Héber viveu quatrocentos e trinta
anos, e gerou filhos e filhas.
18. Quando Faleg completou trinta anos, gerou Reu.
19. Depois do nascimento de Reu, Faleg viveu duzentos e nove anos, e
gerou filhos e filhas.
20. Quando Reu completou trinta e dois anos, gerou Sarug.
21. Depois do nascimento de Sarug, Reu viveu duzentos e sete anos, e
gerou filhos e filhas.
22. Quando Sarug completou trinta anos, gerou Nacor.
23. Depois do nascimento de Nacor, Sarug viveu duzentos anos, e gerou
filhos e filhas.
24. Quando Nacor completou vinte e nove anos, gerou Taré.
25. Depois do nascimento de Taré, Nacor viveu cento e dezenove anos, e
gerou filhos e filhas.
26. Quando Taré completou setenta anos, gerou Abrão, Nacor e Arã.
27. Esta é a descendência de Taré: Taré gerou Abrão, Nacor e Arã. Arã
gerou Ló.
28. Arã morreu em Ur dos caldeus, sua terra natal, quando seu pai Taré
ainda estava vivo.
29. Abrão e Nacor se casaram: a mulher de Abrão chamava-se Sarai; a
mulher de Nacor era Melca, filha de Arã, que era o pai de Melca e Jesca.
30. Sarai era estéril e não tinha filhos.
31. Taré tomou seu filho Abrão, seu neto Ló, filho de Arã, e sua nora
Sarai, mulher de Abrão. Ele os fez sair de Ur dos caldeus para que fossem à
terra de Canaã; mas, quando chegaram a Harã, aí se estabeleceram.
32. Ao todo, Taré viveu duzentos e cinco anos, e depois morreu em Harã.

[Gênesis 12]II. ORIGEM DO POVO DE
DEUS

1. ABRAÃO, O HOMEM DA FÉ

Gênesis 12

VOCAÇÃO DE ABRÃO
1. Javé disse a Abrão: “Saia de sua terra, do meio de seus parentes e da
casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei.
2. Eu farei de você um grande povo, e o abençoarei; tornarei famoso o seu
nome, de modo que se torne uma bênção.
3. Abençoarei os que abençoarem você e amaldiçoarei aqueles que o
amaldiçoarem. Em você, todas as famílias da terra serão abençoadas”.
4. Abrão partiu conforme lhe dissera Javé. E Ló partiu com ele. Abrão
tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
5. Abrão levou consigo sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, todos os bens
que possuíam e os escravos que haviam adquirido em Harã. Partiram para a terra
de Canaã e aí chegaram.
6. Abrão atravessou a terra até o lugar santo de Siquém, no Carvalho de
Moré. Nesse tempo, os cananeus habitavam essa terra.
7. Javé apareceu a Abrão e lhe disse: “Eu darei esta terra à sua
descendência”. Abrão construiu aí um altar a Javé, que lhe havia aparecido.
8. Daí, passou para a montanha, a oriente de Betel, e armou sua tenda,
com Betel a oeste e Hai a leste. E aí construiu um altar a Javé e invocou o nome
de Javé.
9. Depois, de acampamento em acampamento, Abrão foi para o Negueb.

DEUS LIBERTA O OPRIMIDO
10. Houve uma carestia no país e, como a fome apertava, Abrão desceu ao
Egito para aí morar.
11. Quando estava chegando ao Egito, Abrão disse à sua mulher Sarai:
“Olhe! Eu sei que você é uma mulher muito bonita.
12. Quando os egípcios virem você, vão dizer: ‘É a mulher dele’. E me
matarão, deixando você viva.
13. Diga, por favor, que você é minha irmã, para que eles me tratem bem
por sua causa e, assim, graças a você, eles me deixarão vivo”.
14. De fato, quando Abrão chegou ao Egito, os egípcios viram que sua
mulher era muito bonita.
15. Os oficiais do Faraó viram Sarai e a elogiaram muito diante dele; e
Sarai foi levada para o palácio do Faraó.
16. Este, por causa de Sarai, tratou bem a Abrão: ele recebeu ovelhas,
bois, jumentos, escravos, servas, jumentas e camelos.
17. Javé, porém, feriu o Faraó e sua corte com graves doenças, por causa
de Sarai, mulher de Abrão.
18. Então o Faraó chamou Abrão, e lhe disse: “O que foi que você me fez?
Por que não me declarou que ela era sua mulher?
19. Por que me disse que era sua irmã? Eu a tomei como esposa. Olhe bem!
Se ela é sua mulher, tome-a e vá embora”.
20. O Faraó confiou Abrão, junto com sua mulher e tudo o que possuía, a
vários homens, que os levaram até a fronteira.

[Gênesis 13]Gênesis 13

ABERTO PARA UM NOVO PROJETO
1. Abrão subiu do Egito para o Negueb, com sua mulher, seus bens e com
Ló.
2. Abrão era muito rico em rebanhos, prata e ouro.
3. Do Negueb, ele se transferiu, em etapas, para Betel, no lugar onde
outrora havia acampado, entre Betel e Hai,
4. no lugar onde tinha construído um altar. E invocou aí o nome de Javé.

5. Ló, que acompanhava Abrão, também possuía ovelhas, bois e tendas,
6. de modo que não podiam viver juntos na terra, porque suas posses eram
tão grandes que não podiam morar juntos.
7. Por isso, houve discussões entre os pastores de Abrão e os de Ló.
Nesse tempo, os cananeus e ferezeus habitavam nessa terra.
8. Abrão disse a Ló: “Não haja discussões entre nós, nem no meio de
nossos pastores, porque somos irmãos.
9. A terra inteira está diante de você. Por isso lhe peço que se separe
de mim. Se você for para a esquerda, eu irei para a direita; se você for para a
direita, eu irei para a esquerda”.
10. Ló ergueu os olhos e viu que o vale do Jordão, até a entrada de
Segor, era todo irrigado; isso antes que Javé destruísse Sodoma e Gomorra:
parecia o jardim de Javé ou o Egito.
11. Ló escolheu para si todo o vale do Jordão e emigrou para o oriente. E
assim os dois irmãos se separaram.
12. Abrão morou em Canaã, e Ló nas cidades do vale, armando suas tendas
até Sodoma.
13. Os habitantes de Sodoma eram grandes criminosos e pecavam contra
Javé.
14. Javé disse a Abrão, depois que Ló se separou dele: “Erga os olhos, e
aí, do lugar onde você está, olhe para o norte e para o sul, para o oriente e
para o ocidente.
15. Eu darei toda a terra que você está vendo, a você e à sua
descendência, para sempre.
16. Tornarei a sua descendência como a poeira da terra: quem puder contar
os grãos de poeira da terra, poderá contar seus descendentes.
17. Levante-se, e percorra esta terra no seu comprimento e na sua
largura, pois eu a darei a você”.
18. Abrão levantou a tenda e foi estabelecer-se junto ao Carvalho de
Mambré, que está em Hebron, e aí construiu um altar em honra de Javé.

[Gênesis 14]Gênesis 14

A TERRA QUE DEUS DARÁ
1. No tempo de Amrafel, rei de Senaar, e de Arioc, rei de Elasar, e de
Codorlaomor, rei de Elam, e de Tadal, rei das nações,
2. todos estes fizeram guerra contra Bara, rei de Sodoma, contra Bersa,
rei de Gomorra, contra Senaab, rei de Adama, contra Semeber, rei de Seboim, e
contra o rei de Bela, que é Segor.
3. Estes últimos se reuniram no vale de Sidim, que é o mar Morto.
4. Durante doze anos eles tinham ficado submetidos a Codorlaomor, mas no
décimo terceiro ano se revoltaram.
5. No décimo quarto ano, veio Codorlaomor com os reis aliados a ele, e
derrotou os rafaítas em Astarot Carnaim, os zuzim em Ham, os emim na planície de
Cariataim,
6. e os horitas nas montanhas de Seir, até El-Farã, na margem do deserto.

7. Depois, voltaram e foram à Fonte do Julgamento, que é Cades;
conquistaram todo o território dos amalecitas e amorreus, que habitavam
Asasontamar.
8. Então os reis de Sodoma, de Gomorra, de Adama, de Seboim e de Bela,
que é Segor, fizeram uma expedição e se apresentaram no vale de Sidim para
batalhar
9. contra Codorlaomor, rei de Elam, contra Tadal, rei das nações, contra
Amrafel, rei de Senaar, e contra Arioc, rei de Elasar. Eram cinco reis contra
quatro.
10. Ora, o vale de Sidim estava cheio de poços de betume. Ao fugir, o rei
de Sodoma e o rei de Gomorra caíram neles; os outros se refugiaram na montanha.

11. Os vencedores saquearam todos os bens de Sodoma e Gomorra, assim como
todos os seus mantimentos, e foram embora.
12. Levaram também Ló, sobrinho de Abrão, e seus bens, e se foram. Ló
morava em Sodoma.
13. Um fugitivo foi informar Abrão, o hebreu, que habitava no Carvalho do
amorreu Mambré, irmão de Escol e de Aner, aliados de Abrão.
14. Quando Abrão soube que seu parente fora levado prisioneiro, reuniu
seus aliados e familiares, em número de trezentos e dezoito, e perseguiu os
inimigos até Dã.
15. Dividiu a tropa e os atacou de noite, derrotando-os e perseguindo-os
até Hoba, ao norte de Damasco.
16. Recuperou todos os bens e trouxe também seu irmão Ló, junto com os
bens, as mulheres e a tropa deste.

A JUSTIÇA QUE DEUS QUER
17. Quando Abrão voltou, depois de ter derrotado Codorlaomor e os reis
aliados, o rei de Sodoma foi ao seu encontro no vale de Save, que é o vale do
rei.
18. Melquisedec, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, levou pão e
vinho,
19. e abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo,
que criou o céu e a terra;
20. e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os inimigos a você”. E
Abrão lhe deu a décima parte de tudo.
21. O rei de Sodoma disse a Abrão: “Dê-me as pessoas e fique com os
bens”.
22. Mas Abrão respondeu ao rei de Sodoma: “Juro por Javé, o Deus
Altíssimo, que criou o céu e a terra:
23. não aceitarei nem mesmo um fio, ou correia de sandália, daquilo que
pertence a você, para que depois você não diga que enriqueceu Abrão.
24. Não quero nada para mim. Aceito apenas o que meus servos comeram e a
parte de Aner, Escol e Mambré, que me acompanharam; que eles peguem a parte
deles”.

[Gênesis 15]Gênesis 15

ACREDITAR É CONFIAR
1. Depois desses acontecimentos, Javé dirigiu a palavra a Abrão, através
de uma visão: “Não tenha medo, Abrão! Eu sou o seu escudo, e sua recompensa será
muito grande”.
2. Abrão respondeu: “Senhor Javé, o que me darás? Continuo sem filho, e
Eliezer de Damasco será o herdeiro da minha casa!”
3. E acrescentou: “Como não me deste descendência, um dos servos de minha
casa é que será o meu herdeiro!”
4. Então Javé dirigiu esta palavra a Abrão: “O seu herdeiro não será
esse, mas alguém que sair do sangue de você”.
5. Depois Javé conduziu Abrão para fora, e disse: “Erga os olhos ao céu e
conte as estrelas, se puder”. E acrescentou: “Assim será a sua descendência”.

6. Abrão acreditou em Javé, e isso lhe foi creditado como justiça.
7. Javé disse a Abrão: “Eu sou Javé, que fez você sair de Ur dos caldeus,
para lhe dar esta terra como herança”.
8. Abrão respondeu: “Senhor Javé, como vou saber que irei possuí-la?”
9. Javé lhe disse: “Traga-me uma novilha de três anos, uma cabra de três
anos, um cordeiro de três anos, uma rola e uma pombinha”.
10. Abrão levou a Javé todos esses animais, partiu-os pelo meio e colocou
cada metade na frente da outra; mas não partiu as aves.
11. As aves de rapina desciam sobre os cadáveres e Abrão as enxotava.
12. Quando o sol ia se pondo, um torpor caiu sobre Abrão, e ele sentiu
muito medo.
13. Javé disse a Abrão: “Saiba com certeza que seus descendentes viverão
como estrangeiros numa terra que não será a deles. Aí nessa terra eles ficarão
como escravos e serão oprimidos durante quatrocentos anos.
14. Mas eu vou julgar a nação à qual eles vão servir, e depois eles
sairão com muitos bens.
15. Quanto a você, irá reunir-se em paz com seus antepassados e será
sepultado após uma velhice feliz.
16. É na quarta geração que seus descendentes voltarão para cá, porque
até lá o crime dos amorreus terá chegado ao máximo”.
17. Quando o sol se pôs e veio a noite, uma labareda fumegante e uma
tocha de fogo passaram entre os animais divididos.
18. Nesse dia, Javé estabeleceu uma aliança com Abrão nestes termos: “À
sua descendência eu darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o
Eufrates:
19. os quenitas, cenezeus, cadmoneus,
20. heteus, ferezeus, rafaítas,
21. amorreus, cananeus, gergeseus e jebuseus”.

[Gênesis 16]Gênesis 16

A PROMESSA É UM DESAFIO
1. Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; mas tinha uma escrava
egípcia chamada Agar.
2. Então Sarai disse a Abrão: “Javé não me deixa ter filhos: una-se à
minha escrava para ver se ela me dá filhos”. Abrão aceitou a proposta de Sarai.

3. Dez anos depois que Abrão se estabeleceu na terra de Canaã, sua mulher
Sarai tomou sua escrava, a egípcia Agar, e a entregou como mulher a seu marido
Abrão.
4. Este se uniu a Agar, que ficou grávida. Vendo que estava grávida, Agar
perdeu o respeito para com Sarai.
5. Então Sarai disse a Abrão: “Você é responsável por essa injustiça.
Coloquei em seus braços minha escrava, e ela, vendo-se grávida, não me respeita
mais. Que Javé seja nosso Juiz”.
6. Abrão disse a Sarai: “Muito bem. Sua escrava está em suas mãos.
Trate-a como você achar melhor”. Sarai maltratou de tal modo Agar, que ela fugiu
de sua presença.
7. O anjo de Javé encontrou Agar junto a uma fonte no deserto, a fonte
que está no caminho de Sur.
8. E lhe disse: “Agar, escrava de Sarai, de onde você vem e para onde
vai?” Agar respondeu: “Estou fugindo de minha patroa Sarai”.
9. O anjo de Javé lhe disse: “Volte para sua patroa e seja submissa a
ela”.
10. E o anjo de Javé acrescentou: “Eu farei a descendência de você tão
numerosa que ninguém poderá contar”.
11. E o anjo de Javé concluiu: “Você está grávida e vai dar à luz um
filho e lhe dará o nome de Ismael, porque Javé ouviu sua aflição.
12. Ele será potro selvagem: estará contra todos, e todos estarão contra
ele; e viverá separado de seus irmãos”.
13. Agar invocou o nome de Javé, que lhe havia falado, e disse: “Tu és o
Deus-que-me-vê, pois eu vi Aquele-que-me-vê”.
14. Por isso, esse poço chama-se “Poço daquele que vive e me vê”, e se
encontra entre Cades e Barad.
15. Agar deu à luz um filho para Abrão, e Abrão deu o nome de Ismael ao
filho que Agar lhe dera.
16. Abrão tinha oitenta e seis anos quando Agar deu à luz Ismael.

[Gênesis 17]Gênesis 17

A PERTENÇA AO POVO DE DEUS
1. Quando Abrão completou noventa e nove anos, Javé lhe apareceu e disse:
“Eu sou o Deus todo-poderoso. Comporte-se de acordo comigo e seja íntegro.
2. Vou fazer uma aliança entre mim e você, e o multiplicarei sem medida”.

3. Abrão caiu com o rosto por terra. Então Deus lhe falou:
4. “Veja! A aliança que eu faço com você é esta: você será pai de muitas
nações.
5. E não se chamará mais Abrão, mas o seu nome será Abraão, pois eu o
tornarei pai de muitas nações.
6. Eu o tornarei extremamente fecundo. De você farei surgir nações, e de
você nascerão reis.
7. Vou estabelecer para sempre a minha aliança entre mim e você, como
aliança eterna. Serei o Deus de você e o Deus de seus futuros descendentes.
8. Vou dar a você, e a seus futuros descendentes, a terra em que agora
vive como imigrante, toda a terra de Canaã, como posse perpétua. E eu serei o
Deus de vocês”.
9. E Deus continuou falando a Abraão: “Quanto a você, observe a aliança
que faço com você e com seus futuros descendentes.
10. E a aliança que eu faço com você e seus futuros descendentes, e que
vocês devem observar, é a seguinte: circuncidem todos os homens.
11. Circuncidem a carne do prepúcio. Este será o sinal da aliança entre
mim e vocês.
12. Quando completarem oito dias, todos os meninos de cada geração serão
circuncidados; também os escravos nascidos em casa ou comprados de estrangeiros,
que não sejam da raça de vocês.
13. Circuncidem os escravos nascidos em casa ou comprados. Minha aliança
estará marcada na carne de vocês como aliança perpétua.
14. Todo homem não circuncidado, cujo prepúcio não for circuncidado, será
afastado do povo de você, por ter violado a minha aliança”.
15. Deus disse a Abraão: “Sua mulher Sarai não se chamará mais Sarai, mas
Sara.
16. Eu a abençoarei, e dela darei um filho a você, e eu o abençoarei.
Dela nascerão nações e reis de povos”.
17. Abraão caiu com o rosto por terra e começou a rir, pensando: “Será
que um homem com cem anos vai ter um filho, e Sara, que tem noventa anos, vai
dar à luz?”
18. Abraão disse a Deus: “Ficarei contente se conservares Ismael vivo”.

19. Deus porém respondeu: “Não! É Sara quem vai dar-lhe um filho: você
lhe dará o nome de Isaac. Vou fazer a minha aliança com ele e com os
descendentes dele, uma aliança perpétua.
20. Quanto a Ismael, vou atender ao pedido que você me faz: vou
abençoá-lo, torná-lo fecundo e fazê-lo multiplicar-se sem medida. Ele vai gerar
doze príncipes, e dele farei uma grande nação.
21. Mas, a minha aliança, vou fazê-la com Isaac, o filho que Sara vai dar
à luz no próximo ano, nesta mesma época do ano”.
22. Quando terminou de falar com Abraão, Deus se retirou.
23. Então Abraão tomou seu filho Ismael, os escravos nascidos em casa ou
comprados, todos os homens de sua casa, e circuncidou-os nesse mesmo dia,
conforme Deus lhe havia ordenado.
24. Abraão tinha noventa e nove anos quando foi circuncidado.
25. E seu filho Ismael tinha treze anos quando foi circuncidado.
26. Nesse mesmo dia, foram circuncidados Abraão e seu filho Ismael.
27. E com Abraão foram circuncidados todos os homens da casa, nascidos em
casa ou comprados de estrangeiros.

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[Gênesis 18]Gênesis 18

PARA DEUS NADA É IMPOSSÍVEL
1. Javé apareceu a Abraão junto ao Carvalho de Mambré, enquanto ele
estava sentado à entrada da tenda, pois fazia muito calor.
2. Levantando os olhos, Abraão viu na sua frente três homens de pé. Ao
vê-los, correu da entrada da tenda ao encontro deles e se prostrou por terra,

3. dizendo: “Senhor, se alcancei o seu favor, não passe junto ao seu
servo sem fazer uma parada.
4. Vou mandar que tragam água para que vocês lavem os pés e descansem
debaixo da árvore.
5. Vou trazer um pedaço de pão e vocês poderão recuperar as forças antes
de partir; foi para isso que passaram junto ao servo de vocês”. Eles
responderam: “Está bem. Faça o que está dizendo”.
6. Abraão entrou correndo na tenda onde estava Sara, e disse a ela:
“Depressa! Tome vinte e um litros de flor de farinha, amasse-os e faça um pão
grande”.
7. Depois Abraão correu até o rebanho, escolheu um vitelo novo e bom, e o
entregou ao empregado, que se apressou em prepará-lo.
8. Pegou também coalhada, leite e o vitelo que havia preparado, e colocou
tudo diante deles. E os atendia debaixo da árvore enquanto eles comiam.
9. Depois eles perguntaram: “Onde está sua mulher Sara?” Abraão
respondeu: “Está na tenda”.
10. O hóspede disse: “No próximo ano eu voltarei a você. Então sua mulher
já terá um filho”. Sara estava na entrada da tenda, atrás de Abraão, e ouviu
isso.
11. Ora, Abraão e Sara eram velhos, de idade avançada, e Sara já não
tinha regras.
12. Sara riu por dentro, pensando: “Agora que sou velha vou provar o
prazer, e com um marido tão velho?”
13. Javé, porém, disse a Abraão: “Por que Sara riu, dizendo: ‘Será que
vou dar à luz agora que sou velha?’
14. Por acaso, existe alguma coisa impossível para Javé? Neste mesmo
tempo, no próximo ano, eu voltarei a você, e Sara já terá um filho”.
15. Sara, que estava assustada, negou: “Eu não ri”. Mas ele tornou a
dizer: “Não negue, você riu”.

COMO SALVAR A CIDADE INJUSTA?
16. Os homens se levantaram e olharam em direção a Sodoma; e Abraão foi
acompanhá-los para a despedida.
17. Javé dizia: “Será que devo esconder de Abraão o que vou fazer,
18. uma vez que Abraão se tornará uma nação grande e poderosa, e que
através dele serão abençoadas todas as nações da terra?
19. Eu o escolhi para que ele instrua seus filhos, sua casa e seus
sucessores, a fim de que se mantenham no caminho de Javé, praticando a justiça e
o direito; desse modo, Javé realizará tudo o que prometeu a Abraão”.
20. Então Javé disse: “O clamor contra Sodoma e Gomorra é muito grande e
o pecado deles é muito grave.
21. Vou descer para ver se, de fato, as ações deles correspondem ou não
ao clamor que subiu até mim contra eles. Então, ficarei sabendo”.
22. Os homens partiram daí e foram para Sodoma, enquanto Javé permanecia
com Abraão.
23. Abraão aproximou-se e perguntou: “Destruirás o justo com o injusto?

24. Talvez haja cinqüenta justos na cidade! Destruirás e não perdoarás a
cidade pelos cinqüenta justos que estão no meio dela?
25. Longe de ti fazeres tal coisa: matar o justo com o injusto, de modo
que o justo seja confundido com o injusto! Longe de ti! Será que o juiz de toda
a terra não fará justiça?”
26. Javé respondeu: “Se eu encontrar cinqüenta justos na cidade de
Sodoma, perdoarei a cidade toda por causa deles”.
27. Abraão continuou: “Eu me atrevo a falar ao meu Senhor, embora eu seja
pó e cinza.
28. Mas talvez faltem cinco para os cinqüenta justos: por causa de cinco,
destruirás a cidade inteira?” Javé respondeu: “Não a destruirei, se eu nela
encontrar quarenta e cinco justos”.
29. Abraão insistiu: “Suponhamos que só existam quarenta!” Javé
respondeu: “Por causa dos quarenta, eu não o farei”.
30. Abraão continuou: “Que meu Senhor não fique irritado se eu continuo
falando. E se houver trinta?” Javé respondeu: “Se houver trinta, eu não o
farei”.
31. Abraão insistiu: “Estou me atrevendo a falar ao meu Senhor. Talvez
haja vinte!” Javé respondeu: “Por causa dos vinte, eu não a destruirei”.
32. Abraão continuou: “Que o meu Senhor não se irrite se eu pergunto pela
última vez: E se houver dez?” Javé respondeu: “Por causa dos dez, eu não a
destruirei”.
33. Quando terminou de falar com Abraão, Javé foi embora. E Abraão voltou
para o seu lugar.

[Gênesis 19]Gênesis 19

A JUSTIÇA DE DEUS
1. Ao anoitecer, os dois anjos chegaram a Sodoma. Ló estava sentado à
porta da cidade e, ao vê-los, levantou-se para os receber e prostrou-se com o
rosto por terra.
2. E disse: “Senhores, fiquem hospedados em casa do seu servo, lavem os
pés e, pela manhã, continuarão seu caminho”. Mas eles responderam: “Não! Nós
vamos passar a noite na praça”.
3. Ló insistiu tanto que eles foram para a casa dele e entraram. Ló
preparou-lhes uma refeição, mandou assar pães sem fermento, e eles comeram.
4. Eles ainda não haviam deitado, quando os homens da cidade rodearam a
casa. Eram os homens de Sodoma, desde os jovens até os velhos, o povo todo, sem
exceção.
5. Chamaram Ló e lhe disseram: “Onde estão os homens que vieram para a
sua casa esta noite? Traga-os para que tenhamos relações com eles”.
6. Ló saiu à porta e, fechando-a atrás de si,
7. disse-lhes: “Meus irmãos, eu lhes peço: não façam o mal.
8. Vejam! Eu tenho duas filhas que ainda são virgens; eu as trarei para
vocês: façam com elas o que acharem melhor. Mas não façam nada a esses homens,
porque eles estão hospedados em minha casa”.
9. Mas eles responderam: “Saia daí! Esse indivíduo veio como imigrante e
agora quer ser juiz! Pois bem! Nós faremos mais mal a você do que a eles”. E
empurraram Ló, tentando arrombar a porta.
10. Os visitantes, porém, estenderam os braços e puxaram Ló para dentro,
fechando a porta.
11. Quanto aos homens que estavam à porta, eles os feriram com cegueira,
do menor ao maior, de modo que não conseguiam achar a entrada.
12. Os visitantes disseram a Ló: “Você ainda tem alguém aqui? Faça sair
deste lugar seus filhos e filhas, e todos os seus parentes que estão na cidade,

13. porque nós vamos destruir este lugar, pois é grande o clamor que se
ergueu contra eles diante de Javé. E Javé nos enviou para exterminá-los”.
14. Ló foi falar com seus futuros genros, que estavam para casar com suas
filhas: “Vamos, saiam deste lugar, porque Javé vai destruir a cidade”. Mas seus
futuros genros achavam que Ló estava brincando.
15. Ao raiar da aurora, os anjos insistiram com Ló, dizendo: “Levante-se,
tome sua mulher e suas duas filhas que aqui se encontram, para que não pereçam
no castigo da cidade”.
16. Como Ló não se decidisse, os visitantes o tomaram pela mão, junto com
a mulher e as duas filhas, pois Javé tinha compaixão dele. Eles o fizeram sair e
o deixaram fora da cidade.
17. Quando estavam fora, um deles disse: “Procure salvar-se, e não olhe
para trás. Não pare em lugar nenhum da planície; fuja para a montanha, para não
morrer”.
18. Ló respondeu: “Não, meu Senhor.
19. Teu servo encontrou graça a teus olhos, e mostraste grande
misericórdia por mim, salvando-me a vida. Mas eu receio que não poderei
salvar-me na montanha antes que a calamidade me atinja e eu morra.
20. Vê! Aqui perto há uma pequena cidade, onde posso refugiar-me e
escapar do perigo. Permite que eu vá para lá. Como a cidade é pequena, aí eu
estarei a salvo”.
21. Ele respondeu: “Concedo o que você está pedindo: não destruirei a
cidade da qual você está falando.
22. Depressa, fuja para lá, porque nada posso fazer enquanto você não
chegar lá”. É por isso que se deu a essa cidade o nome de Segor.
23. O sol estava nascendo quando Ló chegou a Segor.
24. Então Javé fez chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra;

25. destruiu essas cidades e toda a planície, com os habitantes das
cidades e a vegetação do solo.
26. A mulher de Ló olhou para trás e se transformou numa estátua de sal.

27. Abraão levantou-se de madrugada e foi ao lugar onde estivera com
Javé.
28. Olhou para Sodoma, para Gomorra e para toda a planície, e viu a
fumaça subir da terra, como a fumaça de uma fornalha.
29. Assim, ao destruir as cidades da planície, Deus se lembrou de Abraão,
e retirou Ló do meio da catástrofe, quando arrasou as cidades onde Ló habitava.

FRUTOS DA CIDADE CORROMPIDA
30. Ló subiu de Segor e se estabeleceu na montanha com as duas filhas,
porque estava com medo de viver em Segor. Por isso, instalou-se numa caverna com
as duas filhas.
31. A mais velha disse à mais nova: “Nosso pai já está velho e na terra
não há nenhum homem para ter relação conosco, como se faz em todo lugar.
32. Vamos embriagar nosso pai para ter relação com ele; assim daremos uma
descendência ao nosso pai”.
33. Nessa noite, elas embriagaram o pai e a mais velha deitou-se com ele,
que não percebeu nem quando ela se deitou, nem quando se levantou.
34. No dia seguinte, a mais velha disse para a mais nova: “Na noite
passada eu dormi com meu pai; esta noite, nós o embriagaremos de novo, e você se
deitará com ele; assim daremos uma descendência ao nosso pai”.
35. Também nessa noite, elas embriagaram o pai, e a mais nova deitou-se
com ele, que não percebeu nem quando ela se deitou, nem quando se levantou.
36. E as duas filhas de Ló ficaram grávidas do próprio pai.
37. A mais velha deu à luz um filho, e o chamou Moab, que é o antepassado
dos atuais moabitas.
38. Também a mais nova deu à luz um filho, e o chamou Ben-Ami, que é o
antepassado dos atuais amonitas.

[Gênesis 20]Gênesis 20

DEUS LIBERTA O OPRIMIDO
1. Abraão partiu daí e foi para o Negueb, estabelecendo-se entre Cades e
Sur, e vivendo como imigrante em Gerara.
2. Abraão dizia que Sara era sua irmã. Então Abimelec, rei de Gerara,
mandou buscar Sara.
3. Mas Deus visitou Abimelec em sonho durante a noite, e lhe disse: “Você
vai morrer, porque essa mulher que você tomou é casada”.
4. Abimelec, que ainda não tinha tido relações com ela, disse: “Meu
Senhor, vais matar alguém inocente?
5. Ele próprio me disse que era sua irmã; e ela disse que ele era seu
irmão. Fiz isso de boa fé e mãos limpas”.
6. Deus lhe respondeu no sonho: “Sei que você fez isso de boa fé. Fui eu
quem impediu você de pecar contra mim, não permitindo que a tocasse.
7. Agora, devolva a mulher a esse homem: ele é profeta e rezará para que
você continue vivo. Se não a devolver, fique sabendo que você morrerá com todos
os seus”.
8. Abimelec levantou-se bem cedo e chamou todos os servos. Contou-lhes
tudo, e os homens ficaram muito assustados.
9. Em seguida, Abimelec chamou Abraão e lhe disse: “O que é que você fez
conosco? Que mal eu lhe fiz para você atrair tão grande pecado sobre mim e meu
reino? Você fez comigo uma coisa que não se deve fazer”.
10. E Abimelec acrescentou: “O que você pretendia ao fazer isso?”
11. Abraão respondeu: “Pensei que neste país não respeitavam a Deus e que
me matariam por causa de minha mulher.
12. Além do mais, ela é de fato minha irmã por parte de pai, mas não por
parte de mãe, e se tornou minha mulher.
13. Quando Deus me fez andar errante, longe de minha família, eu pedi a
ela: ‘Faça-me este favor: em qualquer lugar em que chegarmos, diga que eu sou
seu irmão’ “.
14. Abimelec pegou ovelhas e bois, servos e servas, e os deu a Abraão,
devolvendo também sua mulher Sara.
15. Disse ainda: “Minha terra está aberta para você; fique onde quiser”.

16. Depois disse a Sara: “Aqui estão mil moedas de prata para o seu
irmão. Isso servirá de reparação diante de todos os seus, e ninguém pensará mal
de você”.
17. Abraão intercedeu junto a Deus, e Deus curou Abimelec, sua mulher e
seus servos, a fim de que pudessem ter filhos.
18. Isso porque Javé tornara estéreis todas as mulheres na casa de
Abimelec, por causa de Sara, mulher de Abraão.

[Gênesis 21]Gênesis 21

DEUS REALIZA O QUE PROMETE
1. Javé visitou Sara, como havia anunciado, e cumpriu sua promessa.
2. No tempo que Deus tinha marcado, Sara concebeu e deu à luz um filho
para Abraão, que já era velho.
3. Abraão deu o nome de Isaac ao filho que lhe nasceu, gerado por Sara.

4. Conforme Deus lhe havia ordenado, Abraão circuncidou seu filho Isaac,
quando este completou oito dias.
5. Abraão tinha cem anos quando seu filho Isaac nasceu.
6. E Sara disse: “Deus me deu motivo de riso, e todos os que souberem
disso vão rir de mim”.
7. E acrescentou: “Quem diria a Abraão que Sara iria amamentar filhos?
Apesar de tudo, na sua velhice eu lhe dei um filho”.

DEUS OUVE O GRITO DO NECESSITADO
8. O menino cresceu e foi desmamado. E no dia em que Isaac foi desmamado,
Abraão deu uma grande festa.
9. Ora, Sara viu que o filho que Abraão tinha tido com a egípcia Agar
estava zombando de seu filho Isaac.
10. Então ela disse a Abraão: “Expulse essa escrava e o filho dela, para
que o filho dessa escrava não seja herdeiro com meu filho Isaac”.
11. Abraão ficou muito desgostoso com isso, porque Ismael era seu filho.

12. Mas Deus lhe disse: “Não fique aflito por causa do menino e da
escrava. Atenda ao pedido de Sara, pois será através de Isaac que sua
descendência levará o nome que você tem.
13. Entretanto, também do filho da escrava eu farei uma grande nação,
pois ele é descendência sua”.
14. Abraão levantou-se de manhã, pegou pão e um cantil de água e os deu a
Agar; colocou a criança sobre os ombros dela e depois a mandou embora. Ela saiu
e andava errante pelo deserto de Bersabéia.
15. Quando acabou a água do cantil, ela pôs a criança debaixo de um
arbusto
16. e foi sentar-se na frente, a distância de um tiro de arco. Ela
pensava: “Não quero ver a criança morrer!” E sentou-se a distância. O menino
começou a chorar.
17. Deus ouviu os gritos da criança, e o anjo de Deus, lá do céu, chamou
Agar, dizendo: “O que é que você tem, Agar? Não tenha medo, pois Deus ouviu os
gritos do menino que aí está.
18. Levante-se, pegue o menino e segure-o firme, porque eu farei dele uma
grande nação”.
19. Deus abriu os olhos de Agar e ela viu um poço. Foi encher o cantil e
deu de beber ao menino.
20. Deus estava com o menino. Ele cresceu, morou no deserto e tornou-se
um arqueiro.
21. Morou no deserto de Farã, e sua mãe escolheu para ele uma mulher
egípcia.

ABRAÃO E ABIMELEC
22. Nesse tempo, Abimelec veio com Ficol, chefe do seu exército, e disse
a Abraão: “Deus está com você em tudo o que você faz.
23. Portanto, jure por Deus, aqui mesmo, que não enganará nem a mim, nem
a meus filhos e descendentes. E que você tratará a mim e a esta terra, onde você
mora, com a mesma amizade com que eu tratei você”.
24. Abraão respondeu: “Eu juro”.
25. Abraão reclamou com Abimelec por causa do poço do qual os servos de
Abimelec se haviam apoderado.
26. Abimelec respondeu: “Não sei quem foi que fez isso. Você não me
informou nada, e só agora estou sabendo disso”.
27. Abraão pegou ovelhas e bois e os deu a Abimelec; e os dois fizeram
uma aliança.
28. Abraão separou sete ovelhas do rebanho,
29. e Abimelec lhe perguntou: “Para que servem essas sete ovelhas que
você separou?”
30. Abraão respondeu: “Estas sete ovelhas, que você recebeu de minha mão,
são a prova de que eu cavei este poço”.
31. Por isso, o lugar recebeu o nome de Bersabéia, porque aí os dois
fizeram um juramento.
32. Depois que fizeram aliança em Bersabéia, Abimelec e Ficol, chefe do
seu exército, voltaram para a terra dos filisteus.
33. Abraão plantou uma árvore em Bersabéia e invocou aí o nome de Javé, o
Deus eterno.
34. Abraão morou muito tempo na terra dos filisteus.

[Gênesis 22]Gênesis 22

A GRANDE PROVA
1. Depois desses acontecimentos, Deus pôs Abraão à prova, e lhe disse:
“Abraão, Abraão!” Ele respondeu: “Estou aqui”.
2. Deus disse: “Tome seu filho, o seu único filho Isaac, a quem você ama,
vá à terra de Moriá e ofereça-o aí em holocausto, sobre uma montanha que eu vou
lhe mostrar”.
3. Abraão se levantou cedo, preparou o jumento, e levou consigo dois
servos e seu filho Isaac. Rachou a lenha do holocausto, e foi para o lugar que
Deus lhe havia indicado.
4. No terceiro dia, Abraão levantou os olhos e viu de longe o lugar.
5. Então disse aos servos: “Fiquem aqui com o jumento; eu e o menino
vamos até lá, adoraremos a Deus e depois voltaremos até vocês”.
6. Abraão pegou a lenha do holocausto e a colocou nas costas do seu filho
Isaac, tendo ele próprio tomado nas mãos o fogo e a faca. E foram os dois
juntos.
7. Isaac falou a seu pai: “Pai”. Abraão respondeu: “Sim, meu filho!”
Isaac continuou: “Aqui estão o fogo e a lenha. Mas onde está o cordeiro para o
holocausto?”
8. Abraão respondeu: “Deus providenciará o cordeiro para o holocausto,
meu filho!” E continuaram caminhando juntos.
9. Quando chegaram ao lugar que Deus lhe indicara, Abraão construiu o
altar, colocou a lenha, depois amarrou seu filho e o colocou sobre o altar, em
cima da lenha.
10. Abraão estendeu a mão e pegou a faca para imolar seu filho.
11. Nesse momento, o anjo de Javé o chamou lá do céu e disse: “Abraão,
Abraão!” Ele respondeu: “Aqui estou!”
12. O anjo continuou: “Não estenda a mão contra o menino! Não lhe faça
nenhum mal! Agora sei que você teme a Deus, pois não me recusou seu filho
único”.
13. Abraão ergueu os olhos e viu um cordeiro, preso pelos chifres num
arbusto; pegou o cordeiro e o ofereceu em holocausto no lugar do seu filho.
14. E Abraão deu a esse lugar o nome de “Javé providenciará”. Assim, até
hoje se costuma dizer: “Sobre a montanha, Javé providenciará”.
15. O anjo de Javé chamou lá do céu uma segunda vez a Abraão,
16. dizendo: “Juro por mim mesmo, palavra de Javé: porque você me fez
isso, porque não me recusou seu filho único,
17. eu o abençoarei, eu multiplicarei seus descendentes como as estrelas
do céu e a areia da praia. Seus descendentes conquistarão as cidades de seus
inimigos.
18. Por meio da descendência de você, todas as nações da terra serão
abençoadas, porque você me obedeceu”.
19. Abraão voltou até seus servos, e juntos foram para Bersabéia. E
Abraão ficou morando em Bersabéia.

PARENTES DE ABRAÃO
20. Depois desses acontecimentos, comunicaram a Abraão que também Melca
dera filhos a seu irmão Nacor:
21. seu primogênito Hus; Buz, irmão deste; Camuel, pai de Aram;
22. Cased, Azau, Feldas, Jedlad, Batuel.
23. E Batuel gerou Rebeca. São os oito filhos que Melca deu a Nacor,
irmão de Abraão.
24. Nacor tinha uma concubina, chamada Roma, que também teve filhos:
Tabé, Gaam, Taás e Maaca.

[Gênesis 23]Gênesis 23

PRIMEIRA PORÇÃO DA TERRA PROMETIDA
1. Sara viveu cento e vinte e sete anos,
2. e morreu em Cariat Arbe, hoje Hebron, na terra de Canaã. Abraão foi
fazer luto e chorar por sua mulher.
3. Depois deixou sua defunta e falou aos filhos de Het:
4. “Sou imigrante que reside entre vocês. Dêem para mim um túmulo como
propriedade, para eu enterrar minha defunta”.
5. Os filhos de Het responderam a Abraão:
6. “Meu senhor, ouça-nos! Você é um príncipe de Deus entre nós; enterre
sua defunta no melhor dos nossos sepulcros. Ninguém de nós vai lhe negar a
própria sepultura para sua defunta!”
7. Abraão se levantou, fez uma inclinação diante dos proprietários, os
filhos de Het,
8. e lhes falou: “Se estão de acordo que eu enterre minha defunta,
ouçam-me: intercedam por mim junto a Efron, filho de Seor,
9. a fim de que ele me ceda a gruta de Macpela, que pertence a ele e está
no extremo do seu campo. Que ele a entregue para mim pelo preço que vale, diante
de vocês, para que seja minha propriedade sepulcral”.
10. Ora, Efron estava sentado entre os filhos de Het. Então Efron, o
heteu, respondeu a Abraão, diante dos heteus e dos que assistiam ao conselho:

11. “Não, meu senhor, ouça-me! Eu lhe dou o campo e também a gruta que
está nele. Dou-lhe isso na presença dos filhos do meu povo. Enterre sua
defunta”.
12. Abraão se inclinou diante dos proprietários
13. e falou a Efron, na presença dos proprietários: “Se você concorda,
ouça-me: eu pagarei o preço do campo. Aceite o pagamento, e eu enterrarei minha
defunta”.
14. Efron respondeu a Abraão:
15. “Meu senhor, ouça-me: o terreno vale quatro quilos de prata. O que
significa isso para mim e você? Enterre sua defunta”.
16. Abraão concordou com Efron. Pesou para Efron o dinheiro de que falara
diante dos heteus: quatro quilos de prata, em uso no mercado.
17. Então, o campo de Efron, que está em Macpela, diante de Mambré, o
campo e a gruta que aí existe, e todas as árvores que estão dentro e ao redor do
campo,
18. tornaram-se propriedade de Abraão, sendo testemunhas os heteus e os
que assistiam ao conselho.
19. Depois Abraão enterrou Sara, sua mulher, na gruta do campo de
Macpela, diante de Mambré, hoje Hebron, na terra de Canaã.
20. Foi assim que o campo e a gruta passaram dos filhos de Het para
Abraão, como propriedade sepulcral.

[Gênesis 24]Gênesis 24

CASAMENTO DE ISAAC
1. Abraão era velho, de idade avançada, e Javé o havia abençoado em tudo.

2. Abraão disse ao servo mais velho de sua casa, que administrava todas
as suas propriedades: “Ponha a sua mão debaixo da minha coxa,
3. e jure por Javé, Deus do céu e da terra, que quando você buscar esposa
para o meu filho, não a escolherá entre as filhas dos cananeus, no meio dos
quais estou morando.
4. Mas irá à minha terra natal e aí escolherá uma esposa para o meu filho
Isaac”.
5. O servo perguntou: “E se a mulher não quiser vir comigo para esta
terra, deverei levar seu filho para o lugar de onde o senhor saiu?”
6. Abraão lhe respondeu: “De jeito nenhum, não leve meu filho para lá.

7. Javé, o Deus do céu e da terra, que me tirou da casa paterna e da
minha terra natal, e que jurou dar esta terra à minha descendência, ele enviará
o seu anjo diante de você, e você poderá trazer uma esposa para meu filho.
8. Se a mulher não quiser vir com você, então você ficará livre do
juramento. Em todo caso, não leve meu filho para lá”.
9. O servo colocou a mão sob a coxa de Abraão, seu patrão, e jurou que
assim faria.
10. O servo tomou dez camelos do seu senhor e, levando consigo de tudo o
que seu patrão tinha de bom, pôs-se a caminho de Aram Naaraim, para a cidade de
Nacor.
11. Fez os camelos ajoelharem fora da cidade, perto do poço, à tarde, na
hora em que as mulheres saem para tirar água.
12. Então o servo pediu: “Javé, Deus do meu senhor Abraão, concede que o
dia de hoje me seja favorável, e trata com amor o meu senhor Abraão.
13. Vou ficar junto à fonte, quando as moças da cidade saírem para buscar
água.
14. Direi a uma das moças: ‘Por favor, incline o balde para que eu possa
beber’. Aquela que disser: ‘Beba você, que também vou dar de beber a seus
camelos’, será essa aquela que destinaste para teu servo Isaac. Assim saberei
que tratas meu patrão com amor”.
15. Ele ainda não havia acabado de falar, quando chegou Rebeca, filha de
Batuel, filho de Melca, a mulher de Nacor, irmão de Abraão. Ela carregava um
balde no ombro.
16. Era uma jovem muito bela e virgem; não tinha tido relação com nenhum
homem. Ela desceu à fonte, encheu o balde e subiu.
17. O servo correu para ela, e disse: “Por favor, deixe-me beber um pouco
da água de seu balde”.
18. Ela respondeu: “Beba, meu senhor”. E abaixou depressa o balde sobre o
braço, e lhe deu de beber.
19. Quando terminou, ela disse: “Vou dar de beber também para seus
camelos, até que fiquem saciados”.
20. Em seguida, esvaziou o balde no bebedouro, e correu até o poço a fim
de tirar água para todos os camelos.
21. O servo observava em silêncio, esperando para ver se Javé ia levar ou
não a bom termo a sua missão.
22. Quando os camelos acabaram de beber, o servo pegou um anel de ouro
que pesava cinco gramas e o colocou nas narinas dela. Depois, colocou nos braços
dela dois braceletes de ouro, que pesavam dez gramas.
23. E disse: “Você é filha de quem? Diga para mim: será que na casa de
seu pai há lugar para eu passar a noite?”
24. Ela respondeu: “Eu sou filha de Batuel, o filho que Melca gerou para
Nacor”.
25. E continuou: “Em nossa casa há muita palha e forragem, e também lugar
para passar a noite”.
26. Então o servo se prostrou e adorou a Javé,
27. dizendo: “Bendito seja Javé, o Deus do meu senhor Abraão! Ele não
esqueceu o seu amor e fidelidade para com o meu senhor. Javé guiou meus passos à
casa do irmão do meu senhor”.
28. A jovem foi correndo para casa, a fim de contar à sua mãe o que lhe
havia acontecido.
29. Ora, Rebeca tinha um irmão chamado Labão, que correu para a fonte ao
encontro do homem.
30. De fato, quando Labão viu o anel e os braceletes que estavam com sua
irmã, e quando ouviu o que ela contava, foi ao encontro do homem e o achou ainda
de pé junto aos camelos, perto da fonte.
31. Então disse para ele: “Venha, bendito de Javé. Por que você está aí
fora, quando já preparei alojamento e lugar para os camelos?”
32. O homem entrou na casa, e Labão descarregou os camelos, deu palha e
forragem para os camelos, e levou água para que o servo e seus acompanhantes
lavassem os pés.
33. Quando ofereceram comida, o servo disse: “Não vou comer enquanto não
tratar do meu assunto”. Labão respondeu: “Pois fale”.
34. O servo disse: “Eu sou servo de Abraão.
35. Javé abençoou imensamente meu senhor e o tornou rico: deu-lhe ovelhas
e vacas, prata e ouro, escravos e escravas, camelos e jumentos.
36. Sara, a mulher do meu senhor, já velha, deu a ele um filho, que é o
herdeiro de tudo.
37. Meu senhor me fez prestar este juramento: ‘Você não tomará para meu
filho uma esposa entre as filhas dos cananeus, em cuja terra estou morando.
38. Você irá à casa de meu pai e de meus parentes, e aí escolherá uma
esposa para meu filho’.
39. Então eu disse ao meu senhor: ‘E se a mulher não quiser vir comigo?’

40. Ele me respondeu: ‘Javé, a quem meu comportamento agrada, vai enviar
seu anjo com você; ele dará êxito à sua missão, e você encontrará uma esposa
para o meu filho na casa de meus pais e parentes.
41. Você ficará livre do juramento quando for à casa de meus parentes;
sim, você ficará livre do juramento, se eles negarem a mulher’.
42. Hoje eu cheguei à fonte e disse: ‘Javé, Deus de meu senhor Abraão,
mostra, eu te peço, se estás disposto a levar a bom termo a viagem que
empreendi.
43. Aqui estou junto à fonte, e vou dizer para a jovem que vier buscar
água: Dê-me de beber um pouco da água de seu balde.
44. Se ela me disser: Beba, que também vou tirar água para os seus
camelos, então será essa a esposa que Javé destinou ao filho do meu senhor’.
45. Eu não tinha acabado de falar comigo mesmo, quando chegou Rebeca com
o balde no ombro. Ela desceu à fonte e tirou água. Eu pedi a ela: ‘Por favor,
dê-me de beber’.
46. Ela abaixou logo o balde e disse: ‘Beba, que também vou dar de beber
a seus camelos’. Eu bebi, e ela deu de beber também aos meus camelos.
47. Então eu perguntei a ela: ‘Você é filha de quem?’ Ela respondeu: ‘Sou
filha de Batuel, o filho que Melca deu a Nacor’. Então eu lhe pus este anel nas
narinas e estes braceletes nos braços.
48. Prostrei-me, adorei Javé, bendisse a Javé, Deus do meu senhor Abraão,
que me guiou pelo caminho certo, para levar ao filho do meu senhor a filha do
irmão dele.
49. Portanto, digam-me se querem ou não mostrar amor e fidelidade ao meu
senhor, para que eu possa agir de acordo”.
50. Labão e Batuel disseram: “Isso vem de Javé, e nós não podemos dizer
nem sim, nem não.
51. Aí está Rebeca, tome-a e vá, e que ela seja a esposa do filho do seu
senhor, conforme disse Javé”.
52. Quando o servo de Abraão ouviu isso, prostrou-se por terra diante de
Javé.
53. Depois pegou jóias de prata e ouro, e vestidos, e os deu a Rebeca.
Também deu ricos presentes ao irmão e à mãe dela.
54. Então comeram e beberam, ele e seus companheiros, e passaram a noite.
De manhã, quando se levantaram, o servo disse: “Deixe-me voltar para o meu
senhor”.
55. Então o irmão e a mãe de Rebeca disseram: “Deixe que a jovem fique
ainda dez dias conosco. Depois, ela irá”.
56. Mas o servo replicou: “Não me detenham, pois Javé deu êxito à minha
viagem. Deixem-me voltar ao meu senhor”.
57. Então eles disseram: “Vamos chamar a jovem e perguntar-lhe sua
opinião”.
58. Chamaram Rebeca e lhe perguntaram: “Você quer partir com esse homem?”
Ela respondeu: “Quero”.
59. Então eles deixaram partir sua irmã Rebeca com sua ama, o servo de
Abraão e seus homens.
60. Eles abençoaram Rebeca, dizendo: “Você é nossa irmã: torne-se
milhares de milhares, e que sua descendência conquiste as cidades inimigas”.
61. Rebeca e suas servas se levantaram, montaram nos camelos e
acompanharam o homem. E foi assim que o servo de Abraão levou Rebeca.
62. Isaac tinha voltado do poço de Laai-Roí e morava na terra do Negueb.

63. Ao pôr-do-sol, Isaac saiu para passear no campo e, erguendo os olhos,
viu que chegavam camelos.
64. Rebeca, erguendo os olhos, viu Isaac. Ela apeou do camelo,
65. e disse ao servo: “Quem é aquele homem lá no campo, que vem ao nosso
encontro?” O servo respondeu: “É o meu senhor”. Então ela pegou o véu e se
cobriu.
66. O servo contou a Isaac tudo o que havia feito.
67. Então Isaac introduziu Rebeca em sua tenda e a recebeu por esposa.
Isaac amou-a, consolando-se assim da morte de sua mãe.

[Gênesis 25]Gênesis 25

OUTROS FILHOS DE ABRAÃO
1. Abraão tomou outra mulher chamada Cetura.
2. Esta gerou para ele Zamrã, Jecsã, Madã, Madia, Jesboc e Sué.
3. Jecsã gerou Sabá e Dadã, e os filhos de Dadã foram os assurim, os
latusim e os loomim.
4. Os filhos de Madiã foram: Efa, Ofer, Henoc, Abida e Eldaá. Todos esses
são descendentes de Cetura.
5. Abraão deu todos os seus bens a Isaac.
6. Quanto aos filhos de suas concubinas, Abraão lhes deu presentes e,
ainda em vida, os mandou para longe do seu filho Isaac, para o leste, a região
oriental.

MORTE DE ABRAÃO
7. Abraão viveu cento e setenta e cinco anos.
8. Depois Abraão expirou e morreu numa velhice feliz, idoso, e se reuniu
com seus parentes.
9. Isaac e Ismael, seus filhos, o enterraram na gruta de Macpela, no
campo de Efron, filho de Seor, o heteu, campo que está diante de Mambré.
10. É o campo que Abraão tinha comprado dos filhos de Het; nele foram
enterrados Abraão e sua mulher Sara.
11. Depois da morte de Abraão, Deus abençoou seu filho Isaac. E Isaac
morou junto ao poço de Laai-Roí.

FILHOS DE ISMAEL
12. São estes os descendentes de Ismael, filho de Abraão e Agar, a
escrava egípcia de Sara.
13. Nomes dos filhos de Ismael por ordem de nascimento: o primogênito
Nabaiot, depois Cedar, Adbeel, Mabsam,
14. Masma, Duma, Massa,
15. Hadad, Tema, Jetur, Nafis e Cedma.
16. São esses os filhos de Ismael e seus nomes por cercados e
acampamentos: doze chefes de tribos.
17. Ismael viveu cento e trinta e sete anos. Depois expirou, morreu e se
reuniu com seus parentes.
18. Habitou desde Hévila até Sur, que está a leste do Egito, na direção
da Assíria. Ele se estabeleceu na frente de todos os seus irmãos.

2. HISTÓRIA DE ISAAC E JACÓ

IRMÃOS EM LUTA
19. História de Isaac, filho de Abraão. Abraão gerou Isaac.
20. Isaac tinha quarenta anos quando se casou com Rebeca, filha de
Batuel, o arameu de Padã-Aram, e irmã de Labão, o arameu.
21. Isaac implorou a Javé por sua mulher, porque ela era estéril: Javé o
escutou e sua mulher Rebeca ficou grávida.
22. As crianças, porém, lutavam dentro dela. Então ela disse: “Se é
assim, para que viver?” Então foi consultar Javé.
23. E Javé lhe disse: “Em seu ventre há duas nações, dois povos se
separam em suas entranhas. Um povo vencerá o outro, e o mais velho servirá ao
mais novo”.
24. Quando chegou o dia do parto, Rebeca teve gêmeos.
25. O primeiro saiu: era ruivo e peludo como um manto de pêlos, e lhe
deram o nome de Esaú.
26. Em seguida, saiu seu irmão, com a mão segurando o calcanhar de Esaú,
e lhe deram o nome de Jacó. Isaac tinha sessenta anos quando eles nasceram.
27. Os meninos cresceram. Esaú se tornou hábil caçador, homem rude,
enquanto Jacó era homem tranqüilo, morando sob tendas.
28. Isaac apreciava a caça e preferia Esaú, enquanto Rebeca preferia
Jacó.

ESAÚ PERDE SEUS DIREITOS
29. Certa vez, Jacó estava preparando um cozido, quando Esaú voltou do
campo, esgotado.
30. Esaú pediu a Jacó: “Deixe-me comer dessa coisa vermelha, porque estou
esgotado”. É por isso que ele recebeu o nome de Edom.
31. Jacó respondeu: “Venda-me primeiro o direito de primogenitura”.
32. Esaú disse: “Estou quase morrendo… Que me importa o direito de
primogenitura?”
33. Jacó retomou: “Primeiro, o juramento”. Esaú jurou e vendeu seu
direito de primogenitura a Jacó.
34. Então Jacó lhe deu pão e o cozido de lentilhas. Esaú comeu e bebeu,
levantou-se e partiu. E assim Esaú desprezou o direito de primogenitura.

[Gênesis 26]Gênesis 26

ISAAC EM GERARA
1. Houve fome no país – além daquela que tinha havido no tempo de Abraão
– e Isaac foi para Gerara, onde Abimelec era rei dos filisteus.
2. Javé apareceu a Isaac e disse: “Não desça para o Egito; fique na terra
que eu lhe disser.
3. Fique morando aqui neste país, e eu estarei com você e o abençoarei,
pois eu darei todas estas terras a você e a seus descendentes, cumprindo o
juramento que fiz a seu pai Abraão.
4. Tornarei a descendência de você numerosa como as estrelas do céu, e
darei a seus descendentes todas estas terras. Por meio da sua descendência,
serão abençoadas todas as nações da terra,
5. porque Abraão me obedeceu, observou meus preceitos e mandamentos, meus
estatutos e leis”.
6. Então Isaac ficou em Gerara.
7. Os homens do lugar perguntaram a Isaac sobre Rebeca. Isaac respondeu:
“É minha irmã”. Ele ficou com medo de dizer que era sua mulher, pois pensava:
“Os homens deste lugar me matarão por causa de Rebeca, pois ela é muito bonita”.

8. Isaac se encontrava aí já fazia muito tempo, quando Abimelec, rei dos
filisteus, olhou certo dia pela janela e viu Isaac acariciando a esposa Rebeca.

9. Abimelec chamou Isaac e disse: “É claro que ela é sua mulher! Por que
você disse que é sua irmã?” Isaac respondeu: “Porque pensei que iam me matar por
causa dela”.
10. Abimelec continuou: “Por que você fez isso? Por pouco alguém do povo
dormiria com sua mulher, e você nos tornaria todos culpados!”
11. Então Abimelec deu esta ordem a todo o povo: “Quem tocar neste homem
ou em sua mulher, morrerá”.

A LUTA PELA ÁGUA
12. Isaac semeou aquela terra e, nesse ano, colheu o cêntuplo. Javé o
abençoou
13. e ele foi ganhando muito, até ficar bem rico.
14. Tinha rebanhos de bois e ovelhas e numerosos servos. Por causa disso,
os filisteus ficaram com inveja.
15. Os filisteus haviam entulhado e coberto de terra todos os poços que
os servos de Abraão, pai de Isaac, haviam cavado no tempo de Abraão.
16. Abimelec disse a Isaac: “Vá embora daqui, porque você ficou mais
poderoso do que nós”.
17. Isaac foi embora dali, acampou no vale de Gerara, e aí se
estabeleceu.
18. Cavou de novo os poços que os servos de seu pai Abraão haviam cavado
e que os filisteus tinham entulhado depois da morte de Abraão, e lhes deu os
mesmos nomes que seu pai lhes havia dado.
19. Os servos de Isaac cavaram no vale e encontraram aí uma fonte.
20. Mas os pastores de Gerara brigaram com os pastores de Isaac, dizendo:
“Essa água é nossa!” Isaac então chamou esse poço de Desafio, pois brigavam por
causa dele.
21. Cavaram outro poço, e também acabaram brigando por causa dele. A este
Isaac deu o nome de Rivalidade.
22. Então partiu daí e cavou outro poço; e, como não houve briga por
causa deste, deu-lhe o nome de Campo Livre, dizendo: “Agora Javé nos deu o campo
livre para que prosperemos na terra”.
23. Daí, Isaac subiu para Bersabéia.
24. Nessa noite, Javé apareceu a ele e disse: “Eu sou o Deus do seu pai
Abraão. Não tenha medo, pois estou com você. Eu o abençoarei, e multiplicarei
seus descendentes, em atenção ao meu servo Abraão”.
25. Isaac levantou aí um altar, invocou o nome de Javé, e armou sua
tenda. E seus servos começaram a cavar um poço.
26. Abimelec, juntamente com Ocozat, seu conselheiro, e Ficol, chefe do
seu exército, foi de Gerara para visitar Isaac.
27. E Isaac lhes disse: “O que vocês vieram fazer aqui? Vocês me odeiam e
me expulsaram”.
28. Eles responderam: “Vimos que Javé está com você, e combinamos fazer
um juramento e uma aliança entre nós e você.
29. Jure que não nos fará nenhum mal, assim como nós não o tratamos mal e
o deixamos partir em paz. Agora você é um abençoado de Javé”.
30. Isaac preparou um banquete; comeram e beberam.
31. Levantaram-se de madrugada e fizeram um juramento mútuo. Depois Isaac
os despediu, e eles o deixaram em paz.
32. Nesse dia, os servos de Isaac lhe levaram notícias do poço que haviam
cavado, e disseram: “Encontramos água”.
33. Isaac deu ao poço o nome de Seba, de onde vem o nome Bersabéia, até o
dia de hoje.
34. Quando Esaú completou quarenta anos, tomou como esposas Judite, filha
de Beeri, o heteu, e Basemat, filha de Elon, o heteu.
35. Elas se tornaram amargura para Isaac e Rebeca.

[Gênesis 27]Gênesis 27

JACÓ ROUBA A BÊNÇÃO DE ESAÚ
1. Isaac ficou velho, e seus olhos se enfraqueceram, a ponto de não
enxergar mais nada. Então chamou Esaú, seu filho mais velho: “Meu filho!” Esaú
respondeu: “Estou aqui”.
2. Isaac continuou: “Veja! Estou velho e não sei quando vou morrer.
3. Agora, pegue suas armas, suas flechas e o arco, vá ao campo e traga-me
alguma caça.
4. Prepare-me um bom prato, do jeito que eu gosto, e traga-me para que eu
coma, e antes de morrer eu abençoe você”.
5. Rebeca ouviu tudo o que Isaac falava com seu filho Esaú. E Esaú saiu
para o campo a fim de caçar alguma coisa para seu pai.
6. Rebeca disse a seu filho Jacó: “Ouvi seu pai dizer a seu irmão Esaú:

7. ‘Traga-me alguma caça e faça-me um bom prato, para eu comer e abençoar
você diante de Javé, antes de morrer’.
8. Agora, escute-me e faça o que eu mandar.
9. Vá ao rebanho e me traga dois cabritos gordos. Vou preparar para seu
pai um prato do jeito que ele gosta.
10. Depois você levará o prato a seu pai, para ele comer e abençoar você
antes de morrer”.
11. Jacó disse à sua mãe Rebeca: “Mas meu irmão Esaú é peludo e minha
pele é lisa!
12. Se meu pai me tocar, ele vai perceber que eu quis enganá-lo e, em vez
de bênção, atrairei maldição sobre mim”.
13. Mas sua mãe lhe respondeu: “Meu filho, que a maldição dele caia sobre
mim. Obedeça-me, vá e traga os cabritos”.
14. Jacó foi buscar os cabritos e os levou para sua mãe. Ela preparou um
bom prato, do jeito que o pai gostava.
15. Rebeca pegou as melhores roupas que Esaú, o filho mais velho, tinha
em casa, e com elas vestiu Jacó, seu filho mais novo.
16. Então cobriu-lhe os braços e a parte lisa do pescoço com a pele dos
cabritos.
17. Depois colocou nas mãos do seu filho Jacó o pão e o prato que ela
havia preparado.
18. Então Jacó foi até seu pai e disse: “Pai!” Isaac respondeu: “Aqui
estou. Quem é você, meu filho?”
19. Jacó respondeu ao pai: “Sou Esaú, seu primogênito. Fiz o que o senhor
me mandou. Levante-se, sente-se e coma da minha caça. Depois, o senhor me
abençoará”.
20. Isaac disse a Jacó: “Como você encontrou a caça depressa, meu filho!”
Jacó respondeu: “É que Javé, o seu Deus, a colocou ao meu alcance”.
21. Isaac disse a Jacó: “Aproxime-se, meu filho, para que eu o apalpe e
veja se você é ou não o meu filho Esaú”.
22. Jacó aproximou-se de seu pai Isaac, que o apalpou e disse: “A voz é
de Jacó, mas os braços são de Esaú”.
23. Isaac não reconheceu Jacó, porque os braços dele estavam peludos como
os de seu irmão Esaú. Então ele o abençoou.
24. E voltou a lhe perguntar: “Você é o meu filho Esaú?” Jacó respondeu:
“Sou”.
25. Isaac continuou: “Sirva a caça, meu filho, para que eu coma e depois
o abençoe”. Jacó o serviu e Isaac comeu; apresentou-lhe vinho, e ele bebeu.
26. Então seu pai Isaac lhe disse: “Meu filho, aproxime-se e me beije”.

27. Jacó se aproximou e beijou o pai, que lhe aspirou o perfume das
roupas. E o abençoou, dizendo: “Sim, o perfume do meu filho é como o perfume de
um campo fértil que Javé abençoou.
28. Que Deus dê a você o orvalho do céu e a fertilidade da terra, trigo e
vinho em abundância.
29. Que os povos o sirvam e as nações se prostrem diante de você. Seja um
senhor para seus irmãos, e os filhos de sua mãe se prostrem diante de você.
Maldito seja quem amaldiçoar você; e bendito seja quem o abençoar”.
30. Logo que Isaac acabou de abençoar Jacó e este saiu de junto de seu
pai, o irmão Esaú voltava da caça.
31. Ele também preparou um prato saboroso e o levou a seu pai. E lhe
disse: “Que meu pai se levante e coma da caça de seu filho, e depois me
abençoe”.
32. Seu pai Isaac lhe perguntou: “Quem é você?” Ele respondeu: “Sou Esaú,
seu filho primogênito!”
33. Então Isaac estremeceu emocionado, e disse: “Então, quem foi que veio
e me trouxe a caça? Eu a comi antes que você chegasse e o abençoei, e abençoado
ele ficará”.
34. Quando Esaú ouviu as palavras de seu pai, deu um forte grito e, cheio
de amargura, disse ao pai: “Abençoe-me também, meu pai!”
35. Mas Isaac respondeu: “Seu irmão veio com astúcia e tomou a bênção que
cabia a você”.
36. Esaú disse: “Com razão ele se chama Jacó: é a segunda vez que ele me
engana! Tirou o meu direito de primogenitura e agora roubou a minha bênção”. E
acrescentou: “O senhor não reservou nenhuma bênção para mim?”
37. Isaac respondeu a Esaú: “Eu tornei Jacó senhor de você, dei-lhe todos
os seus irmãos como servos e lhe garanti trigo e vinho. Que posso fazer por você
agora, meu filho?”
38. Esaú disse ao pai: “O senhor tem só uma bênção, meu pai? Abençoe
também a mim, meu pai!” Isaac ficou em silêncio e Esaú chorou em voz alta.
39. Isaac então lhe disse: “A sua morada será longe da terra fértil e sem
o orvalho que desce do céu.
40. Você viverá da sua espada e servirá a seu irmão. Mas quando você se
revoltar, sacudirá o jugo do seu pescoço”.

O PREÇO DE UMA TRAPAÇA
41. Esaú começou a odiar Jacó, por causa da bênção que seu pai havia dado
a ele. E dizia a si mesmo: “Quando chegar o luto por meu pai, vou matar meu
irmão Jacó”.
42. Contaram a Rebeca o que seu filho mais velho Esaú andava dizendo.
Então ela mandou chamar Jacó, o filho mais novo, e lhe disse: “Seu irmão Esaú
quer matar você para vingar-se.
43. Portanto, meu filho, ouça bem: fuja para Harã, junto de meu irmão
Labão.
44. Fique com ele algum tempo, até que passe a raiva do seu irmão,
45. até que a cólera do seu irmão se desvie de você e ele esqueça o que
você lhe fez. Depois eu mandarei buscar você. Não quero perder os meus dois
filhos num só dia”.
46. Rebeca disse a Isaac: “Essas mulheres hetéias me tornam a vida
insuportável. Se também Jacó casar com mulheres hetéias deste país, de que me
adianta viver?”

[Gênesis 28]Gênesis 28

1. Isaac chamou Jacó, o abençoou e lhe deu esta ordem: “Não se case com
mulher cananéia.
2. Vá até Padã-Aram, à casa de Batuel, seu avô materno, e escolha uma
mulher de lá, entre as filhas de Labão, seu tio materno.
3. Que o Deus Todo-poderoso o abençoe e torne você fecundo e o
multiplique, a fim de que você se torne uma assembléia de povos.
4. Que ele conceda a você e à sua descendência a bênção de Abraão, a fim
de que você possua a terra onde está vivendo e que Deus deu a Abraão”.
5. Isaac despediu Jacó, e este partiu para Padã-Aram, para a casa de
Labão, filho do arameu Batuel, e irmão de Rebeca, mãe de Jacó e Esaú.
6. Esaú viu que Isaac tinha abençoado Jacó e o tinha mandado a Padã-Aram,
para lá buscar uma esposa, e que o tinha abençoado, dando esta ordem: “Não se
case com uma cananéia”.
7. E Jacó obedeceu a seu pai e sua mãe, e partiu para Padã-Aram.
8. Esaú soube que as cananéias eram malvistas por seu pai Isaac.
9. Foi, então, à casa de Ismael e tomou como esposa, além das que
possuía, Maelet, filha de Ismael, filho de Abraão, e irmã de Nabaiot.

A ESSÊNCIA DA RELIGIÃO
10. Jacó deixou Bersabéia e partiu para Harã.
11. Chegou a certo lugar e resolveu passar a noite aí, porque o sol já se
havia posto. Jacó pegou uma pedra do lugar, colocou-a sob a cabeça, e dormiu.

12. Teve então um sonho: Uma escada se erguia da terra e chegava até o
céu, e anjos de Deus subiam e desciam por ela.
13. Javé estava de pé, no alto da escada, e disse a Jacó: “Eu sou Javé, o
Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaac. A terra sobre a qual você dormiu, eu a
entrego a você e à sua descendência.
14. Sua descendência se tornará numerosa como a poeira do chão, e você
ocupará o oriente e o ocidente, o norte e o sul. E todas as nações da terra
serão abençoadas por meio de você e da sua descendência.
15. Eu estou com você e o protegerei em qualquer lugar aonde você for.
Depois eu o farei voltar a esta terra, pois nunca o abandonarei, até cumprir o
que prometi”.
16. Ao despertar, Jacó disse: “De fato, Javé está neste lugar e eu não
sabia disso”.
17. Ficou com medo, e disse: “Este lugar é terrível. Não é nada menos que
a Casa de Deus e a Porta do Céu”.
18. Levantou-se de madrugada, pegou a pedra que lhe havia servido de
travesseiro, ergueu-a como estela e derramou óleo por cima.
19. E chamou esse lugar de Betel. Mas antes a cidade se chamava Luza.
20. Jacó fez, então, este voto: “Se Deus estiver comigo e me proteger no
caminho por onde eu for, se me der pão para comer e roupas para vestir,
21. se eu voltar são e salvo para a casa do meu pai, então Javé será o
meu Deus.
22. E esta pedra que ergui como estela será uma casa de Deus, e eu te
darei a décima parte de tudo o que me deres”.

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[Gênesis 29]Gênesis 29

RAQUEL E LIA
1. Jacó continuou viagem e foi para a terra dos orientais.
2. Em certo campo, viu um poço e, deitados perto dele, três rebanhos de
ovelhas, pois os rebanhos costumavam beber nesse poço. A pedra que tapava o poço
era grande,
3. de modo que só quando se reuniam aí todos os rebanhos é que os
pastores tiravam a pedra da boca do poço, davam de beber aos rebanhos e tornavam
a tapar o poço, colocando a pedra no lugar.
4. Jacó perguntou aos pastores: “Irmãos, de onde são vocês?” Eles
responderam: “Nós somos de Harã”.
5. Jacó perguntou: “Vocês conhecem Labão, filho de Nacor?” Eles
responderam: “Conhecemos”.
6. Jacó perguntou: “Como é que ele vai?” Eles responderam: “Ele está bem.
Veja! Raquel, filha dele, está chegando com o rebanho”.
7. Jacó disse: “Ainda é pleno dia e não é hora de recolher o rebanho. Por
que vocês não dão de beber para as ovelhas e as deixam pastar?”
8. Eles responderam: “Não podemos fazer isso antes que se reúnam todos os
rebanhos. Só então é que tiramos a pedra, destampamos o poço e damos de beber
para as ovelhas”.
9. Jacó ainda estava conversando com eles, quando Raquel chegou com o
rebanho do seu pai, pois ela era pastora.
10. Logo que Jacó viu Raquel, a filha do seu tio Labão, e as ovelhas de
Labão, aproximou-se, tirou a pedra da boca do poço e deu de beber ao rebanho do
seu tio.
11. Jacó deu um beijo em Raquel e depois começou a chorar.
12. Então contou a Raquel que ele era parente do pai dela e filho de
Rebeca.
13. Ao saber que se tratava de seu sobrinho Jacó, Labão correu ao
encontro dele, o abraçou, o cobriu de beijos e o levou para sua casa. Então Jacó
contou a Labão tudo o que havia acontecido.
14. E Labão lhe disse: “É claro que você é da minha carne e do meu
sangue”. E Jacó ficou um mês com ele.
15. Labão disse a Jacó: “O fato de ser parente meu não é motivo para que
você me sirva de graça. Diga-me qual deve ser o seu salário”.
16. Ora, Labão tinha duas filhas: a mais velha se chamava Lia e a mais
nova Raquel.
17. Os olhos de Lia eram meigos, porém, Raquel tinha um belo porte e um
lindo rosto.
18. E Jacó amou Raquel. Então Jacó disse a Labão: “Eu o servirei durante
sete anos em troca de sua filha mais nova, Raquel”.
19. Labão respondeu: “É melhor dá-la a você do que a outro qualquer.
Fique comigo”.
20. Jacó serviu sete anos por Raquel, e estava tão apaixonado que os anos
lhe pareceram dias.
21. Depois Jacó disse a Labão: “Terminou o prazo: me dê minha mulher,
para que eu viva com ela”.
22. Labão reuniu todos os homens do lugar, e lhes ofereceu um banquete.

23. À noite, pegou sua filha Lia, e a levou para Jacó. E Jacó dormiu com
ela.
24. Labão deu sua serva Zelfa como serva para sua filha Lia.
25. Na manhã seguinte, Jacó descobriu que era Lia, e disse a Labão: “O
que você fez comigo? Não foi por Raquel que eu o servi? Por que você me
enganou?”
26. Labão respondeu: “Em nossa região não é costume que a mais nova se
case antes da mais velha.
27. Termine esta semana de núpcias, e eu lhe darei também a outra em
troca do serviço que você me fará durante outros sete anos”.
28. Jacó aceitou. Terminou a semana de núpcias, e Labão lhe deu sua filha
Raquel como mulher.
29. Labão deu sua serva Bala como serva para a sua filha Raquel.
30. Jacó uniu-se a Raquel, e amou a Raquel mais do que a Lia. E serviu na
casa do seu tio outros sete anos.

RAÍZES DO POVO DE ISRAEL
31. Vendo que Lia era desprezada, Javé a tornou fecunda, enquanto Raquel
permanecia estéril.
32. Lia concebeu e deu à luz um filho e deu a ele o nome de Rúben, pois
dizia: “Javé olhou para a minha aflição e agora meu marido me amará”.
33. Tornou a conceber e deu à luz um filho, e disse: “Javé ouviu que eu
não era amada e me deu este outro”. E ela o chamou Simeão.
34. Concebeu outra vez e deu à luz um filho, e disse: “Desta vez meu
marido se sentirá ligado a mim, porque lhe dei três filhos”. E ela o chamou
Levi.
35. Concebeu outra vez e deu à luz um filho, e disse: “Desta vez dou
graças a Javé”. E, por isso, ela o chamou Judá. Depois parou de ter filhos.

[Gênesis 30]Gênesis 30

1. Vendo que não dava filho a Jacó, Raquel ficou com inveja de sua irmã e
disse a Jacó: “Ou você me dá filhos ou eu morro”.
2. Jacó ficou irritado com Raquel, e disse: “Por acaso eu sou Deus para
lhe negar a maternidade?”
3. Raquel respondeu: “Aqui está minha serva Bala. Una-se a ela, para que
ela dê à luz sobre os meus joelhos. Assim terei filhos por meio dela”.
4. Então Raquel lhe deu sua serva Bala como mulher, e Jacó uniu-se a
Bala.
5. Bala concebeu e deu à luz um filho para Jacó.
6. Raquel disse: “Deus me fez justiça; ouviu minha voz e me deu um
filho”. Por isso, o chamou Dã.
7. Bala, a serva de Raquel, concebeu outra vez e gerou um segundo filho
para Jacó.
8. Raquel disse: “Deus me fez competir com minha irmã, e eu venci”. E ela
o chamou Neftali.
9. Lia, vendo que não tinha mais filhos, tomou sua serva Zelfa, e a deu
por esposa a Jacó.
10. Zelfa, a serva de Lia, gerou um filho para Jacó.
11. Lia disse: “Que sorte!” E ela o chamou Gad.
12. Zelfa, a serva de Lia, gerou um segundo filho para Jacó.
13. Lia disse: “Que felicidade! As mulheres me felicitarão”. E o chamou
Aser.
14. Um dia, durante a ceifa do trigo, Rúben saiu para o campo, encontrou
mandrágoras, e as levou para a sua mãe Lia. Raquel disse a Lia: “Dê-me algumas
mandrágoras do seu filho”.
15. Lia lhe respondeu: “Você acha pouco ter tirado o meu marido? Agora
quer também as mandrágoras do meu filho?” Raquel respondeu: “Pois bem! Que ele
durma esta noite com você, em troca das mandrágoras do seu filho”.
16. Quando, de tarde, Jacó voltou do campo, Lia foi ao seu encontro e lhe
disse: “Você vai dormir comigo, pois com as mandrágoras do meu filho comprei o
direito de dormir com você”. E Jacó dormiu com Lia nessa noite.
17. Deus ouviu Lia: ela concebeu e gerou um quinto filho para Jacó.
18. E Lia disse: “Deus pagou meu salário, por ter dado minha serva ao meu
marido”. E o chamou Issacar.
19. Lia concebeu mais uma vez e gerou um sexto filho para Jacó.
20. E Lia disse: “Deus me fez um grande presente! Agora dominarei meu
marido, pois lhe dei seis filhos”. E o chamou Zabulon.
21. Em seguida, Lia deu à luz uma filha, e a chamou Dina.
22. Então Deus se lembrou de Raquel. Deus a ouviu e a tornou fecunda.
23. Raquel concebeu e deu à luz um filho. E disse: “Deus retirou minha
vergonha”.
24. Ela o chamou José, dizendo: “Que Javé me dê mais um”.

O DIREITO DOS EXPLORADOS
25. Quando Raquel deu à luz José, Jacó disse a Labão: “Deixe-me partir
para nosso lugar e nosso país.
26. Dê minhas mulheres, pelas quais eu servi a você, e meus filhos, que
eu irei embora, pois você sabe o quanto eu o servi”.
27. Labão lhe disse: “Que pena! Fiquei sabendo por um oráculo que Javé me
abençoou por causa de você”.
28. E acrescentou: “Diga agora o salário que você quer, e eu pagarei”.

29. Jacó respondeu: “Você sabe quanto eu o servi e como seus bens se
multiplicaram comigo.
30. O pouco que você possuía antes de mim, cresceu imensamente, porque
Javé abençoou você por minha causa. Agora, já é tempo de eu fazer alguma coisa
por minha família”.
31. Labão perguntou: “Quanto lhe devo pagar?” Jacó respondeu: “Não
precisa me pagar nada. Faça apenas o seguinte: voltarei a pastorear e guardar o
seu rebanho.
32. Hoje vou passar pelo meio do seu rebanho; separe todo animal negro
entre os cordeiros e o que é malhado ou pintado entre as cabras. Esse vai ser o
meu salário,
33. e minha honestidade testemunhará por mim no futuro: quando chegar o
momento de você me pagar, tudo o que não for pintado ou malhado entre as cabras
ou negro entre os cordeiros, é porque eu os roubei”.
34. Labão disse: “Está bem, seja como você propõe”.
35. Nesse dia, Labão separou os bodes listrados e malhados, todas as
cabras malhadas ou com manchas brancas, e todos os cordeiros negros. Labão os
entregou a seus filhos,
36. e os mandou levar a três dias de caminhada de onde Jacó estava.
Enquanto isso, Jacó ficou apascentando o resto do rebanho de Labão.
37. Jacó pegou varas verdes de álamo, de amendoeira e de plátano,
descascou-as em tiras brancas, deixando aparecer a parte branca das varas.
38. Em seguida, colocou as varas assim descascadas nos bebedouros diante
do rebanho, onde as ovelhas costumavam beber água, para que os machos cobrissem
as fêmeas quando fossem beber água.
39. Os animais se acasalavam diante das varas e pariam crias listradas,
pintadas e malhadas.
40. Quanto aos cordeiros, Jacó os separou e virou o rebanho para o lado
dos listrados e de tudo o que era negro no rebanho de Labão. Deste modo, ele
separou seus rebanhos e não os colocou junto com o rebanho de Labão.
41. Além disso, cada vez que os animais robustos se acasalavam, Jacó
colocava as varas nos bebedouros diante dos animais, para que eles se
acasalassem diante das varas.
42. Quando os animais eram fracos, Jacó não colocava as varas, de modo
que ficava com Labão o que era fraco e o que era robusto ficava para Jacó.
43. Desse modo, Jacó se enriqueceu muitíssimo, tinha muitos rebanhos,
servos e servas, camelos e jumentos.

[Gênesis 31]Gênesis 31

1. Jacó soube que os filhos de Labão diziam: “Jacó pegou tudo o que
pertencia ao nosso pai, e foi às custas de nosso pai que se enriqueceu”.
2. Jacó observou o rosto de Labão e percebeu que ele já não o tratava
como antes.
3. Javé disse a Jacó: “Volte para a terra de seus pais, para a sua
pátria, e eu estarei com você”.
4. Jacó chamou então Raquel e Lia para que fossem ao campo onde ele
estava com o rebanho.
5. E lhes disse: “Observei o rosto do pai de vocês, que já não me trata
como antes. Mas o Deus de meu pai está comigo.
6. Vocês sabem que servi o pai de vocês com todas as minhas forças.
7. Mas o pai de vocês me enganou, mudando dez vezes o meu salário. Deus,
porém, não permitiu que ele me fizesse mal.
8. Cada vez que ele dizia: ‘O que for pintado será o seu salário’, aí
todos os animais davam crias pintadas; e cada vez que me dizia: ‘O que for
listrado será o seu salário’, então todos os animais davam crias listradas.
9. E assim Deus tirou dele o rebanho e o deu a mim.
10. Aconteceu que, ao chegar o tempo em que os animais entram no cio,
ergui os olhos e vi em sonho que todos os machos que cobriam as fêmeas eram
listrados, malhados ou pintados.
11. O anjo de Deus me disse em sonho: ‘Jacó’. E eu respondi: ‘Aqui
estou’.
12. O anjo disse: ‘Levante os olhos e veja! Todos os machos que cobrem as
fêmeas são listrados, malhados ou pintados. Eu vi o que Labão está fazendo com
você.
13. Eu sou o Deus que apareceu a você em Betel, onde você ungiu uma
estela e me fez um voto. Agora levante-se, saia desta terra e volte para a sua
pátria’ “.
14. Raquel e Lia disseram a Jacó: “Nós teríamos direito a um dote e a uma
herança na casa de nosso pai.
15. No entanto, ele nos trata como estrangeiras, porque nos vendeu e,
ainda por cima, acabou com o nosso dinheiro.
16. Sim, toda a riqueza que Deus retirou de nosso pai pertence a nós e a
nossos filhos. Portanto, faça agora tudo o que Deus disse a você”.
17. Então Jacó se levantou, fez seus filhos e mulheres montarem sobre os
camelos
18. e, guiando todo o rebanho e todos os bens que tinha adquirido em
Padã-Aram, partiu para a casa do seu pai Isaac, na terra de Canaã.
19. Enquanto Labão foi tosquiar o rebanho, Raquel roubou os ídolos
domésticos que pertenciam a seu pai.
20. Jacó, disfarçando na frente de Labão, o arameu, fugiu sem que ele
suspeitasse.
21. Fugiu levando tudo o que possuía. Atravessou o rio e foi para a
região montanhosa de Galaad.

DEFENDER OS DIREITOS ADQUIRIDOS
22. Três dias depois, informaram a Labão que Jacó havia fugido.
23. Labão tomou consigo seus irmãos e, perseguindo Jacó durante sete
dias, alcançou-o na região montanhosa de Galaad.
24. Deus visitou Labão, o arameu, numa visão noturna, e lhe disse:
“Cuidado com o que você vai dizer a Jacó”.
25. Labão alcançou Jacó, que tinha armado a tenda na região montanhosa, e
armou sua tenda na região montanhosa de Galaad.
26. Labão disse a Jacó: “O que você fez? Por que me enganou, levando
embora minhas filhas como se fossem prisioneiras de guerra?
27. Por que fugiu às escondidas, sem me dizer nada? Eu teria despedido
você com festas, cantos, tamborins e liras.
28. Você sequer me deixou beijar minhas filhas e netos. Você foi muito
insensato.
29. Eu poderia causar-lhe dano, mas o Deus de seu pai, na noite passada,
me falou: ‘Cuidado com o que você vai dizer a Jacó’.
30. E se você partiu porque sentiu saudades da casa paterna, por que
roubou meus deuses?”
31. Jacó respondeu a Labão: “Fiquei com medo, pensando que você iria
tirar suas filhas de mim.
32. Mas aquele com quem você encontrar seus deuses não ficará vivo.
Diante de minha gente, se você descobrir algo que lhe pertence, pegue-o”. De
fato, Jacó não sabia que era Raquel quem os havia roubado.
33. Labão foi procurar na tenda de Jacó, depois na tenda de Lia, e por
fim na tenda das duas servas, e nada encontrou. Enquanto saía da tenda de Lia
para entrar na de Raquel,
34. Raquel pegou os ídolos domésticos, colocou-os na sela do camelo e
sentou-se em cima. Labão revirou toda a tenda e nada encontrou.
35. Raquel disse a seu pai: “Que meu senhor não fique bravo porque eu não
me levanto em sua presença: é que me veio o incômodo das mulheres”. Labão
procurou e não encontrou os ídolos.
36. Jacó ficou furioso e começou a discutir com Labão: “Que crime cometi
e qual é a minha falta para você me perseguir?
37. Você revirou todas as minhas coisas: encontrou, por acaso, alguma
coisa sua? Coloque-a aqui, diante de minha gente e sua gente, e que eles julguem
entre nós dois.
38. Veja bem! Estou há vinte anos com você, suas ovelhas e cabras não
abortaram e eu não comi os cordeiros do seu rebanho.
39. Não lhe apresentei os animais despedaçados, mas eu os compensava com
os meus. Você me pedia contas do que era roubado de dia e de noite.
40. De dia, eu era devorado pelo calor, e de noite pelo frio, e não
conseguia pegar no sono.
41. Já estou há vinte anos em sua casa: servi a você catorze anos por
suas duas filhas, seis anos por seu rebanho, e dez vezes você mudou o meu
salário.
42. Se o Deus do meu pai, o Deus de Abraão, o Terrível Deus de Isaac, não
estivesse comigo, você me teria mandado embora de mãos vazias. Mas Deus viu
minha aflição e minha fadiga, e na noite passada me fez justiça”.
43. Labão respondeu a Jacó: “As filhas são minhas, essas crianças são
minhas, o rebanho é meu e tudo o que você vê pertence a mim. Que posso fazer
hoje por essas minhas filhas e pelos netos que elas deram à luz?
44. Vamos fazer uma aliança entre mim e você, que sirva de garantia para
nós dois”.
45. Então Jacó pegou uma pedra e a ergueu como estela.
46. E Jacó disse à sua gente: “Ajuntem pedras”. Eles pegaram pedras e com
elas fizeram um monte, e junto a ele tomaram refeição.
47. Labão chamou o monte de Jegar-Saaduta, e Jacó o chamou de Galed.
48. Labão disse: “Que este monte de pedras seja um testemunho entre nós”.
Por isso, o chamou Galed
49. e Masfa, pois disse: “Javé nos vigiará a nós dois quando nos
separarmos.
50. Se você maltratar minhas filhas ou tomar outras mulheres além delas,
ainda que ninguém veja isso, Deus será nossa testemunha”.
51. Labão disse a Jacó: “Olhe este monte e estela que levantei entre nós
dois.
52. Este monte e estela vão testemunhar que não devo passar deste monte e
estela para o seu lado, e que você não deve passar deste monte e desta estela
para o meu lado, em atitude hostil.
53. Que o Deus de Abraão e o Deus de Nacor sejam nossos juízes”. E Jacó
jurou pelo Deus Terrível de seu pai Isaac.
54. Em seguida, Jacó ofereceu um sacrifício sobre a montanha e convidou
sua gente para a refeição. Comeram e passaram a noite sobre a montanha.

[Gênesis 32]Gênesis 32

1. Labão levantou-se de madrugada, beijou seus netos e suas filhas e os
abençoou. Depois partiu e voltou para casa.
2. Jacó continuou o seu caminho e se encontrou com anjos de Deus.
3. Ao vê-los, Jacó exclamou: “Este é o acampamento de Deus”. Por isso,
deu a esse lugar o nome de Maanaim.

PESO DE UMA CULPA ANTIGA
4. Jacó enviou na frente mensageiros a seu irmão Esaú, no país de Seir,
no campo de Edom.
5. Deu esta ordem a eles: “Vocês falarão deste modo ao meu senhor Esaú:
Assim fala seu servo Jacó: Vivi com Labão e estive com ele até agora.
6. Adquiri bois e jumentos, ovelhas, servos e servas. Envio esta mensagem
ao meu senhor para alcançar o seu favor”.
7. Os mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: “Fomos até seu irmão Esaú e
ele próprio vem vindo ao encontro de você com quatrocentos homens”.
8. Jacó ficou cheio de medo e angústia. Então dividiu em dois grupos os
homens que estavam com ele, e também as ovelhas e bois,
9. calculando: “Se Esaú atacar um dos acampamentos, o outro poderá se
salvar”.
10. Jacó rezou: “Javé, Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaac, tu
me ordenaste: ‘Volte à sua terra e à sua pátria, e eu serei bom com você’.
11. Eu não mereço os favores nem a bondade com que trataste teu servo.
Quando atravessei o Jordão, eu tinha apenas um bastão, agora possuo duas
caravanas.
12. Livra-me da mão do meu irmão Esaú, pois tenho medo que ele venha e
mate as mães com os filhos.
13. Tu me disseste: ‘Eu lhe darei bens e tornarei sua descendência tão
numerosa como a areia do mar, que não se pode contar’ “.
14. E Jacó passou a noite nesse lugar. De tudo o que possuía, Jacó
separou um presente para o seu irmão Esaú:
15. duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte cordeiros,

16. trinta camelas de leite, com suas crias, quarenta vacas e dez touros,
vinte jumentas e dez jumentinhos.
17. Ele os entregou a seus servos em rebanhos separados, e disse a eles:
“Vão na minha frente e deixem espaço entre os rebanhos”.
18. E deu esta ordem ao primeiro: “Quando meu irmão Esaú o encontrar e
lhe perguntar: ‘De quem você é, e para onde vai? De quem é tudo isso que você
está levando?’,
19. então você responderá: ‘É do seu servo Jacó. É um presente que ele
envia para o meu senhor Esaú, e ele próprio chegará depois de nós’ “.
20. Jacó deu a mesma ordem ao segundo e ao terceiro e a todos os que
acompanhavam os rebanhos: “Quando vocês encontrarem Esaú, digam tudo isso.
21. E acrescentem: ‘Veja! Seu servo Jacó está vindo atrás de nós’ “. Pois
Jacó pensava: “Vou acalmar meu irmão com os presentes que vão antes de mim.
Depois eu me apresentarei a ele. Talvez assim ele me receba bem”.
22. Os presentes foram na frente, e Jacó ficou essa noite no acampamento.

LUTA COM DEUS
23. Nessa noite, Jacó se levantou, pegou suas duas mulheres, suas duas
servas, seus onze filhos e atravessou o vau do Jaboc.
24. Jacó os pegou e os fez atravessar a torrente, com tudo o que possuía.

25. E Jacó ficou sozinho. Um homem lutou com Jacó até o despertar da
aurora.
26. Vendo que não conseguia dominá-lo, o homem tocou a coxa dele, de modo
que o tendão da coxa de Jacó se deslocou enquanto lutava com ele.
27. Então o homem disse: “Solte-me, pois a aurora está chegando”. Jacó
respondeu: “Não o soltarei, enquanto você não me abençoar”.
28. O homem lhe perguntou: “Qual é o seu nome?” Ele respondeu: “Jacó”.

29. O homem continuou: “Você já não se chamará Jacó, mas Israel, porque
você lutou com Deus e com homens, e você venceu”.
30. Jacó lhe perguntou: “Diga-me o seu nome”. Mas ele respondeu: “Por que
você quer saber o meu nome?” E aí mesmo o abençoou.
31. Jacó deu a esse lugar o nome de Fanuel, dizendo: “Eu vi Deus face a
face e continuei vivo”.
32. Ao nascer do sol, Jacó atravessou Fanuel e mancava por causa da coxa.

33. Por isso, até hoje os israelitas não comem o nervo ciático, que está
na articulação da coxa: é porque aquele homem feriu Jacó na articulação da coxa,
no nervo ciático.

[Gênesis 33]Gênesis 33

LIÇÃO DE FRATERNIDADE
1. Erguendo os olhos, Jacó viu que Esaú estava chegando com os
quatrocentos homens. Dividiu, então, as crianças entre Lia, Raquel e as duas
servas:
2. na frente, colocou as servas com seus filhos, mais atrás Lia com seus
filhos e, por último, Raquel com José.
3. Então ele foi na frente de todos e prostrou-se por terra sete vezes
antes de chegar até seu irmão.
4. Esaú, porém, correu ao seu encontro, o abraçou e beijou e o apertou
junto ao peito. E ambos começaram a chorar.
5. Esaú, erguendo os olhos, viu as mulheres e as crianças. E perguntou:
“Quem são esses que estão com você?” Jacó respondeu: “São os filhos com que Deus
presenteou o seu servo”.
6. As servas se aproximaram com os filhos, e se prostraram.
7. Lia também se aproximou com os filhos e se prostraram. Finalmente,
aproximou-se Raquel com José, e se prostraram.
8. Esaú perguntou: “Que significam todos esses rebanhos que eu vinha
encontrando pelo caminho?” Jacó respondeu: “É para alcançar as graças do meu
senhor”.
9. Esaú replicou: “Caro irmão, eu tenho o suficiente. Fique com o que é
seu”.
10. Jacó insistiu: “De modo algum! Se alcancei o seu favor, aceite estes
presentes de minha mão, pois vim à sua presença como se eu fosse à presença de
Deus, e você me acolheu bem.
11. Aceite, portanto, o presente que lhe ofereço, pois Deus me favoreceu,
e eu tenho tudo o que preciso”. Como Jacó insistisse, Esaú aceitou.
12. Depois, Esaú disse: “Vamos continuar a viagem. Eu irei com você”.
13. Mas Jacó lhe respondeu: “Meu senhor sabe que as crianças são
delicadas e que devo pensar nas ovelhas e vacas de leite. Bastaria um dia de
marcha forçada e todo o rebanho morreria.
14. Que meu senhor vá na frente de seu servo; eu irei devagar, ao passo
das crianças e do rebanho que vai na minha frente. Alcançarei o meu senhor em
Seir”.
15. Então Esaú disse: “Deixarei com você alguns de meus homens como
escolta”. Mas Jacó recusou: “Para que isso, se alcancei o favor de meu senhor?”

16. Nesse dia, Esaú voltou para Seir.
17. Jacó, porém, partiu para Sucot, onde construiu uma casa e currais
para o rebanho. É por isso que se deu ao lugar o nome de Sucot.
18. Jacó chegou são e salvo à cidade de Siquém, na terra de Canaã, quando
voltou de Padã-Aram, e acampou diante da cidade.
19. O terreno, onde ergueu sua tenda, ele o comprou dos filhos de Hemor,
pai de Siquém, por cem moedas de prata.
20. Aí levantou um altar, que denominou “El, o Deus de Israel”.

[Gênesis 34]Gênesis 34

DINA E SIQUÉM
1. Dina, filha de Lia e Jacó, saiu para ver as mulheres do país.
2. Siquém, o filho do heveu Hemor, príncipe do país, tendo-a visto,
tomou-a, dormiu com ela e a violentou.
3. Contudo, sentiu-se atraído por Dina, filha de Jacó, apaixonou-se por
ela e procurou cativá-la.
4. Então Siquém falou a seu pai Hemor: “Consegue-me essa jovem para ser
minha mulher”.
5. Jacó soube que Siquém tinha desonrado sua filha Dina; mas, como seus
filhos estavam no campo com o rebanho, esperou em silêncio até que eles
voltassem.
6. Hemor, pai de Siquém, foi falar com Jacó.
7. Quando os filhos de Jacó voltaram do campo e souberam da notícia,
ficaram indignados e furiosos, pois era uma infâmia em Israel que Siquém tivesse
dormido com a filha de Jacó, coisa que não se faz.
8. Hemor falou com eles: “Meu filho Siquém se apaixonou pela filha de
vocês. Peço que vocês a dêem para ele como esposa.
9. Assim nos tornaremos parentes: vocês nos darão suas filhas e tomarão
as nossas para vocês,
10. e viverão conosco. A terra está à disposição de vocês: podem morar
nela, fazer comércio e adquirir propriedades”.
11. Siquém disse ao pai e aos irmãos de Dina: “Façam-me esse favor, e eu
lhes darei o que vocês me pedirem.
12. Vocês podem colocar um preço alto pela noiva: eu pagarei o que vocês
me pedirem, contanto que a dêem para ser minha mulher”.
13. Os filhos de Jacó responderam a Siquém e a seu pai Hemor com
falsidade, porque sua irmã Dina tinha sido desonrada:
14. “Não podemos fazer o que pedem, dando nossa irmã para um homem que
não é circuncidado, pois isso é uma desonra para nós.
15. Só vamos concedê-la com uma condição: vocês devem se tornar como nós
e circuncidar todos os homens.
16. Então daremos a vocês nossas filhas e tomaremos as filhas de vocês
para nós; viveremos com vocês e seremos um só povo.
17. Mas, se vocês não aceitarem a circuncisão, vamos tomar nossa filha e
partir”.
18. As palavras deles agradaram a Hemor e a Siquém, filho de Hemor.
19. O jovem não tardou em fazer isso, pois queria a filha de Jacó, e era
o mais considerado de toda a família.
20. Então Hemor e seu filho Siquém foram ao Conselho da cidade e falaram
a toda a população:
21. “Essa gente é de paz: que eles habitem a nossa terra entre nós, e
nela façam comércio, pois a terra é espaçosa. Tomaremos as filhas deles como
mulheres e daremos as nossas filhas a eles.
22. Mas eles colocaram uma condição para viver entre nós e formar um só
povo: que todos os homens sejam circuncidados como eles.
23. Seus rebanhos, seus bens e animais serão nossos. Aceitemos, e eles
viverão entre nós”.
24. Os membros do Conselho aceitaram a proposta de Hemor e de seu filho
Siquém, e circuncidaram todos os homens que tinham idade para freqüentar o
Conselho.
25. No terceiro dia, quando os homens estavam convalescendo, Simeão e
Levi, filhos de Jacó e irmãos de Dina, tomaram cada um a sua espada, entraram
sem oposição na cidade e mataram todos os homens.
26. Passaram a fio de espada Hemor e seu filho Siquém, tomaram Dina da
casa de Siquém, e partiram.
27. Os filhos de Jacó atacaram os feridos e pilharam a cidade, porque
haviam desonrado sua irmã.
28. E deles pegaram as ovelhas, bois e jumentos, tudo o que havia na
cidade e no campo.
29. Roubaram-lhes todos os bens, todas as crianças, e pilharam o que
havia nas casas.
30. Jacó disse a Simeão e Levi: “Vocês me arruinaram, tornando-me odioso
para os cananeus e ferezeus que habitam o país. Somos poucos: se eles se
reunirem e nos atacarem, me matarão e acabarão comigo e com minha família”.
31. Mas eles responderam: “Por acaso nossa irmã pode ser tratada como uma
prostituta?”

[Gênesis 35]Gênesis 35

JACÓ EM BETEL
1. Deus disse a Jacó: “Levante-se, suba a Betel e vá morar aí. E aí
construa um altar ao Deus que lhe apareceu, quando você estava fugindo do seu
irmão Esaú”.
2. Então Jacó disse à sua família e a todos os que estavam com ele:
“Joguem fora os deuses estrangeiros que estão no meio de vocês, purifiquem-se e
troquem de roupa.
3. Vamos subir a Betel, onde farei um altar ao Deus que me ouviu no
perigo e me acompanhou em minha viagem”.
4. Eles entregaram a Jacó todos os deuses estrangeiros que possuíam, e os
anéis que traziam nas orelhas. E Jacó enterrou tudo debaixo do carvalho que está
junto a Siquém.
5. Levantaram acampamento, e o terror de Deus caía sobre as cidades
vizinhas, e os filhos de Jacó não foram perseguidos.
6. Jacó chegou com toda a sua gente a Luza, que é Betel, na terra de
Canaã.
7. Aí ele construiu um altar e deu ao lugar o nome de El-Betel, porque aí
Deus apareceu a ele quando fugia do seu irmão.
8. Nessa ocasião, morreu Débora, ama de Rebeca, e foi enterrada perto de
Betel, debaixo do carvalho que se chama Carvalho-dos-Prantos.
9. Ao voltar de Padã-Aram, Deus apareceu de novo a Jacó e o abençoou,
10. dizendo: “Seu nome é Jacó, mas você não se chamará mais Jacó: seu
nome será Israel”. E lhe deu o nome de Israel.
11. Deus acrescentou: “Eu sou o Deus Todo-poderoso: seja fecundo e
multiplique-se. De você nascerá uma nação, uma assembléia de nações, e de suas
entranhas sairão reis.
12. Entrego a você a terra que dei a Abraão e Isaac; darei essa terra a
vocês e a seus descendentes”.
13. Depois que Deus se retirou de junto dele,
14. Jacó ergueu uma estela de pedra no lugar em que havia falado com
Deus. Depois fez sobre ela uma libação e a ungiu com óleo.
15. E Jacó deu o nome de Betel ao lugar onde Deus lhe havia falado.

MORTE DE RAQUEL E ISAAC
16. Partiram de Betel. Quando faltava um bom trecho para chegarem a
Éfrata, Raquel deu à luz. O parto foi difícil
17. e, como desse à luz com dificuldade, a parteira lhe disse: “Não tenha
medo, pois também este é um menino!”
18. Estando prestes a morrer, Raquel lhe deu o nome de Benoni, mas o pai
o chamou Benjamim.
19. Raquel morreu e foi enterrada no caminho de Éfrata, que hoje é Belém.

20. Jacó ergueu uma estela sobre o seu túmulo; é a estela do túmulo de
Raquel, que existe até hoje.
21. Israel partiu e acampou no outro lado da Torre do Rebanho.
22. Enquanto Israel habitava nessa região, Rúben dormiu com Bala,
concubina de seu pai, e Israel ficou sabendo. Os filhos de Jacó foram doze.
23. Filhos de Lia: Rúben, o primogênito de Jacó; depois, Simeão, Levi,
Judá, Issacar e Zabulon.
24. Filhos de Raquel: José e Benjamim.
25. Filhos de Bala, serva de Raquel: Dã e Neftali.
26. Filhos de Zelfa, serva de Lia: Gad e Aser. Estes são os filhos de
Jacó que nasceram em Padã-Aram.
27. Jacó voltou para a casa de Isaac, seu pai, em Mambré, em Cariat-Arbe,
hoje Hebron, onde habitaram Abraão e Isaac.
28. Isaac viveu cento e oitenta anos,
29. e morreu. Morreu e se reuniu com seus parentes, velho e com muitos
anos. Seus filhos Esaú e Jacó o enterraram.

[Gênesis 36]Gênesis 36

UM POVO IRMÃO
1. Descendentes de Esaú, que é Edom.
2. Esaú casou-se com mulheres cananéias: Ada, filha de Elon, o heteu;
Oolibama, filha de Ana, filho de Sebeon, o heveu;
3. Basemat, filha de Ismael e irmã de Nabaiot.
4. Ada gerou Elifaz para Esaú; Basemat gerou Rauel.
5. Oolibama gerou Jeús, Jalam e Coré. São esses os filhos de Esaú,
nascidos na terra de Canaã.
6. Esaú tomou suas mulheres, filhos e filhas, todas as pessoas de sua
casa, seu rebanho e todo o seu gado, e tudo o que havia adquirido na terra de
Canaã, e foi para a terra de Seir, longe do seu irmão Jacó.
7. Eles tinham muitos bens e não podiam viver juntos, e a terra em que
moravam não podia manter a eles e seus rebanhos.
8. Então Esaú se estabeleceu na região montanhosa de Seir. Esaú é Edom.

9. Descendentes de Esaú, antepassado dos edomitas, na região montanhosa
de Seir.
10. Lista dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; e
Rauel, filho de Basemat, mulher de Esaú.
11. Filhos de Elifaz: Temã, Omar, Sefo, Gatam e Cenez.
12. Elifaz, filho de Esaú, tinha uma concubina chamada Tamna, e ela gerou
para ele Amalec. São esses os netos de Ada, mulher de Esaú.
13. Filhos de Rauel: Naat, Zara, Sama, Meza. São esses os netos de
Basemat, mulher de Esaú.
14. Filhos de Oolibama, filha de Ana, filho de Sebeon, mulher de Esaú:
Jeús, Jalam e Coré.
15. Chefes dos filhos de Esaú. Filhos de Elifaz, primogênito de Esaú: os
chefes de Temã, Omar, Sefo, Cenez,
16. Coré, Gatam e Amalec. São esses os chefes de Elifaz na terra de Edom;
são descendentes de Ada.
17. Os seguintes são todos filhos de Rauel, filho de Esaú: os chefes de
Naat, Zara, Sama e Meza. São esses os chefes de Rauel, na terra de Edom; são
descendentes de Basemat, mulher de Esaú.
18. Os seguintes são filhos de Oolibama, mulher de Esaú: os chefes de
Jeús, Jalam e Coré. São esses os filhos de Oolibama, mulher de Esaú e filha de
Ana.
19. São esses os filhos e os chefes de Esaú, que é Edom.
20. Filhos de Seir, o horreu, habitantes da terra: Lotã, Sobal, Sebeon,
Ana,
21. Dison, Eser e Disã. São esses os chefes horreus, descendentes de
Seir, na terra de Edom.
22. Os filhos de Lotã foram Hori e Emam, e a irmã de Lotã era Tamna.
23. Filhos de Sobal: Alvã, Manaat, Ebal, Sefo e Onam.
24. Filhos de Sebeon: Aía e Ana. Foi este Ana que encontrou as águas
quentes no deserto, enquanto apascentava os jumentos de seu pai Sebeon.
25. Filhos de Ana: Dison e Oolibama, filha de Ana.
26. Filhos de Dison: Hamdã, Esebã, Jetrã e Carã.
27. Filhos de Eser: Balaã, Zavã e Acã.
28. Filhos de Disã: Hus e Arã.
29. Chefes dos horreus: os chefes de Lotã, Sobal, Sebeon, Ana,
30. Dison, Eser e Disã. São esses os chefes dos horreus, segundo seus
clãs na terra de Seir.
31. Reis que reinaram na terra de Edom, antes que os israelitas tivessem
um rei.
32. Em Edom reinou Bela, filho de Beor, e sua cidade se chamava Danaba.

33. Bela morreu e em seu lugar reinou Jobab, filho de Zara, de Bosra.
34. Jobab morreu e em seu lugar reinou Husam, da terra dos temanitas.
35. Husam morreu e em seu lugar reinou Adad, filho de Badad, que derrotou
os madianitas nos campos de Moab; sua cidade se chamava Avit.
36. Adad morreu e em seu lugar reinou Semla de Masreca.
37. Semla morreu e em seu lugar reinou Saul, de Reobot Naar.
38. Saul morreu e em seu lugar reinou Baalanã, filho de Acobor.
39. Baalanã, filho de Acobor, morreu e em seu lugar reinou Adad; sua
cidade chamava-se Fau; sua mulher se chamava Meetabel, filha de Matred, de
Mezaab.
40. Nomes dos chefes de Esaú por grupos, localidades e nomes: Tamna,
Alva, Jetet,
41. Oolibama, Ela, Finon,
42. Cenez, Temã, Mabsar,
43. Magdiel e Iram. São esses os chefes de Edom, segundo as regiões onde
habitavam. Esaú é o antepassado de Edom.

[Gênesis 37]3. HISTÓRIA DE JOSÉ E
SEUS IRMÃOS

Gênesis 37

PREFERÊNCIAS PROVOCAM INVEJA
1. Jacó permaneceu em Canaã, a terra em que seu pai tinha morado.
2. Esta é a história de Jacó. José tinha dezessete anos e pastoreava o
rebanho com seus irmãos. Ajudava os filhos de Bala e Zelfa, mulheres de seu pai.
Certo dia, falou a seu pai da má fama que eles tinham.
3. José era o preferido de Israel, porque era o filho de sua velhice e,
por isso, mandou fazer para ele uma túnica de mangas longas.
4. Seus irmãos perceberam que o pai o preferia aos outros filhos. Por
isso, ficaram com raiva, e não falavam amigavelmente com ele.
5. Um dia, José teve um sonho e o contou a seus irmãos, que ficaram com
mais raiva dele.
6. José disse aos irmãos: “Escutem o sonho que eu tive.
7. Estávamos atando feixes no campo; meu feixe se levantou e ficou de pé
e os feixes de vocês o rodearam e se prostraram diante dele”.
8. Os irmãos lhe perguntaram: “Será que você está querendo ser nosso rei
ou dominar-nos como senhor?” E eles ficaram com mais raiva ainda, por causa dos
sonhos que José lhes contava.
9. E José teve mais um sonho que contou a seus irmãos: “Tive outro sonho:
o sol, a lua e onze estrelas se prostravam diante de mim”.
10. Ele contou o sonho a seu pai e aos irmãos. Então o pai o repreendeu,
dizendo: “Que sonho é esse que você teve? Quer dizer que eu, sua mãe e seus
irmãos vamos prostrar-nos por terra diante de você?”
11. Os irmãos ficaram com ciúmes de José, enquanto o pai meditava sobre o
assunto.

INVEJA PRODUZ ÓDIO FRATRICIDA
12. Os irmãos de José foram apascentar o rebanho de seu pai em Siquém.

13. Israel disse a José: “Seus irmãos devem estar com os rebanhos em
Siquém. Venha cá! Vou mandar você até onde eles estão”. José respondeu: “Aqui
estou”.
14. O pai lhe disse: “Então vá ver como estão seus irmãos e o rebanho, e
traga-me notícias”. O pai o mandou do vale de Hebron, e José chegou a Siquém.

15. Um homem encontrou José que andava errante pelos campos. E lhe
perguntou: “O que é que você está procurando?”
16. José respondeu: “Procuro meus irmãos. Por favor, diga-me: onde eles
estão apascentando os rebanhos?”
17. O homem disse: “Eles partiram daqui, e eu os ouvi dizer que iam para
Dotain”. Então José foi à procura de seus irmãos e os encontrou em Dotain.
18. Os irmãos o viram de longe e, antes que se aproximasse, começaram a
planejar a morte dele.
19. Disseram entre si: “Aí vem o sonhador!
20. Vamos matá-lo e jogá-lo num poço. Diremos que um animal feroz o
devorou. Veremos, então, para que servem seus sonhos”.
21. Rúben ouviu isso e procurou salvar José das mãos deles. Rúben disse:
“Não vamos matá-lo”.
22. E continuou: “Não derramem sangue. Joguem o rapaz nesse poço do
deserto, mas não levantem a mão contra ele”. Rúben pretendia salvar José das
mãos deles e devolvê-lo ao pai.
23. Quando José chegou ao lugar onde estavam seus irmãos, eles lhe
arrancaram a túnica de mangas longas,
24. o agarraram e o jogaram dentro de um poço vazio, onde não havia água.

25. Depois, sentaram-se para comer. Levantando os olhos, viram uma
caravana de ismaelitas que vinha de Galaad. Seus camelos estavam carregados de
especiarias, bálsamo e resina, que levavam para o Egito.
26. Então Judá falou a seus irmãos: “Que vamos ganhar matando nosso irmão
e escondendo o crime?
27. Vamos vendê-lo aos ismaelitas, mas não levantemos a mão contra ele,
pois afinal ele é nosso irmão, da mesma carne que nós”. Os irmãos concordaram.

28. Quando passaram alguns mercadores madianitas, estes retiraram José do
poço, e depois venderam José aos ismaelitas por vinte moedas de prata, e estes o
levaram para o Egito.
29. Quando Rúben voltou ao poço, viu que José não estava mais aí. Então
rasgou as vestes
30. e, voltando até os irmãos, falou: “O rapaz não está mais lá. E eu,
para onde irei?”
31. Então pegaram a túnica de José e, degolando um bode, molharam a
túnica no sangue.
32. Mandaram levar a túnica para o pai, dizendo: “Encontramos isso; veja
se é ou não é a túnica do seu filho”.
33. O pai olhou e disse: “É a túnica do meu filho! Uma fera o devorou:
José foi despedaçado!”
34. Jacó rasgou as vestes, vestiu-se de luto e chorou a morte do filho
por muito tempo.
35. Todos os seus filhos e filhas procuraram consolá-lo, mas ele recusava
consolo e dizia: “De luto por meu filho descerei ao túmulo”. E seu pai chorou
por ele.
36. Entretanto, os madianitas no Egito venderam José para Putifar,
ministro e chefe da guarda do Faraó.

[Gênesis 38]Gênesis 38

JUDÁ E TAMAR
1. Nesse tempo, Judá se separou de seus irmãos e foi viver na casa de um
homem de Odolam, que se chamava Hira.
2. Judá viu aí a filha de um cananeu chamado Sué, a tomou e viveu com
ela.
3. A mulher concebeu e deu à luz um filho, a quem chamou Her.
4. Ela concebeu de novo e deu à luz outro filho, a quem chamou Onã.
5. Concebeu ainda outra vez e gerou mais um filho, a quem chamou Sela;
quando o deu à luz, ela estava em Casib.
6. Judá tomou uma esposa para seu primogênito Her; a mulher se chamava
Tamar.
7. No entanto, Her, primogênito de Judá, desagradou a Javé, que o fez
morrer.
8. Então Judá disse a Onã: “Case com a viúva de seu irmão; cumpra sua
obrigação de cunhado, e dê uma descendência para seu irmão”.
9. Onã, porém, sabia que a descendência não seria sua e, cada vez que se
unia à mulher do seu irmão, derramava o sêmen por terra, para não dar
descendência ao irmão.
10. O que ele fazia desagradava a Javé, que o fez morrer também.
11. Então Judá disse à sua nora Tamar: “Viva como viúva na casa de seu
pai e espere que cresça meu filho Sela”. Dizia isso, pensando: “Não convém que
ele morra como seus irmãos”. Tamar, então, voltou para a casa do seu pai.
12. Passou muito tempo e morreu a filha de Sué, mulher de Judá. Tendo
passado o luto, Judá subiu para Tamna, junto com Hira, seu amigo de Odolam, para
tosquiar o rebanho.
13. Comunicaram a Tamar: “Seu sogro está subindo a Tamna para tosquiar o
rebanho”.
14. Então Tamar tirou o traje de viúva, cobriu-se com véu e sentou-se na
entrada de Enaim, que fica no caminho para Tamna. Ela viu que Sela já era adulto
e não lhe fora dado como esposo.
15. Vendo-a, Judá pensou que fosse uma prostituta, pois ela tinha coberto
o rosto.
16. Aproximou-se dela no caminho, e disse: “Deixe-me ir com você”. Judá
não sabia que era a sua nora. Ela perguntou: “O que você me dará para ir
comigo?”
17. Judá respondeu: “Eu mandarei para você um cabrito do rebanho”. Ela
replicou: “Está bem; mas você vai deixar uma garantia comigo até mandar o
cabrito”.
18. Judá perguntou: “Que garantia você quer?” Ela respondeu: “O anel de
selo com o cordão e o cajado que você está levando”. Judá os entregou e foi com
ela, deixando-a grávida.
19. Tamar se levantou, tirou o véu e vestiu novamente o traje de viúva.

20. Judá mandou o cabrito por meio de seu amigo de Odolam, a fim de
recuperar os objetos que havia deixado com a mulher. Mas ele não a encontrou.

21. Então perguntou aos homens do lugar: “Onde está aquela prostituta que
fica no caminho de Enaim?” Eles responderam: “Aqui nunca houve prostituta
nenhuma!”
22. Então o homem voltou a Judá, e lhe disse: “Não a encontrei, e os
homens do lugar disseram que ali nunca houve prostituta nenhuma”.
23. Judá replicou: “Que ela fique com tudo e não zombe de nós, pois eu
mandei o cabrito, e você não a encontrou”.
24. Três meses depois, disseram a Judá: “Sua nora Tamar se prostituiu e
está grávida por causa de sua má conduta”. Então Judá ordenou: “Tragam-na para
fora e seja queimada viva”.
25. Quando a agarraram, ela mandou dizer a seu sogro: “Estou grávida do
homem a quem pertencem este anel de selo, este cordão e este cajado”.
26. Judá os reconheceu, e disse: “Ela é mais honesta do que eu, pois não
lhe dei meu filho Sela”. E não teve mais relações com ela.
27. Quando chegou o tempo do parto, Tamar teve gêmeos.
28. Durante o parto, um deles estendeu a mão, e a parteira pegou-a e
amarrou nela uma fita vermelha, dizendo: “Foi este que saiu primeiro”.
29. Mas ele retirou a mão e foi seu irmão quem saiu. Então a parteira
disse: “Que brecha você abriu!” E o chamaram Farés.
30. Em seguida, saiu seu irmão, que tinha a fita vermelha na mão, e o
chamaram Zara.

[Gênesis 39]Gênesis 39

JAVÉ ESTÁ COM JOSÉ
1. Quando levaram José para o Egito, o egípcio Putifar, ministro e chefe
da guarda do Faraó, o comprou dos ismaelitas, que o tinham levado para lá.
2. Javé estava com José e lhe deu sorte, de modo que o deixaram na casa
de seu amo egípcio.
3. Vendo que Javé estava com José e que fazia prosperar tudo o que ele
empreendia,
4. seu amo teve grande afeição por ele e o colocou a seu serviço pessoal:
fez dele seu administrador, confiando-lhe tudo o que possuía.
5. Desde que José foi colocado como administrador da casa e de tudo o que
pertencia a Putifar, Javé abençoou a casa do egípcio em consideração a José: a
bênção de Javé atingiu tudo o que o egípcio possuía, em casa e no campo.
6. Putifar entregou tudo nas mãos de José, sem preocupar-se com outra
coisa, a não ser com o pão que comia. José era belo de porte e tinha um rosto
bonito.
7. Passado algum tempo, a mulher do amo ficou de olhos caídos em José e
lhe propôs: “Durma comigo”.
8. José recusou, e respondeu à mulher de seu amo: “Veja! Meu amo não se
ocupa com nada da casa e entregou em minhas mãos tudo o que possui.
9. Nesta casa, ele não é mais poderoso do que eu: ele não reservou nada
para si, a não ser você, que é mulher dele. Como posso cometer semelhante crime,
pecando contra Deus?”
10. Ela insistia todos os dias, mas José não consentiu em dormir ao seu
lado, nem se entregou a ela.
11. Certo dia, José foi para casa fazer seu serviço, e nenhum dos
domésticos estava em casa.
12. A mulher o agarrou pela roupa, convidando: “Durma comigo”. José,
porém, deixou as roupas na mão dela, saiu e fugiu.
13. Vendo que José deixara as roupas em suas mãos e fugira,
14. a mulher chamou os domésticos e lhes disse: “Vejam! Meu marido trouxe
um hebreu para abusar de nós. Ele se aproximou para dormir comigo, mas eu dei um
grande grito.
15. Vendo que eu erguia a voz e gritava, ele deixou a roupa comigo e
fugiu”.
16. A mulher ficou com a roupa até que o marido voltasse.
17. Então ela lhe contou a mesma história: “O escravo hebreu que você
trouxe aproximou-se para abusar de mim.
18. Eu levantei a voz e gritei; então ele deixou sua roupa comigo e
fugiu”.
19. O marido ficou furioso quando ouviu o que sua mulher contava: “Veja
como seu escravo agiu comigo”.
20. Mandou, então, buscar José e o atirou na prisão, onde estavam os
prisioneiros do rei. Foi desse modo que José foi parar na prisão.
21. No entanto, Javé estava com José e lhe concedeu favores, atraindo
para ele a simpatia do carcereiro-chefe.
22. O carcereiro-chefe confiou a José todos os detidos que estavam na
prisão. Era José quem organizava tudo o que aí se fazia.
23. O carcereiro-chefe não se preocupava com nada do que lhe fora
confiado, porque Javé estava com José e fazia prosperar tudo o que este
empreendia.

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[Gênesis 40]Gênesis 40

JOSÉ SABE DISCERNIR
1. Passado algum tempo, o copeiro e o padeiro do rei do Egito ofenderam
seu senhor, o rei do Egito.
2. O Faraó ficou irado contra esses dois ministros, o chefe dos copeiros
e o chefe dos padeiros,
3. e mandou prendê-los na casa do chefe da guarda, na mesma prisão onde
estava José.
4. O chefe da guarda indicou José para servi-los. Assim, eles ficaram na
prisão por algum tempo.
5. Certa noite, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que estavam na
prisão, tiveram um sonho, cada qual com o seu significado.
6. Pela manhã, José foi onde eles se encontravam e percebeu que estavam
deprimidos.
7. José perguntou, então, aos ministros do Faraó que estavam presos com
ele na casa do seu amo: “Por que vocês estão de cara triste?”
8. Eles responderam: “É que tivemos um sonho e não há ninguém para
interpretá-lo”. José replicou: “É Deus quem pode interpretar. Contem os sonhos”.

9. O chefe dos copeiros contou seu sonho para José: “Sonhei que havia uma
videira diante de mim.
10. Na videira havia três ramos: eles deram brotos, floresceram e as uvas
amadureceram em cachos.
11. Eu tinha na mão a taça do Faraó: peguei os cachos de uvas, espremi-os
na taça do Faraó, e coloquei a taça na mão do Faraó”.
12. José disse ao chefe dos copeiros: “Esta é a interpretação: os três
ramos representam três dias.
13. Daqui a três dias, o Faraó se lembrará de você e lhe devolverá o seu
cargo: você colocará a taça do Faraó na mão dele, como antes você costumava
fazer, quando era seu copeiro.
14. Lembre-se de mim quando você estiver bem, e faça-me este favor:
mencione o meu nome ao Faraó para que ele me tire desta prisão.
15. Eu fui seqüestrado da terra dos hebreus e não fiz nada aqui para me
atirarem nesta prisão”.
16. O chefe dos padeiros viu que José havia interpretado bem, e contou a
ele: “Eu também tive um sonho. Havia três cestas de bolos sobre a minha cabeça.

17. Na cesta mais alta havia todos os tipos de doces que o Faraó come,
porém as aves os comiam na cesta que eu levava na cabeça”.
18. José respondeu: “Esta é a interpretação: as três cestas representam
três dias.
19. Daqui a três dias, o Faraó se lembrará de você, o enforcará, e as
aves comerão a carne do seu corpo”.
20. Três dias depois, era o aniversário do Faraó. Então ele deu um
banquete a todos os ministros, e libertou o chefe dos copeiros e o chefe dos
padeiros.
21. Ele devolveu o cargo ao chefe dos copeiros, e este colocou a taça na
mão do Faraó.
22. Quanto ao chefe dos padeiros, o Faraó mandou enforcá-lo, como José
havia interpretado.
23. O chefe dos copeiros, porém, não se lembrou de José, e se esqueceu
dele.

[Gênesis 41]Gênesis 41

PROVIDÊNCIA DE DEUS E PREVIDÊNCIA DO HOMEM
1. Dois anos depois, o Faraó teve um sonho: estava de pé, junto ao rio
Nilo,
2. e viu subir do Nilo sete vacas bonitas e gordas, que pastavam na
invernada.
3. Atrás delas, subiram do rio outras sete vacas, feias e magras, que se
puseram ao lado das primeiras na margem do rio.
4. Então as vacas feias e magras devoraram as sete vacas gordas e
bonitas. Nisso, o Faraó acordou.
5. O Faraó tornou a dormir, e teve outro sonho: sete espigas brotavam do
mesmo talo, granadas e bonitas.
6. E atrás delas nasceram sete espigas mirradas e ressequidas.
7. Aí, as espigas mirradas devoraram as sete espigas granadas e graúdas.
Então o Faraó acordou: tivera um sonho.
8. Pela manhã, o Faraó estava perturbado e chamou todos os magos e sábios
do Egito. Contou-lhes o sonho que tivera, mas ninguém foi capaz de
interpretá-lo.
9. Então o chefe dos copeiros disse ao Faraó: “Devo confessar hoje o meu
pecado.
10. O Faraó tinha se irritado contra seus servos e os colocou na prisão
na casa do chefe da guarda, tanto a mim como ao chefe dos padeiros.
11. Na mesma noite, ele e eu tivemos um sonho, cada qual com significado
diferente.
12. Havia ali conosco um jovem hebreu, escravo do chefe da guarda. Nós
lhe contamos os sonhos e ele os interpretou, dando o significado de cada um.
13. E depois aconteceu exatamente como ele havia interpretado. Eu recebi
de novo o meu cargo, e o outro foi enforcado”.
14. Então o Faraó mandou chamar José. E o tiraram depressa da prisão; ele
se barbeou, mudou de roupa e se apresentou ao Faraó.
15. O Faraó disse a José: “Tive um sonho e ninguém sabe interpretá-lo.
Ouvi dizer que você ouve um sonho e sabe interpretá-lo”.
16. José respondeu ao Faraó: “Quem sou eu? É Deus quem dará uma resposta
favorável ao Faraó”.
17. Então o Faraó contou a José: “Sonhei que estava de pé na margem do
rio Nilo.
18. Do rio subiam sete vacas gordas e bonitas que pastavam na invernada.

19. Atrás delas subiram outras sete, cansadas, feias e magras, tão feias
como nunca vi no Egito.
20. Aí, as vacas magras e feias devoraram as sete primeiras, as vacas
gordas.
21. Depois que as devoraram, não parecia que as tinham devorado, porque a
aparência delas continuava tão feia como antes. Então acordei.
22. Depois, tive outro sonho: sete espigas subiam do mesmo talo, e eram
cheias e bonitas.
23. Atrás delas nasceram sete espigas secas, mirradas e queimadas.
24. Aí, as espigas mirradas devoraram as sete espigas bonitas. Eu contei
isso aos magos, e ninguém foi capaz de interpretar”.
25. José disse ao Faraó: “Trata-se de um sonho único. Deus está
anunciando ao Faraó o que ele vai realizar.
26. As sete vacas bonitas representam sete anos e as sete espigas bonitas
representam sete anos. É o mesmo sonho.
27. As sete vacas magras e feias, que sobem logo em seguida, representam
sete anos; e também as sete espigas mirradas e queimadas: é que haverá sete anos
de fome.
28. É como eu disse ao Faraó: Deus está mostrando ao Faraó o que ele vai
realizar.
29. Virão sete anos em que haverá grande abundância em toda a terra do
Egito;
30. depois, virão sete anos de fome, que farão esquecer a abundância na
terra do Egito. A fome esgotará a terra,
31. e ninguém mais saberá o que era a abundância na terra, por causa da
fome que virá depois, pois ela será duríssima.
32. E se o sonho do Faraó se repetiu duas vezes é porque o fato está bem
decidido por parte de Deus, e Deus logo o realizará.
33. Agora, portanto, que o Faraó escolha um homem inteligente e sábio, e
o coloque à frente do Egito.
34. Que o Faraó, agindo, institua funcionários no país, tome a quinta
parte dos produtos da terra do Egito, durante os sete anos de abundância.
35. Que eles reúnam todos os víveres desses anos bons que virão,
armazenem o trigo sob a autoridade do Faraó e guardem os víveres nas cidades.

36. Esses víveres servirão de reserva para o país, quando chegarem os
sete anos de fome. Desse modo, a terra do Egito não será exterminada pela fome.

O POVO É SALVO DA FOME
37. O conselho de José agradou ao Faraó e a todos os seus ministros.
38. Então, o Faraó disse aos ministros: “Poderão, por acaso, encontrar um
homem como este, em quem esteja o espírito de Deus?”
39. Então o Faraó disse a José: “Visto que Deus revelou tudo isso a você,
não há ninguém tão inteligente e sábio como você.
40. Você será o administrador do meu palácio, e todo o povo obedecerá às
suas ordens. Só pelo trono serei maior do que você”.
41. E o Faraó continuou: “Veja! Eu coloco você à frente de todo o país”.

42. Então o Faraó tirou da mão o anel de selo e o colocou na mão de José:
vestiu-o com roupas de linho fino e lhe colocou no pescoço um colar de ouro.
43. Depois, fez José subir sobre o melhor carro que havia depois do seu,
e proclamar à sua frente: “De joelhos!” E assim José foi colocado à frente de
todo o Egito.
44. O Faraó disse a José: “Eu sou o Faraó, mas, sem a sua permissão,
ninguém erguerá mão ou pé em todo o Egito”.
45. E o Faraó deu a José o nome de Safanet-Fanec, e lhe deu como mulher
Asenet, filha de Putifar, sacerdote de On. E José saiu para percorrer o Egito.

46. José tinha trinta anos quando se apresentou diante do Faraó, rei do
Egito. José deixou a presença do Faraó e percorreu toda a terra do Egito.
47. Durante os sete anos de abundância, o país teve superprodução.
48. E José reuniu todos os víveres dos sete anos de abundância na terra
do Egito e armazenou os víveres nas cidades, colocando em cada cidade os víveres
dos campos da redondeza.
49. José armazenou trigo como areia do mar: a quantidade era tal que se
renunciou a medi-lo, porque ultrapassava qualquer medida.
50. Antes de chegar o primeiro ano da fome, José teve dois filhos de
Asenet, filha de Putifar, sacerdote de On.
51. José deu ao mais velho o nome de Manassés, dizendo: “Deus me fez
esquecer minhas fadigas e a casa paterna”.
52. Ao segundo, ele deu o nome de Efraim, dizendo: “Deus me tornou
fecundo na terra de minha aflição”.
53. Acabaram os sete anos de abundância na terra do Egito,
54. e chegaram os sete anos de fome, como José havia anunciado. Houve
então fome por toda parte, e só no Egito havia pão.
55. Depois chegou a fome em todo o Egito; e o povo, com grandes gritos,
pediu pão ao Faraó. Então o Faraó disse a todos os egípcios: “Vão a José, e
façam o que ele disser a vocês”.
56. Quando a fome cobriu toda a terra, José abriu os armazéns de trigo e
vendeu mantimento aos egípcios, enquanto no Egito a fome se alastrava.
57. De todos os países ia muita gente ao Egito para comprar mantimentos
de José, porque a fome se agravou por toda a terra.

[Gênesis 42]Gênesis 42

UM TESTE DE FRATERNIDADE
1. Jacó soube que havia mantimentos no Egito, e disse a seus filhos:
“Vocês, o que estão esperando?
2. Eu soube que no Egito há mantimentos para vender. Vão até lá e comprem
mantimentos para nós, a fim de continuarmos vivos e não morrermos”.
3. Dez dos irmãos de José desceram, então, ao Egito para comprar trigo.

4. Jacó não deixou que Benjamim, irmão de José, fosse com seus irmãos,
pois temia que lhe acontecesse alguma desgraça.
5. Os filhos de Israel foram com outros forasteiros comprar mantimentos,
pois havia fome em Canaã.
6. José tinha autoridade no país e era ele quem vendia os mantimentos
para todo mundo. Os irmãos de José chegaram e se prostraram diante dele com o
rosto por terra.
7. Ao ver seus irmãos, José logo os reconheceu, mas não se deu a
conhecer, e lhes falou duramente: “De onde vocês vêm?” Eles responderam: “Da
terra de Canaã, para comprar provisões”.
8. José reconheceu os irmãos, mas eles não o reconheceram.
9. José se lembrou, então, dos sonhos que tivera a respeito deles, e lhes
disse: “Vocês são espiões. Vocês vieram para observar os pontos fracos do país”.

10. Eles protestaram: “Não, meu senhor! Seus servos vieram para comprar
provisões.
11. Somos todos filhos do mesmo pai, e somos sinceros; seus servos não
são espiões”.
12. José, porém, insistiu: “Não, vocês vieram para observar os pontos
fracos do país”.
13. Eles responderam: “Éramos doze irmãos, filhos de um mesmo pai, na
terra de Canaã: o mais novo está agora com nosso pai e o outro desapareceu”.
14. José reafirmou: “É como eu disse: vocês são espiões!
15. Vou colocá-los à prova: pela vida do Faraó, vocês não sairão daqui se
primeiro não me trouxerem o seu irmão mais novo.
16. Mandem um de vocês buscar seu irmão, enquanto os outros ficarão
presos. Assim vocês provarão que suas palavras são verdadeiras. Caso contrário,
pela vida do Faraó, vocês comprovarão que são espiões”.
17. E durante três dias José os manteve presos.
18. Três dias depois, José disse a eles: “Eu temo a Deus; por isso, vocês
farão o seguinte para salvar a vida:
19. se vocês são sinceros, que um de vocês fique aqui preso e os outros
irão levar os mantimentos para suas famílias que passam fome.
20. Depois, vocês vão me trazer seu irmão mais novo: assim provarão que
estão dizendo a verdade, e não morrerão”. Eles aceitaram
21. e começaram a dizer entre si: “Estamos pagando o que fizemos com o
nosso irmão; nós vimos a sua aflição quando ele nos suplicava por piedade, e não
fizemos caso. Por isso é que está acontecendo para nós essa desgraça”.
22. Rúben interveio: “Eu não disse para vocês não cometerem uma falta
contra aquele menino? Mas vocês não me ouviram, e agora estão nos pedindo contas
do sangue dele”.
23. Eles não sabiam que José entendia o que eles estavam falando, pois
entre José e eles havia um intérprete.
24. Então José se afastou deles e chorou. Depois voltou e conversou com
eles. Em seguida, escolheu Simeão e o mandou acorrentar na presença deles.
25. José deu ordem para encher suas sacas de trigo e que pusessem nas
sacas o dinheiro que eles haviam pago, e lhes fornecessem provisões para o
caminho. E assim foi feito.
26. Eles carregaram as provisões sobre os jumentos e partiram.
27. De noite, no acampamento, um deles abriu a saca de trigo para dar
forragem ao seu jumento, e viu que o seu dinheiro estava na boca da saca de
trigo.
28. Então ele disse aos irmãos: “Devolveram o meu dinheiro! Está aqui na
saca de trigo”. Cheios de medo, eles se entreolharam tremendo, e disseram: “Que
é isso que Deus fez conosco?”
29. Chegando em casa de Jacó, na terra de Canaã, contaram ao pai tudo o
que havia acontecido com eles:
30. “O senhor do país nos falou com dureza e achou que éramos espiões em
seu país.
31. Nós lhe dissemos: ‘Somos sinceros, não somos espiões.
32. Nós éramos doze irmãos, filhos do mesmo pai; um de nós desapareceu e
o mais novo está agora com o nosso pai na terra de Canaã’.
33. Mas o senhor do país nos disse: ‘Vou saber que vocês são sinceros do
seguinte modo: deixem comigo um de seus irmãos, enquanto os outros levam os
mantimentos para suas famílias que passam fome.
34. Depois, vocês vão me trazer seu irmão mais novo e eu ficarei sabendo
se vocês são espiões ou não. Então eu devolverei o irmão de vocês, e vocês
poderão circular pelo país’ “.
35. Quando eles foram esvaziar as sacas, cada qual encontrou em sua saca
a bolsa de dinheiro. Vendo as bolsas de dinheiro, eles e o seu pai ficaram
assustados.
36. Então seu pai Jacó lhes disse: “Vocês estão me deixando sozinho: José
desapareceu, Simeão também, e agora querem levar Benjamim! Tudo se volta contra
mim!”
37. Mas Rúben disse ao pai: “O senhor pode matar meus dois filhos se eu
não lhe devolver Benjamim. Entregue-o a mim, e eu o trarei de volta”.
38. O pai respondeu: “Meu filho não descerá com vocês. Seu irmão morreu e
só me resta ele. Se lhe acontecer alguma desgraça na viagem que vocês vão fazer,
de tanta dor farão este velho de cabelos brancos descer ao túmulo”.

[Gênesis 43]Gênesis 43

SER IRMÃO É RESPONSABILIZAR-SE PELO OUTRO
1. A fome apertava no país.
2. Quando se acabaram as provisões que haviam trazido do Egito, Jacó
disse aos filhos: “Voltem lá para comprar mantimentos”.
3. Judá replicou: “Aquele homem nos declarou severamente: ‘Não se
apresentem diante de mim sem me trazer o seu irmão’.
4. Se o senhor deixar nosso irmão ir conosco, então desceremos e
compraremos mantimentos para o senhor.
5. Mas, se o senhor não o deixar, não desceremos, pois aquele homem nos
disse: ‘Não se apresentem diante de mim sem me trazer o seu irmão’ “.
6. Israel lhes disse: “Por que vocês me deram esse desgosto, contando
para aquele homem que vocês têm outro irmão?”
7. Eles responderam: “Aquele homem perguntou sobre nós e nossa família:
‘O pai de vocês ainda vive? Vocês têm outro irmão?’ E nós respondemos às
perguntas dele. Como poderíamos imaginar que ele fosse exigir que levássemos
nosso irmão?”
8. Então Judá disse a seu pai Israel: “Deixe o menino ir comigo, porque
indo poderemos salvar nossa vida; do contrário, morreremos todos: nós, o senhor
e nossos filhos.
9. Eu fico responsável por ele, e o senhor pedirá contas dele para mim:
se eu não o trouxer de volta e não o puser diante do senhor, serei culpado
diante do senhor durante toda a minha vida.
10. Se não tivéssemos demorado tanto, já estaríamos de volta pela segunda
vez”.
11. Então seu pai Jacó lhes disse: “Se é necessário, então façam assim.
Coloquem em suas bagagens os melhores produtos do país e levem como presente
para aquele homem: um pouco de bálsamo, um pouco de mel, especiarias, resina,
terebinto e amêndoas.
12. Levem com vocês o dobro do dinheiro para devolver o que foi posto nas
sacas, pois talvez tenha sido um descuido.
13. Tomem o irmão de vocês e voltem a visitar aquele homem.
14. Que o Todo-poderoso faça aquele homem ter compaixão de vocês, solte o
irmão de vocês e não prenda Benjamim. Quanto a mim, se eu tiver que ficar sem
meus filhos, paciência!”
15. Então eles tomaram consigo os presentes, dinheiro em dobro e
Benjamim, desceram ao Egito e se apresentaram a José.
16. Quando José viu seus irmãos com Benjamim, disse ao mordomo: “Leve
esses homens para minha casa, faça abater um animal e prepare-o, porque esses
homens vão almoçar comigo”.
17. O mordomo fez o que José mandou, e os levou para a casa de José.
18. Os homens ficaram com medo, porque estavam sendo conduzidos à casa de
José, e disseram: “Estão nos levando por causa do dinheiro que voltou em nossas
sacas de trigo na primeira vez: vão nos agarrar, cair sobre nós e nos tomar como
escravos com nossos jumentos”.
19. Eles se aproximaram do mordomo de José e lhe falaram na porta da
casa:
20. “Veja, senhor! Nós descemos uma vez aqui para comprar mantimentos.

21. Quando chegamos de noite ao acampamento, abrimos nossas sacas de
trigo e encontramos na boca das sacas o dinheiro que havíamos pago, e o
trouxemos de volta
22. com outra quantia igual para comprar mantimentos. Não sabemos quem
colocou o nosso dinheiro nas sacas de trigo”.
23. O mordomo respondeu: “Fiquem tranqüilos e não tenham medo. Foi o Deus
de vocês e o Deus do pai de vocês quem lhes colocou um tesouro nas sacas de
trigo. Eu recebi o dinheiro de vocês”. E levou Simeão até eles.
24. O mordomo os fez entrar na casa de José, levou água para que lavassem
os pés e deu forragem aos seus jumentos.
25. Eles prepararam o presente, esperando que José viesse ao meio-dia,
porque souberam que iam almoçar aí.
26. Quando José entrou em casa, eles lhe ofereceram o presente que tinham
consigo, e se prostraram por terra.
27. José, porém, saudou-os amigavelmente e perguntou: “Como está o velho
pai de vocês, de quem me falaram? Ele ainda vive?”
28. Eles responderam: “Seu servo, nosso pai, está bem. Ele ainda vive”. E
se inclinaram e se prostraram.
29. Erguendo os olhos, José viu seu irmão Benjamim, filho de sua mãe, e
perguntou: “É este o irmão mais novo, de quem vocês me falaram?” E disse a
Benjamim: “Que Deus lhe conceda graça, meu filho”.
30. Em seguida, José saiu depressa, porque ficou comovido por seu irmão,
e as lágrimas lhe vinham aos olhos. Entrou em seu quarto, e chorou.
31. Depois lavou o rosto, voltou e, contendo-se, ordenou: “Sirvam o
almoço”.
32. Serviram José à parte, os irmãos à parte, e de outro lado os egípcios
que comiam com ele, pois os egípcios não podem comer com os hebreus: isso seria
um sacrilégio.
33. Os irmãos estavam colocados diante de José, cada qual em seu lugar,
do mais velho ao mais novo: eles se olhavam espantados.
34. José lhes mandava porções de sua mesa, e a porção de Benjamim era
cinco vezes maior. Eles beberam e se alegraram em companhia de José.

[Gênesis 44]Gênesis 44

DEFENDER A FRATERNIDADE
1. José deu esta ordem ao mordomo: “Coloque tudo o que puder de
mantimentos dentro das sacas desses homens e ponha o dinheiro de cada um na boca
das sacas.
2. Na boca da saca do mais novo, junto com o dinheiro do trigo, coloque
também a minha taça, a taça de prata”. E o mordomo assim fez.
3. Ao amanhecer, os homens se despediram e partiram com seus jumentos.

4. Logo que eles saíram da cidade e ainda não estavam longe, José disse
ao mordomo: “Persiga esses homens e, quando os alcançar, diga a eles: ‘Por que
vocês pagaram o bem com o mal?
5. Por que roubaram a taça de prata que meu senhor usa para beber e fazer
adivinhações? Vocês se comportaram mal’ “.
6. O mordomo os alcançou e lhes repetiu isso.
7. Mas eles responderam: “Por que o meu senhor está falando assim? Seus
servos nunca fariam isso!
8. Veja! O dinheiro que tínhamos encontrado na boca das sacas de trigo,
nós tornamos a trazê-lo da terra de Canaã. Por que iríamos roubar ouro ou prata
da casa de seu amo?
9. Se o senhor encontrar a taça com um de seus servos, que ele morra e
nós nos tornaremos escravos de seu amo”.
10. O mordomo respondeu: “De acordo. Aquele com quem for encontrada a
taça será meu escravo, e os outros ficarão livres”.
11. Cada um colocou depressa sua saca de trigo no chão e a abriu.
12. O mordomo se pôs a examiná-los, começando pelo mais velho e
terminando pelo mais novo, e encontrou a taça na saca de Benjamim.
13. Então eles rasgaram as roupas, carregaram de novo os jumentos e
voltaram à cidade.
14. Judá e seus irmãos entraram na casa de José, que ainda estava ali, e
se prostraram por terra diante dele.
15. José lhes perguntou: “O que é que vocês fizeram? Vocês não sabiam que
uma pessoa como eu é capaz de adivinhar?”
16. Judá respondeu: “Que podemos responder ao nosso senhor? Como podemos
provar nossa inocência? Deus descobriu a falta de seus servos. Aqui estamos:
somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele nas mãos de quem foi
encontrada a taça”.
17. José, porém, disse: “Eu nunca faria isso! Aquele que estava com a
taça, será meu escravo. Quanto a vocês, podem voltar em paz para a casa do seu
pai”.
18. Então Judá se aproximou e disse: “Meu senhor, permita que seu servo
fale em sua presença com toda a franqueza, sem que sua cólera se acenda contra
seu servo, pois o senhor é como o próprio Faraó.
19. O senhor tinha perguntado a seus servos: ‘Vocês têm ainda pai ou
algum irmão?’
20. Nós respondemos ao senhor: ‘Temos um pai já velho e um irmão mais
novo, nascido em sua velhice; o irmão deste morreu e ele ficou sendo o único
filho de sua mãe. Nosso pai o ama demais!’
21. Então o senhor disse a seus servos: ‘Tragam-no para que eu o
conheça’.
22. Nós respondemos ao meu senhor: ‘O menino não pode deixar seu pai; se
ele se separar do pai, este morrerá’.
23. Mas o senhor insistiu com seus servos: ‘Se o irmão mais novo de vocês
não vier junto, vocês não serão recebidos por mim’.
24. Quando voltamos para junto de nosso pai, seu servo, nós lhe contamos
tudo o que o senhor falou.
25. E nosso pai nos disse: ‘Voltem para comprar um pouco de mantimento
para nós’.
26. E nós respondemos: ‘Mas não podemos descer, se nosso irmão mais novo
não for conosco; pois não seremos recebidos por aquele senhor, se nosso irmão
mais novo não for conosco’.
27. Então meu pai, seu servo, nos disse: ‘Vocês sabem que minha mulher só
me deu dois filhos.
28. Um me deixou e eu disse: Ele foi despedaçado! E nunca mais o vi até
hoje.
29. Se vocês tirarem também este de junto de mim e lhe acontecer alguma
desgraça, de tanta dor, vocês farão este velho de cabelos brancos descer ao
túmulo’.
30. Agora, pois, se eu chegar à casa de meu pai, seu servo, sem levar
comigo o menino, a quem ele ama com toda a sua alma,
31. logo que notar que o rapaz não está conosco, ele morrerá. E faremos
nosso pai, seu servo, de cabelos brancos, descer ao túmulo, de tanta dor.
32. E este seu servo se tornou responsável pelo rapaz junto de meu pai,
nestes termos: ‘Se eu não trouxer o menino de volta, serei culpado diante do
senhor durante toda a minha vida’.
33. Portanto, deixe que este seu servo fique escravo de meu senhor no
lugar do rapaz, e que ele possa voltar com seus irmãos.
34. Como poderia eu voltar à casa de meu pai sem ter comigo o rapaz? Não
quero ver a desgraça que cairia sobre meu pai”.

[Gênesis 45]Gênesis 45

DEUS AGE ATRAVÉS DAS SITUAÇÕES
1. Nesse momento, José não pôde mais se conter na presença de sua corte,
e ordenou: “Saiam todos!” E não havia mais ninguém, quando José se deu a
conhecer a seus irmãos:
2. começou a chorar tão alto que todos os egípcios ouviram, e a notícia
chegou à casa do Faraó.
3. José disse aos irmãos: “Eu sou José! Meu pai ainda está vivo?” Seus
irmãos, espantados, ficaram sem resposta.
4. Então José disse aos irmãos: “Cheguem mais perto de mim!” Eles se
aproximaram. José continuou: “Eu sou José, o irmão de vocês, aquele que vocês
venderam para o Egito.
5. Mas agora, não fiquem tristes nem se aflijam porque me venderam para
este país, pois foi para lhes preservar a vida que Deus me enviou na frente de
vocês.
6. De fato, há dois anos que a fome se instalou no país e ainda haverá
cinco anos sem semeadura e sem colheita.
7. Deus me enviou na frente de vocês, para que possam sobreviver neste
país, salvando a vida para uma libertação maravilhosa.
8. Portanto, não foram vocês que me mandaram para cá. Foi Deus. Ele me
tornou ministro do Faraó, administrador de todo o palácio e governador de todo o
Egito.
9. Subam depressa à casa do meu pai e digam a ele: ‘Assim fala seu filho
José: Deus me tornou senhor de todo o Egito. Desça sem demora para junto de mim;

10. o senhor habitará na terra de Gessen e ficará comigo: o senhor, seus
filhos, netos, ovelhas, bois e tudo o que lhe pertence.
11. Aí eu o sustentarei, a fim de que não falte mais nada ao senhor, à
sua família e a tudo o que possui, pois a fome ainda vai durar cinco anos.
12. Vocês estão vendo com os próprios olhos, e Benjamim também está
vendo, que sou eu quem lhes fala pessoalmente.
13. Contem a meu pai todo o poder que tenho no Egito e tudo o que vocês
viram, e tragam logo o meu pai para cá”.
14. Então José abraçou seu irmão Benjamim e chorou. Benjamim também
chorou abraçado a ele.
15. Em seguida, José cobriu de beijos todos os irmãos e, abraçando-os,
chorava. Só então seus irmãos começaram a conversar com ele.
16. A notícia de que os irmãos de José estavam no país chegou até o
palácio do Faraó, e o Faraó e seus ministros se alegraram.
17. O Faraó disse a José: “Diga a seus irmãos que carreguem os burros e
voltem para a terra de Canaã.
18. Tomem o pai e as famílias de vocês e voltem para cá. Eu lhes darei a
melhor terra do Egito, e eles poderão comer os melhores produtos do país.
19. Mande-os que levem do Egito carros para transportar as crianças, as
mulheres e seu pai, e venham para cá.
20. Não se preocupem com o que deixarem, pois tudo o que houver de melhor
na terra do Egito pertencerá a eles”.
21. Assim fizeram os filhos de Israel. José lhes deu carros, conforme as
ordens do Faraó, e também provisões para a viagem.
22. Além disso, deu mudas de roupa a cada um deles, mas a Benjamim deu
trezentas moedas de prata e cinco mudas de roupa.
23. Para seu pai, enviou dez jumentos carregados com os melhores produtos
do Egito e dez jumentas carregadas de trigo, pão e provisões para a viagem do
pai.
24. Quando os irmãos se despediram para partir, José lhes disse: “Não
briguem no caminho”.
25. Então eles subiram do Egito e chegaram à terra de Canaã, na casa de
seu pai Jacó.
26. E deram a notícia ao pai: “José está vivo e é o governador de toda a
terra do Egito”. Mas o pai ficou perplexo, pois não era capaz de acreditar.
27. Entretanto, quando eles repetiram tudo o que José lhes dissera e
quando ele viu os carros que José tinha mandado para buscá-lo, o coração de
Jacó, seu pai, se reanimou.
28. E Israel disse: “Agora chega! Meu filho José ainda está vivo. Vou
vê-lo antes de morrer”.

[Gênesis 46]Gênesis 46

ISRAEL IMIGRANTE NO EGITO
1. Israel partiu levando tudo o que possuía. Chegando a Bersabéia,
ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai Isaac.
2. Aí, numa visão noturna, Deus disse a Israel: “Jacó! Jacó!” Ele
respondeu: “Aqui estou”.
3. Deus continuou: “Eu sou El, o Deus de seu pai. Não tenha medo de
descer ao Egito, porque lá farei de você uma grande nação.
4. Eu descerei com você ao Egito e o farei voltar de lá. E José lhe
fechará os olhos”.
5. Jacó partiu de Bersabéia, e os filhos de Israel fizeram seu pai Jacó,
seus netos e suas mulheres subirem nos carros que o Faraó mandara para
buscá-los.
6. Tomaram seus rebanhos e tudo o que haviam adquirido na terra de Canaã,
e foram para o Egito,
7. Jacó e todos os seus descendentes com ele: filhos e netos, filhas e
netas e todos os seus descendentes, ele os levou consigo para o Egito.
8. Nomes dos filhos de Jacó que foram para o Egito: Rúben, o primogênito
de Jacó.
9. Filhos de Rúben: Henoc, Falu, Hesron e Carmi.
10. Filhos de Simeão: Jamuel, Jamin, Aod, Jaquin, Soar e Saul, o filho da
cananéia.
11. Filhos de Levi: Gérson, Caat e Merari.
12. Filhos de Judá: Her, Onã, Sela, Farés e Zara; mas Her e Onã morreram
na terra de Canaã. Filhos de Farés: Hesron e Hamul.
13. Filhos de Issacar: Tola, Fua, Jasub e Semron.
14. Filhos de Zabulon: Sared, Elon e Jaelel.
15. Até aqui são os descendentes que Lia e Jacó tiveram em Padã-Aram;
além desses, sua filha Dina: ao todo, trinta e três pessoas, entre filhos e
filhas.
16. Filhos de Gad: Safon, Hagi, Suni, Esebon, Eri, Arodi e Areli.
17. Filhos de Aser: Jamne, Jesua, Jessui, Beria, e a irmã Sara. Filhos de
Beria: Héber e Melquiel.
18. Esses são os filhos de Zelfa, a escrava que Labão deu à sua filha
Lia. Ela gerou dezesseis pessoas para Jacó.
19. Filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim.
20. Asenet, filha de Putifar, sacerdote de On, deu a José dois filhos no
Egito: Manassés e Efraim.
21. Filhos de Benjamim: Bela, Bocor, Asbel, Gera, Naamã, Equi, Ros,
Mofim, Ofim e Ared.
22. Esses são os filhos de Raquel, gerados para Jacó: são ao todo catorze
pessoas.
23. Filho de Dã: Husim.
24. Filhos de Neftali: Jasiel, Guni, Jeser e Selém.
25. Esses são os filhos de Bala, a escrava que Labão deu à sua filha
Raquel. Ela gerou para Jacó sete pessoas.
26. Os descendentes que foram com Jacó para o Egito, sem contar as noras,
eram ao todo sessenta e seis.
27. Acrescentando os dois filhos de José no Egito, a família de Jacó que
foi para o Egito era no total setenta pessoas.
28. Jacó enviou Judá na frente, para que ele se encontrasse com José e
preparasse um lugar em Gessen. Quando eles estavam chegando a Gessen,
29. José preparou o seu carro e foi ao encontro do seu pai Israel em
Gessen. Ao vê-lo, o abraçou e, ao beijá-lo, chorou.
30. Israel disse a José: “Agora posso morrer, depois que vi você vivo em
pessoa”.
31. Então José disse a seus irmãos e à família de seu pai: “Vou subir
para dar ao Faraó esta notícia: ‘Meus irmãos e a família de meu pai, que viviam
em Canaã, vieram para junto de mim.
32. São pastores de ovelhas que cuidam de rebanhos; trouxeram as ovelhas,
as vacas e tudo o que possuíam’.
33. Assim, quando o Faraó chamar vocês e perguntar: ‘Qual é a profissão
de vocês?’
34. então respondam: ‘Seus servos são pastores desde a juventude até
hoje, tanto nós como nossos pais’. Desse modo, vocês poderão ficar na terra de
Gessen, pois os egípcios detestam todos os pastores”.

[Gênesis 47]Gênesis 47

1. José foi levar ao Faraó a notícia: “Meu pai e meus irmãos chegaram da
terra de Canaã com suas ovelhas, vacas e tudo o que possuem, e estão na terra de
Gessen”.
2. José escolheu cinco de seus irmãos e os apresentou ao Faraó.
3. Este lhes perguntou: “Qual é a profissão de vocês?” Eles responderam:
“Seus servos são pastores de ovelhas, tanto nós quanto nossos pais”.
4. E acrescentaram: “Viemos morar neste país, porque não há mais pastagem
para os rebanhos de seus servos: a fome está assolando a terra de Canaã. Permita
que seus servos fiquem na terra de Gessen”.
5a. Então o Faraó disse a José:
6b. “Que eles morem na terra de Gessen. Se você conhece alguns deles que
são capazes, coloque-os como administradores de meus próprios rebanhos”.
5b. Quando Jacó e seus filhos chegaram ao Egito, o Faraó, rei do Egito,
ficou sabendo, e disse a José: “Seu pai e seus irmãos vieram encontrá-lo.
6a. A terra do Egito está à disposição de você: instale seu pai e seus
irmãos na melhor região”.
7. Então José fez vir seu pai Jacó, o apresentou ao Faraó, e Jacó saudou
o Faraó.
8. O Faraó perguntou a Jacó: “Quantos anos você tem?”
9. Jacó respondeu ao Faraó: “Cento e trinta são os anos de minhas
andanças pela terra. Os anos de minha vida foram poucos e infelizes, e não
chegam aos anos que meus pais viveram em suas andanças”.
10. Então Jacó saudou o Faraó e despediu-se dele.
11. A seguir, José instalou seu pai e seus irmãos e lhes deu propriedades
no Egito, na melhor região do país, que é a de Ramsés, conforme o Faraó lhe
havia mandado.
12. E José providenciou pão para seu pai, para seus irmãos e para toda a
família de seu pai, segundo o número de seus filhos.

POLÍTICA AGRÁRIA DE JOSÉ
13. Em todo o país faltava pão, pois a fome assolava e esgotava a terra
do Egito e de Canaã.
14. José acumulou todo o dinheiro que havia na terra do Egito e na terra
de Canaã, em troca dos mantimentos que eles compravam, e entregou todo o
dinheiro ao palácio do Faraó.
15. Quando se acabou o dinheiro da terra do Egito e da terra de Canaã,
todos os egípcios foram a José, pedindo: “Dê-nos pão ou morreremos aqui mesmo,
porque se acabou o nosso dinheiro”.
16. Então José falou: “Se o dinheiro de vocês acabou, tragam rebanhos, e
eu lhes darei pão em troca de seus rebanhos”.
17. Eles então levaram seus rebanhos a José, e este lhes deu pão em troca
de cavalos, ovelhas, bois e jumentos. E nesse ano José sustentou-os com pão em
troca de seus rebanhos.
18. Passado esse ano, eles voltaram a José no ano seguinte, dizendo: “Não
podemos esconder isso ao senhor: nosso dinheiro, o rebanho e os animais já
pertencem ao senhor. Só nos resta oferecer ao senhor nossos corpos e nossos
campos.
19. Por que iríamos perecer em sua presença, nós e nosso terreno? Compre,
portanto, a nós e nosso terreno em troca de pão, e nós e nossos terrenos seremos
servos do Faraó. Dê-nos sementes a fim de continuarmos vivos e não morrermos, e
que o nosso terreno não fique deserto”.
20. Então José comprou para o Faraó todos os terrenos do Egito, pois os
egípcios, forçados pela fome, venderam seus terrenos. Desse modo, todo o país
tornou-se propriedade do Faraó.
21. Quanto aos homens, o Faraó os tornou escravos de uma extremidade à
outra do território do Egito.
22. Somente as terras dos sacerdotes não foram compradas, pois os
sacerdotes recebiam uma renda do Faraó e viviam dessa renda que o Faraó lhes
dava. Por isso, não precisaram vender suas terras.
23. José disse ao povo: “Hoje eu comprei vocês e seus terrenos para o
Faraó. Aqui estão as sementes para semear nos terrenos.
24. Quando chegar a colheita, vocês deverão dar a quinta parte para o
Faraó; as outras quatro partes servirão para semear e para alimentar vocês, suas
famílias e seus filhos.
25. Eles responderam: “O senhor salvou nossa vida! Alcançamos o seu favor
e nos tornaremos escravos do Faraó”.
26. José fez disso uma lei, que ainda hoje vale para todos os terrenos do
Egito: a quinta parte da produção pertence ao Faraó. Somente as terras dos
sacerdotes não se tornaram propriedade do Faraó.

ÚLTIMAS DISPOSIÇÕES DE JACÓ
27. Israel estabeleceu-se na terra do Egito, na região de Gessen. Aí
adquiriu propriedades, multiplicou-se e tornou-se muito numeroso.
28. Jacó viveu dezessete anos no Egito, e a duração da sua vida foi de
cento e quarenta e sete anos.
29. Quando chegou para Israel a hora da morte, ele chamou seu filho José
e lhe disse: “Se tenho o seu afeto, coloque sua mão debaixo de minha coxa e
prometa tratar-me com amor e fidelidade: peço-lhe que não me enterre no Egito.

30. Quando eu descansar com meus pais, leve-me do Egito e me enterre no
túmulo deles”. José respondeu: “Farei o que o senhor está pedindo”.
31. Seu pai insistiu: “Jure-me!” E José jurou. Então Israel inclinou-se
na cabeceira da cama.

[Gênesis 48]Gênesis 48

1. Depois disso, disseram a José: “Seu pai está doente”. Então José tomou
consigo seus dois filhos, Manassés e Efraim.
2. Disseram a Jacó: “Aqui está seu filho José que veio visitá-lo”. Israel
fez um esforço e sentou-se na cama.
3. Então Jacó disse a José: “O Deus Todo-poderoso me apareceu em Luza, na
terra de Canaã. Ele me abençoou,
4. e disse: ‘Eu o tornarei fecundo e o multiplicarei, até que chegue a
ser uma assembléia de povos. E a seus descendentes eu darei esta terra como
posse perpétua’.
5. Agora, os dois filhos que nasceram de você no Egito antes que eu
viesse para morar com você, serão meus filhos. Efraim e Manassés serão para mim
como Rúben e Simeão.
6. Os que nascerem depois deles pertencerão a você, e receberão a herança
em nome de seus irmãos.
7. Quando eu voltava de Padã-Aram, para minha infelicidade sua mãe Raquel
morreu em viagem na terra de Canaã, a um bom trecho de Éfrata, e eu a enterrei
no caminho de Éfrata, que é Belém”.
8. Israel viu os dois filhos de José, e perguntou: “Quem são estes?”
9. José respondeu: “São os filhos que Deus me deu aqui”. Jacó disse:
“Traga-os aqui perto para que eu os abençoe”.
10. Israel estava com a vista fraca pela velhice e quase não enxergava.
José fez os filhos se aproximarem, e Israel os beijou e abraçou.
11. E Israel disse a José: “Eu não esperava mais vê-lo, mas Deus me
permitiu ver você e seus descendentes”.
12. Então José tirou os filhos do colo do pai e se prostrou com o rosto
por terra.
13. José pegou os filhos, Efraim à direita e Manassés à esquerda,
aproximou-se de Israel, para que Manassés ficasse à direita e Efraim à esquerda
de Israel.
14. Israel, porém, cruzou os braços, estendeu a mão direita e a colocou
sobre a cabeça de Efraim, que era o mais novo, e a mão esquerda sobre a cabeça
de Manassés, embora Manassés fosse o mais velho.
15. E os abençoou, dizendo: “Que o Deus, diante do qual caminharam meus
pais Abraão e Isaac, que o Deus que foi meu pastor desde o meu nascimento até
hoje,
16. que o Anjo que me salvou de todo o mal abençoe estas crianças. Que
nelas sobrevivam o meu nome e o nome de meus pais Abraão e Isaac. Que elas
cresçam e se multipliquem sobre a terra”.
17. José viu que seu pai tinha posto a mão direita sobre a cabeça de
Efraim, e não gostou. Pegou a mão do pai, retirou-a da cabeça de Efraim e a
colocou sobre a cabeça de Manassés,
18. explicando: “Não é assim, pai! O primogênito é este; coloque a mão
direita sobre a cabeça dele”.
19. Mas o pai recusou, dizendo: “Eu sei, meu filho, eu sei. Ele também se
tornará um povo e crescerá, mas seu filho mais novo será maior do que ele, e sua
descendência se tornará uma multidão de nações”.
20. Nesse dia, Jacó os abençoou desta maneira: “Israel se servirá de
vocês para abençoar, dizendo: ‘Deus torne você como Efraim e Manassés’ “. E Jacó
pôs Efraim antes de Manassés.
21. Em seguida, Israel disse a José: “Estou para morrer, mas Deus estará
com vocês e os levará de novo para a terra de seus pais.
22. A você, e não a seus irmãos, eu darei Siquém, que eu tomei dos
amorreus com minha espada e arco”.

[Gênesis 49]Gênesis 49

O FUTURO DO POVO DE ISRAEL
1. Jacó chamou seus filhos e disse: “Reúnam-se, para que eu lhes anuncie
o que vai acontecer a vocês no futuro.
2. Reúnam-se e escutem, filhos de Jacó, ouçam o seu pai Israel:
3. Rúben, você é o meu primogênito, minha força e primeiro fruto de minha
virilidade, primeiro na fila e primeiro em poder,
4. impetuoso como as águas: você não manterá a primazia, porque subiu à
cama de seu pai e violou o meu leito contra mim.
5. Simeão e Levi são irmãos. Suas espadas são instrumentos de violência.

6. Não quero assistir a seus conselhos, não participarei de sua
assembléia, pois na sua cólera mataram homens, e em seu capricho mutilaram
touros.
7. Maldita seja a cólera deles por seu rigor, maldito seu furor por sua
dureza. Eu os dividirei em Jacó e os dispersarei em Israel.
8. Judá, seus irmãos o louvarão. Você colocará a mão sobre a nuca de seus
inimigos, e diante de você se prostrarão os filhos de seu pai.
9. Judá é um leãozinho. Você voltou da caçada, meu filho; agacha-se e
deita-se como leão e como leoa: quem se atreve a desafiá-lo?
10. O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de comando do meio de
seus pés, até que o tributo lhe seja trazido e os povos lhe obedeçam.
11. Ele amarra a seu jumentinho junto à vinha, e o filhote de jumenta
perto da videira; lava sua roupa no vinho e seu manto no sangue das uvas.
12. Seus olhos são mais escuros do que o vinho, e seus dentes mais
brancos que o leite.
13. Zabulon reside à beira-mar: é um porto para os barcos, e sua
fronteira chegará até Sidônia.
14. Issacar é um jumento robusto, deitado entre dois muros.
15. Ele viu que o estábulo era bom e que a terra era agradável: baixou o
ombro sob a carga e sujeitou-se ao trabalho escravo.
16. Dã julga seu povo, e também as outras tribos de Israel.
17. Dã é uma serpente no caminho, uma víbora no atalho: morde o cavalo
nos calcanhares, e o cavaleiro cai para trás.
18. Em tua salvação eu espero, Javé!
19. Gad, os guerrilheiros o atacarão, e ele os atacará pelas costas.
20. Aser, seu pão é abundante e fornece delícias de reis.
21. Neftali é gazela solta que tem crias formosas.
22. José é potro selvagem, potro junto à fonte, burros selvagens junto ao
muro.
23. Os arqueiros os irritam, desafiam e atacam.
24. Mas o seu arco fica intacto e seus braços se movem velozes, pelas
mãos do Poderoso de Jacó, do Pastor e Pedra de Israel,
25. pelo Deus de seu pai que o socorre, pelo Todo-poderoso que o abençoa:
as bênçãos que descem do céu e as bênçãos do oceano em baixo, bênçãos das mamas
e dos seios.
26. As bênçãos de seu pai são superiores às bênçãos dos montes antigos e
às atrações das colinas eternas. Que elas venham sobre a cabeça de José, sobre a
fronte do consagrado entre os irmãos.
27. Benjamim é um lobo voraz: de manhã devora a presa, e à tarde reparte
os despojos.
28. Todos esses formam as doze tribos de Israel. E tudo isso foi o que
disse o pai deles ao abençoá-los; abençoou cada um com a bênção que convinha.

29. Depois Jacó ordenou a eles: “Quando eu me reunir com os meus,
enterrem-me com os meus pais na gruta do campo de Efron, o heteu,
30. na gruta do campo de Macpela, diante de Mambré, na terra de Canaã,
que Abraão comprou de Efron, o heteu, como propriedade sepulcral.
31. Aí foram enterrados Abraão e sua mulher Sara; aí também foram
enterrados Isaac e sua mulher Rebeca, e aí eu enterrei Lia.
32. O campo e a gruta que nele está foram comprados dos filhos de Het”.

33. Quando Jacó acabou de dar instruções aos filhos, recolheu os pés na
cama, expirou e se reuniu com seus antepassados.

[Gênesis 50]Gênesis 50

O EGITO NÃO É A TERRA PROMETIDA
1. José lançou-se sobre o rosto do pai, chorando e beijando.
2. Em seguida, ordenou aos médicos que estavam a seu serviço para
embalsamar seu pai; e os médicos embalsamaram Israel.
3. Isso durou quarenta dias, que é o tempo que costuma demorar o
embalsamamento. Os egípcios guardaram luto por setenta dias.
4. Quando terminou o tempo do luto, José disse aos cortesãos do Faraó:
“Se vocês são meus amigos, digam pessoalmente ao Faraó:
5. ‘Meu pai me fez prestar este juramento: Quando eu morrer, enterre-me
no túmulo que eu mandei cavar na terra de Canaã’. Portanto, deixe-me subir para
enterrar meu pai; depois, eu voltarei”.
6. O Faraó respondeu: “Suba e enterre seu pai conforme o juramento que
você fez”.
7. José subiu para enterrar seu pai e com ele foram todos os oficiais do
Faraó, os anciãos da corte e todos os dignitários da terra do Egito,
8. bem como toda a família de José, seus irmãos e a família de seu pai.
Deixaram na terra de Gessen somente as crianças, as ovelhas e os bois.
9. Com José subiram também carros e cavaleiros; era um cortejo muito
importante.
10. Chegando a Goren-Atad, no outro lado do Jordão, fizeram um funeral
grandioso e solene, e José guardou por seu pai um luto de sete dias.
11. Os cananeus, que habitavam na região, viram o luto em Goren-Atad, e
comentaram: “O funeral dos egípcios é solene!” Por isso, deram ao lugar o nome
de Luto do Egito, lugar esse que está no outro lado do Jordão.
12. Os filhos de Jacó fizeram o que ele havia ordenado:
13. levaram-no para a terra de Canaã e o enterraram na gruta do campo de
Macpela, diante de Mambré, campo que Abraão havia comprado de Efron, o heteu,
como propriedade sepulcral.
14. Então José voltou ao Egito junto com seus irmãos e todos os que o
acompanharam para enterrar seu pai.
15. Vendo que o pai havia morrido, os irmãos de José disseram: “E se José
guardou rancor contra nós e quer nos devolver todo o mal que lhe fizemos?”
16. Então mandaram dizer a José: “Antes de morrer, seu pai expressou esta
vontade:
17. “Digam a José: perdoe a seus irmãos o crime e o pecado que cometeram,
todo o mal que fizeram a você’. Portanto, perdoe o crime dos servos do Deus de
seu pai”. Ao ouvir o que eles mandaram dizer, José chorou.
18. Então chegaram os irmãos, prostraram-se diante de José e disseram:
“Aqui estamos. Somos seus escravos”.
19. José respondeu: “Não tenham medo. Por acaso eu estou no lugar de
Deus?
20. Vocês pretendiam o mal contra mim, mas o projeto de Deus o
transformou em bem, a fim de cumprir o que se realiza hoje: salvar a vida de um
povo numeroso.
21. Portanto, não tenham medo. Eu sustentarei vocês e seus filhos”. José
os tranqüilizou e lhes falou afetuosamente.
22. José viveu no Egito com a família de seu pai, e chegou aos cento e
dez anos.
23. Conheceu os filhos de Efraim até a terceira geração, e também os
filhos de Maquir, filho de Manassés, e os carregou no colo.
24. Por fim, José disse aos irmãos: “Estou para morrer, mas Deus cuidará
de vocês e os fará subir daqui para a terra que ele prometeu, com juramento, dar
a Abraão, Isaac e Jacó”.
25. E José fez os filhos de Israel jurarem: “Quando Deus intervier em
favor de vocês, levem meus ossos daqui”.
26. José morreu com cento e dez anos. E eles o embalsamaram e colocaram
num sarcófago no Egito.


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